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Lei 9.610/98 (Direitos Autorais)
Nosso subsídio (comentário da lição) não é o mesmo conteúdo da revista Betel Dominical Adultos, é apenas um texto de auxílio complementar referente aos tópicos e subtópicos da lição
Introdução
Texto de Referência :
Rute 1:14-18
14 - Então levantaram a sua voz e tornaram a chorar; e Orfa beijou a sua sogra, porém Rute se apegou a ela.
15 - Pelo que disse: Eis que voltou tua cunhada ao seu povo e aos seus deuses; volta tu também após a tua cunhada.
16 - Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me afaste de ti. Porque aonde quer que tu fores, irei eu; e onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus.
17 - Onde quer que morreres, morrerei eu, e ali serei sepultada; faça-me assim o Senhor, e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti.
18 - Vendo ela, pois, que de todo estava resolvida para ir com ela, deixou de lhe falar nisso.
1 - A Origem de Rute
Quem era Rute ?
Rute foi uma mulher moabita que se tornou uma das figuras mais admiráveis da Bíblia Sagrada, conhecida por sua fidelidade, fé e lealdade. A história dela está registrada no Livro de Rute, no Antigo Testamento.
Quem era os Moabitas ?
"Assim as duas filhas de Ló conceberam de seu pai. A mais velha teve um filho e pôs-lhe o nome de Moabe; este é o pai dos moabitas até hoje" (Gn 19:36-37).
Podemos notar que a origem dos Moabitas foi moralmente conturbada, mas isso não foi impeditivo para que se tornasse uma nação organizada.
A terra de Moabe era uma região fértil e montanhosa, com planícies adequadas para a agricultura e criação de gado.
A relação entre Israel e Moabe foi marcada por conflitos e tensões religiosas, vejamos:
(a) Quando os israelitas saíram do Egito, os moabitas recusaram ajuda e contrataram o profeta Balaão para amaldiçoá-los (Nm 22-24).
(b) Mais tarde, mulheres moabitas seduziram os israelitas levando-os à idolatria em Baal-Peor, o que trouxe juízo divino (Nm 25).
(c) Durante o reinado de Davi e outros reis, Moabe frequentemente lutou contra Israel, ora dominando, ora sendo dominado.
Os Moabitas adoravam o deus Quemós(ou Camos), mencionado em várias passagens bíblicas: "E Salomão edificou um altar a Quemós, abominação de Moabe..." (1Rs 11.7).
Essa idolatria os distanciava de Israel, que servia ao Deus verdadeiro, YHWH (Senhor).
Podemos considerar Moabe como uma nação idólatra, perversa e arrogante (Is 16.6). Em 2 Reis 3:26-27, o rei de Moabe, Mesa, sacrificou o seu próprio filho no muro da cidade para tentar obter vitória contra Israel. Nem todos Moabitas eram cruéis, Rute era um exemplo perfeito de uma moabita bondosa e leal que mais tarde tornou-se serve temente ao Deus de Israel.
Com o passar dos séculos, Moabe foi conquistada pelos babilônicos e, posteriormente, desapareceu como nação distinta.
1.1 - Rute, a companheira
O casal israelita, Elimeleque e Noemi juntamente com seus filhos haviam se mudado para Moabe por causa de uma grande fome em Belém de Judá.
Depois de algum tempo, Elimeleque e seus dois filhos morreram, deixando Noemi e suas Noras (Rute e Orfa) viúvas.
Quando Noemi decidiu voltar a Belém, ela orientou as noras a ficarem em Moabe. Orfa obedeceu, mas Rute tomou a decisão extraordinária, preferiu abandonar sua terra, seu povo e seus deuses para acompanhar Noemi e servir ao Deus de Israel.
Sua palavras ficaram marcadas na história bíblica: "Não me instes para que te deixe, e me afaste de ti; porque aonde quer que tu fores, irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, e o teu Deus é o meu Deus." (Rt 1.16).
1.2 - Uma história de Amizade
A história de Rute e Noemi vai além de uma simples Amizade, mesmo dentro de um contexto de falta de perspectiva ou garantias de futuro, nos traz lições preciosas sobre Fidelidade, Lealdade e Fé verdadeira em Deus.
1.3 - O Início da História
Conforme já vimos acima, ao tomar conhecimento que a situação de Belém de Judá havia melhorado, e o problema da fome já era uma situação do passado em Judá, Noemi decidiu voltar para sua terra, nesse contexto, Noemi teve uma atitude de grande amor, realismo e desprendimento ao oferecer a Rute e Orfa a opção de voltarem para suas famílias: "Ide, voltai cada uma à casa de sua mãe; o Senhor use convosco de benevolência, como vós usastes com os falecidos e comigo" (Rt 1.8).
A Lei do Levirato
A Lei do Levirato (do hebraico yibbum, "casamento do cunhado") era uma prática prevista na Lei de Moisés para proteger o nome e a herança das famílias em Israel: "Se irmãos morarem juntos, e um deles morrer, e não tiver filho, a mulher do falecido não se casará fora com homem estranho; seu cunhado virá a ela, e a tomará por mulher, e exercerá o levirato" (Dt 25.5-6).
Essa Lei tinha o propósito de:
(a) Preservar o nome e a herança do falecido dentro da família
(b) Garantir sustento e descendência à viúva
(c) Evitar que a terra da família fosse perdida.
Aplicação da Lei do Levirato no caso de Noemi
Noemi não tinha mais filhos vivos (Malom e Quiliom morreram).
Ela era idosa, e não poderia gerar novos filhos para que um dia casassem com as noras. Portanto, a Lei do Levirato não podia ser cumprida. Esse foi um dos motivos de Noemi dar a opção de suas noras retornarem aos seus pais: "Tornai, minhas filhas; por que iríeis comigo? Tenho eu ainda no meu ventre mais filhos, para que vos sejam por maridos? Tornai, filhas minhas, ide-vos, porque já sou velha demais para ter marido ... ainda que dissesse: Tenho esperança ... esperáreis por eles até que viessem a ser homens?" (Rt 1.11-13).
Noemi estava afirmando que não havia mais nenhum homem na família que pudesse casar-se com Rute e Orfa, conforme a Lei do Levirato (Lei do Resgatador), portanto não havia futuro com ela, melhor recomeçar suas vidas em Moabe.
Rute não escolheu o caminho mais fácil. Ela era moabita, jovem, e poderia ter recomeçado a vida em sua terra natal. Mas, por amor à sua sogra, decidiu acompanhá-la e cuidar dela, mesmo sem nenhuma garantia de futuro: "Não me instes para que te deixe, e me afaste de ti; porque aonde quer que tu fores, irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, e o teu Deus é o meu Deus." (Rt 1.16).
2 - Rute foi recompensada por sua Fidelidade
Rute não apenas escolheu seguir Noemi, ela escolheu seguir o Deus de Noemi. Isso é extraordinário, porque os moabitas eram um povo idólatra, que servia a Quemós e outros deuses pagãos. Mas Rute declarou: "O teu Deus será o meu Deus" (Rt 1.16). Ela estava abandonando os deuses de Moabe e se convertendo ao Deus verdadeiro de Israel. Sua Escolha foi, portanto, um ato de conversão e fé genuína.
2.1 - A Bênção da Lealdade
A lealdade de Rute é um dos aspectos mais belos e marcantes da sua história. Entre tantas virtudes dessa mulher moabita, sua lealdade brilha como uma joia rara em meio à dor, à perda e à incerteza: "Rute, porém, se apegou a ela" (Rt 1.14).
Rute foi fiel quando não havia vantagem, e essa fidelidade a conduziu ao plano redentor de Deus.
Rute teve Lealdade em meio à perda, ela não foi Leal apenas a Noemi, ela foi leal também ao Deus de Noemi.
Ela abandonou sua cultura, seus deuses e sua segurança para seguir o Deus de Israel. Sua lealdade humana estava enraizada em um fé espiritual sólida.
2.2 - Rute e Orfa
Falar de Orfa é tão importante quanto falar de Rute, porque as duas enfrentaram a mesma situação, mas tomaram decisões diferentes, e isso ensina muito sobre fé, escolhas e compromisso.
A Bíblia mostra que Orfa amava Noemi, e inicialmente quis segui-la. Mas, depois que Noemi insistiu para que voltassem às suas famílias, Orfa cedeu: "Então levantaram a sua voz, e tornaram a chorar; e Orfa, beijou a sua sogra; porém Rute se apegou a ela" (Rt 1:14). Esse versículo é muito revelador, vejamos :
Orfa beijou e partiu, um gesto de afeto, mas sem compromisso duradouro, sumiu da história.
Rute se apegou, gesto de fidelidade e perseverança.
A decisão de Orfa foi lógica e até compreensível:
(a) Ela estava voltando para sua família e sua cultura
(b) Em Moabe, teria chance de se casar novamente
(c) Não teria que enfrentar a pobreza e a rejeição em Israel
Mas, espiritualmente, ela voltava também aos deuses de Moabe, uma decisão humana, não de fé: "Eis que tua cunhada voltou ao seu povo e aos seus deuses, volta tu também após ela" (Rt 1.15).
O que aprendemos com Orfa ?
Orfa representa aqueles que têm bons sentimentos, mas não tomam decisões profundas de fé.
Ela não foi má, apenas voltou atrás diante das dificuldades.
Boas intenções não bastam, é preciso perseverar na fé até o fim.
As decisões espirituais exigem renúncia. Nem sempre o caminho mais fácil é o melhor.
Orfa escolheu a segurança do que conhecia, enquanto Rute escolher a fé no desconhecido.
Enquanto Orfa sumiu da história, Rute tornou-se ancestral de Davi e de Jesus.
Deus não condena Orfa, mas exalta a escolha de Rute, mostrando que a fé e a lealdade trazem recompensas eternas.
Aplicação Espiritual
Rute representa o coração que decide firmemente seguir a fé, mesmo sem garantias humanas.
Orfa representa muitos que:
(a) começam bem a caminhada com Deus, mas param no meio do caminho
(b) Têm afeto e simpatia pelo Evangelho, mas não se comprometem plenamente
(c) Amam, mas não se apegam; acreditam, mas não confiam até o fim.
2.3 - A Convicção de quem sabe o que quer
A motivação de Rute para não acatar o conselho de Noemi e permanecer com ela foi muito mais espiritual do que emocional.
Rute tomou uma decisão de fé, amor e aliança com Deus, não apenas por apego familiar.
Rute não pensava como uma moabita comum. Ela havia visto a fé de Noemi e de seu povo, e essa fé tinha tocado seu coração. Rute percebeu que o Deus de Israel era real e digno de confiança. Rute escolheu seguir a Deus, não apenas a sogra.
Rute havia conhecido o Deus vivo através da convivência com Noemi. Mesmo diante da dor e da perda, ela tinha a convicção que o Deus de Israel era o Deus Verdadeiro e que existia algo santo e verdadeiro na fé de sua sogra Noemi.
A convicção de Rute fez ela escolher a identidade da fé em vez da segurança da cultura.
Rute por certo não imaginava tudo o que viria depois, casar com Boaz, ser bisavó de Davi, e fazer parte da genealogia de Jesus, mas em seu coração, havia esperança de que Deus estava conduzindo sua história.
3 - O Remidor
O Remidor (em hebraico Goel) que significa resgatador, parente redentor ou vingador de sangue tinha um papel fundamental na estrutura familiar, social e espiritual de Israel.
No Tempo de Rute, o Remidor representava justiça, proteção familiar e preservação da herança.
O Remidor era um parente próximo com responsabilidades legais e morais perante a família. O papel do Remidor aparece em várias situações da Lei de Moisés. Eis as principais:
1) Resgatar Propriedades vendidas por necessidade
Se um israelita empobrecesse e tivesse que vender suas terras, um parente próximo deveria comprá-las de volta para que a herança da família não se perdesse: "Se o teu irmão empobrecer e vender alguma parte da sua possessão, então virá o seu parente mais chegado, o seu remidor (goel), e resgatará o que seu irmão vendeu" (Lv 25.25). O objetivo era manter a terra dentro da família, pois a herança era sagrada, um presente de Deus a cada tribo.
2) Resgatar Pessoas vendidas como servos
Se um israelita se vendesse como escravo por causa de dívidas, um parente poderia resgatá-lo, pagando o valor devido: "Depois de haver-se vendido, poderá ser remido; um de seus irmãos o poderá remir" (Lv 25.47-49). O Remidor restaurava a liberdade e a dignidade do parente.
3) Vingar o sangue do parente morto injustamente
O Goel haddam ("vingador de sangue) podia buscar justiça por um assassinato dentro da família: "O vingador do sangue matará o homicida; encontrando-o, o matará" (Nm 35.19). Essa era uma forma de preservar a justiça e a honra familiar na ausência de um sistema policial como o moderno.
4) Casar-se com a viúva do parente falecido (Lei do Levirato)
Se um homem morresse sem deixar filhos, o parente mais próximo poderia se casar com a viúva para gerar descendência em nome do falecido: "Se irmãos morarem juntos, e um deles morrer, e não tiver filho, a mulher do falecido não se casará fora com homem estranho; seu cunhado virá a ela, e a tomará por mulher, e exercerá o levirato" (Dt 25.5-6).
Essa é a parte mais importante para o contexto do livro de Rute, Boaz atuou como Remidor nesse sentido.
3.1 - Boaz, o Remidor
"E Boaz disse aos anciãos e a todo o povo: Vós sois hoje testemunhas de que comprei da mão de Noemi tudo o que pertencia a Elimeleque, a Quiliom e a Malom. E também tomo por mulher a Rute, a moabita, viúva de Malom, para suscitar o nome do falecido sobre a sua herança" (Rt 4.9-10).
No caso de Boaz, o papel remidor se aplicou da seguinte forma:
(1) Resgatar a propriedade de Elimeleque (marido de Noemi)
(2) Casar-se com Rute, a viúva, para preservar o nome e a herança da família.
Assim, Boaz age como o verdadeiro remidor :
(a) Redime a terra
(b) Preserva a linhagem familiar
(c) Protege as viúvas
(d) E mantém o nome de Elimeleque vivo em Israel
Boaz era um israelita rico, justo e piedoso, parente próximo de Elimeleque (marido falecido de Noemi), portanto, o remidor.
3.2 - Boaz e Rute
Ao chegar de Moabe nas terras dos Israelitas, Rute começa a colher espigas nos campos de Boaz para sustentar Noemi e a si mesma. Boaz percebe o caráter íntegro, de lealdade e fé da moabita Rute. Ele a protege e elogia, mostrando bondade e justiça: "Bem me foi contado tudo quanto fizeste à tua sogra, depois da morte de teu marido..." (Rt 2:11).
Boaz é parente de Elimeleque e, portanto, tem o direito e o dever de resgatar a herança da família e casar-se com a viúva (Rute), garantindo a preservação do nome e da propriedade.
Ele cumpre esse papel com integridade e respeito.
Boaz compra a terra de Elimeleque e pede formalmente para casar-se com Rute, observando a lei de Israel (Rt 4.1-10).
3.3 - A Recompensa de Rute e Noemi
Boaz resgata as Terras de Elimeleque para a viúva Noemi e também se casa com a viúva Rute, cumprindo seu papel de Remidor na integridade.
Boaz e Rute têm um filho chamado Obede, que será pai de Jessé e avô do rei Davi, e para finalizar, Rute, a moabita, se torna parte da genealogia de Jesus Cristo (Mt 1:5).
Comentário
Pr. Éder Tomé
Referências
[1] Bíblia Sagrada (ARC) – Sociedade Bíblica do Brasil - 4° edição - 2009
[2] Bíblia Sagrada King Jones – Atualizada – Fiel aos Originais
[3] Bíblia Sagrada (NTLH) - Linguagem de Hoje
[4] Revista Betel Dominical Adultos - 4T - 2025


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