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sábado, 22 de julho de 2023

Lição 5 - Obadias - O Juízo Divino Virá

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Nosso subsídio (comentário da lição) não é o mesmo conteúdo da revista Betel Dominical Adultos, é apenas um texto de auxílio complementar referente aos tópicos e subtópicos da lição.

Introdução

O texto de referência :

Obadias 1.1-4,21

1 - Visão de Obadias: Assim diz o Senhor Jeová a respeito de Edom: Temos ouvido a pregação do Senhor, e foi enviado às nações um embaixador, dizendo: Levantai-vos, e levantemo-nos contra ela para a guerra.

2 - Eis que te fiz pequeno entre as nações; tu és mui desprezado.

3 - A soberba do teu coração te enganou, como o que habita nas fendas das rochas, na sua alta morada, que diz no seu coração: Quem me derribará em terra?

4 - Se te elevares como águia e puseres o teu ninho entre as estrelas, dali te derribarei, diz o Senhor.

21 - E levantar-se-ão salvadores no monte de Sião, para julgarem a montanha de Esaú; e o reino será do Senhor.

1 - O Cenário da Mensagem do Profeta Obadias

1.1 - Conhecendo um pouco mais o profeta

Obadias serviu como profeta para Judá, acredita-se que foi contemporâneo de Jeremias, Ezequiel e Daniel por volta de 585 a.C.

Não se sabe muito da vida pessoal de Obadias, nada se sabe sobre sua família e em que tempo profetizou, visto que não foi revelado em qual reinado tenha vivido. O nome Obadias significa "servo do Senhor" ou "cultuador do Senhor", seu livro é o mais curto da Antigo Testamento, possui apenas 21 versículos.

Esboço do Livro de Obadias

Parte I

Versículos 1 - 9 : Orgulho e Destruição de Edom

Versículos 10 - 14 : Traição de Edom contra Judá

Versículo 15b : Condenação de Edom

Parte II

Versículos 15a - 16 : Julgamento das Nações

Versículos 17 - 18 : Volta e Restauração de Israel

Versículos 19 - 21 : Apêndice - Volta e Restauração de Israel

1.2 - A Mensagem do Profeta

Há duas datas comumente aceitas para sua profecia:

(1) entre 844 e 840 a.C quando os filisteus e os árabes fizeram uma aliança para atacar Jerusalém no reinado de Jeorão.

(2) em 597 a.C quando os babilônicos sob a liderança do rei Nabucodonosor destruíram Jerusalém.

Contexto histórico

Maioria dos estudiosos ficam com a segunda data, destacando o cenário onde Edom se alegrou com tragédia que caiu no reino de Judá culminando com a destruição da cidade de Jerusalém.

Acredita-se que Jeremias, Ezequiel, Daniel seja contemporâneo de Obadias, mesmo porque Jeremias também profetizou contra Edom (Jr 49.7-22) e Ezequiel (Ez 25.12-14).

Tema do Livro de Obadias

O Tema do Livro de Obadias é o julgamento Divino que virá contra Edom.

A postura de Edom frente a dor e sofrimento que sobreveio ao reino de Judá desagradou muito a Deus, e Deus avisou pela boca de Obadias que haveria o dia do juízo para Edom :

"Porque o dia do Senhor está perto, sobre todas as nações; como tu fizeste, assim se fará contigo; a tua maldade cairá sobre a tua cabeça" (Ob 1.15)

Esequias Soares: Obadias mostra que a lei da semeadura e o princípio da retribuição constituem uma realidade da qual ninguém escapará [8]

1.3 - Deus comanda a História

"Visão de Obadias: Assim diz o Senhor Jeová a respeito de Edom: Temos ouvido a pregação do Senhor, e foi enviado às nações um embaixador, dizendo: Levantai-vos, e levantemo-nos contra ela para a guerra" (Ob 1)

O primeiro versículo do livro de Obadias já revela o destinatário da profecia: Edom. Deus haveria de julgar Edom por seus atos frente ao povo de Deus (Judá), muitas nações se levantariam contra Edom sobre o comando de Deus, Ele é que comanda a história, Ele moveria reis e nações para guerrear contra Edom, povo soberbo.

Da mesma maneira como Edom foi destruída e desapareceu, como nação, também Deus destruirá as pessoas soberbas e ímpias. [6]

Esequias Soares: "Assim diz o Senhor Jeová a respeito de Edom" - Esta chancela destaca a soberania de Deus sobre os povos e reis da terra. Apesar de Edom não ser reconhecido como povo de Deus, o Eterno tinha legítima autoridade sobre ele. [8]

Esequias Soares: "temos ouvido a pregação" - Esta expressão parece indicar que Obadias falava em nome de outros profetas (Jr 49.14). Ele ouviu o oráculo divino e soube de um embaixador que fora enviado aos povos vizinhos para ajuntá-los em guerra contra Edom. Tal embaixador não era profeta, mas um diplomata de alguma nação inimiga dos edomitas. [8]

2 - O Pecado de Edom

Como já mencionado, o povo de Edom, ou os edomitas, se alegraram com a destruição de Jerusalém, se alegraram com a dor e o sofrimento do povo de Judá, e isso foi um pecado grande diante dos olhos de Deus, pois mostrou o tamanho do ódio, da orgulho e da crueldade para com o povo de Deus (Judá), e essa manifestação desses sentimentos não tinha sido a primeira vez.

Origem dos Edomitas

Esequias Soares: Os edomitas eram descendentes de Esaú. Por causa do guisado que Jacó usou para comprar de Esaú a sua primogenitura, o nome da tribo passou a ser "Edom" que, em hebraico, significa "vermelho" : "e disse Esaú a Jacó: Deixa-me, peço-te comer desse guisado vermelho, porque estou cansado. Por isso se chamou Edom" (Gn 25.30). Eles povoaram o monte Seir (Gn 33.16; 36.8,9,21) e, rapidamente, transformaram-se em uma poderosa nação (Gn 36.1-43); Êx 15.15; Nm 20.14). [8]

Edom

Edom era a nação vizinha de Judá, ao Sul. Mas os vizinhos nem sempre são amigos, e Edom não gostava de nada em Judá. Nessa época, a capital de Edom era Sela (talvez a cidade que posteriormente veio a se chamar Petra), uma cidade considerada impenetrável, porque estava construída em penhascos rochosos e inserida em um cânion em que só era possível entrar por uma passagem estreita. O que Edom julgava que fossem suas qualidades acabariam sendo sua queda:

(1) Segurança da Cidade (Ob 3-4) - Deus os arremessaria das alturas.

(2) Orgulho de sua autossuficiência (Ob 4) - Deus os humilharia.

(3) Riqueza (Ob 5-6) - ladrões roubariam tudo o que tinham

(4) Aliados (Ob 7) - Deus faria com que eles se voltassem contra Edom

(5) Sabedoria (Ob 8-9) - Os sábios seriam destruídos [6]

2.1 - A Punição de Edom

"A soberba do teu coração te enganou, como o que habita nas fendas das rochas na sua alta morada, que diz no seu coração: Quem me derribará em terra?" (Ob 3)

De acordo com o Comentário Bíblico Beacon, Edom era uma nação rodeada de montanhas, só tinha uma passagem de 3,5 metros de acesso, era muito protegida. Essa posição geográfica, tornou Edom uma nação arrogante, pois tinha segurança, tinham aliados, tinham riquezas, suas terras eram férteis, os edomitas eram grandes produtores de trigo, uva, figo, romã e azeitona.

Assim, os edomitas habitavam literalmente nas fendas das rochas, cuja posição era praticamente impenetrável e inconquistável. Por muitas gerações tinham vivido seguros. nenhum inimigo conseguira entrar pelos caminhos estreitos dos desfiladeiros que conduziam às principais cidades talhadas nas pareces rochosas das montanhas. [a despeito de todos esses recursos] Os julgamentos de Deus tinham de ser severos [...] A nação seria totalmente devastada. Os descendentes de Esaú, seriam reduzido a nada [10]

O desprezo e contentamento dos Edomitas frente a desgraça do povo de Judá, teriam serias consequências, a história mostra que Edom foi reduzida a nada :

2.2 - A Violência agrava os Conflitos

Já dizia um pensador: "Violência gera violência, os fracos julgam e condenam, porém os fortes perdoam e compreendem".
Jacó enganou Esaú e fugiu para não ser morto pelo irmão, mais adiante vemos o reencontro, o abraço, e o perdão. A situação foi resolvida !
Todavia, o ódio dos descendentes de Esaú (Edom) para com seus irmãos (povo de Israel) permaneceu enraizado em seus corações, as manifestações evidenciadas no tempo de Obadias não tinha sido a primeira vez :
"Depois Moisés, de Cades, mandou mensageiros ao rei de Edom, dizendo: Assim diz teu irmão Israel: Sabes todo o trabalho que nos sobreveio. Deixa-nos, pois, passar pela tua terra; não passaremos pelo campo, nem pelas vinhas, nem beberemos a água dos poços; iremos pela estrada real; não nos desviaremos para a direita nem para a esquerda, até que passemos pelos teus termos" (Nm 20.14,17)
Esequias Soares: eu rei negou passagem por seu território, quando os filhos de Jacó saíram do Egito e peregrinavam no deserto a caminho da Terra Prometida. Mesmo assim, Deus ordenou aos israelitas que tratassem os edomitas como a irmãos (Dt 23.7). Contudo, o ódio de Edom contra Israel cresceu e atravessou séculos. [8]

2.3 - Judá será Restaurada

Vamos ler o texto de Obadias :
17 - Mas, no monte Sião haverá livramento; e ele será santo; e os da casa de Jacó possuirão as suas herdades.
18 - E a casa de Jacó será fogo; e a casa de José, chama; e a casa de Esaú, palha; e se acenderão contra eles e os consumirão; e ninguém mais restará das casa de Esaú, porque o SENHOR o disse.
21 - E subirão salvadores ao monte Sião, para julgarem o monte de Esaú, e o reino será do Senhor.

A nação de Edom era inacessível aos homens, porém, era acessível para Deus soberano: "Eis que te fiz pequeno entre as nações" (ob 2).
Deus realmente "resiste aos soberbos, dá, porém, graças aos humildes" (Tg 4.60).
Esequias Soares: A profecia de Obadias indica o cumprimento certeiro da ameaça quanto à sucessão dos dias e das noites. Ou seja, o fato é descrito como já realizado, pois Deus reduzirá (como de fato, reduziu) Edom a um povo insignificante e desprezível entre as nações, até que este veio a desaparecer [8]

No versículo 18, vemos que Edom será reduzida a nada. Deus levanta Israel (casa de Jacó) como fogo e Judá (casa de José, pai de Efraim) como chama [8], reunificando esses reinos, que se acenderão provocando a destruição total de Edom (palha), acabando com a soberba e o ódio contra os seus irmãos, eis aqui o cumprimento do princípio da retribuição que está na lei de Moisés (Êx 21.23-25; Lv 24.16-22; Dt 19.21) e se confirma no princípio da semeadura no Novo Testamento : "Não se deixem enganar: ninguém pode zombar de Deus. A pessoa sempre colherá aquilo que semear. Quem vive apenas para satisfazer sua natureza humana colherá dessa natureza ruína e morte. Mas quem vive para agradar o Espírito colherá do Espírito a vida eterna" (Gl 6.7-9).

Enquanto Edom será levada a ruína definitiva, Jesus Cristo irá restaurar a nação de Israel e reinará como Rei em todas as nações:
"Os reinos do mundo vierama ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e Ele reinará para todo o sempre" (Ap 11.15)

3 - Obadias para Hoje

"Então Esaú correu-lhe ao encontro e abraçou-o, lançou-se sobre o seu pescoço e beijou-o; e choraram" (Gn 33.4]
Bom seria se os descendentes de Esaú (Povo de Edom) tivessem perdoado também os descendentes de Jacó (povo de Israel), nações que eram irmãs, todavia, o caminho escolhido pelo povo de Edom, foi o caminho do ódio, da soberba e da crueldade para com seus irmãos. Preferiram o caminho da rivalidade ao invés do amor e da paz.

3.1 - A Lei da Semeadura e Retribuição

Salomão escreveu: "O que semeia a injustiça segará males" (Pv 22.8), profeta Oséias profetizou: "porque semeiam ventos e segarão tormentas" (Os 8.7), apostolo Paulo escreveu: "... pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará" (Gl 6.7).
Eis aqui a Lei da Semeadura e Retribuição, colhemos o que plantamos.
Edom não deu credito a Lei da Semeadura e Retribuição e por isso foram destruídos, esse povo sofreu as devidas consequências das maldades feitas ao povo de Deus, sua escolha resultou em uma justa retribuição:
"... toda a transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição" (Hb 2.2).

3.2 - O Dia do Senhor

"Porque o dia do Senhor está perto, sobre todas as nações; como tu fizeste, como tu fizeste, assim se fará contigo; a tua maldade cairá sobre a tua cabeça" (Ob 15)
O "Dia do Senhor" ou o "Dia da justiça divina" chegará as nações, Edom será colocada na balança e se verá as suas maldades, aqui o profeta anuncia a grande lei da retribuição de Deus no dia de um julgamento justo. A nação de Edom será avaliada segundo a regra do julgamento de Deus. No dia da tragédia que se abateu sobre Judá, a alegria dos edomitas haviam os classificado entre os inimigos do povo de Deus. Está chegando o tempo designado por Deus para a punição, o castigo chegará no seu devido tempo.

3.3 - O Alerta de Obadias

Como estudamos, Deus usa Obadias para alertar Edom sobre seus pecados de orgulho e crueldade como causa de sua destruição e também profetizar a justificação e restauração de Judá.

Deus não proferiu esses duros juízos contra Edom por vingança, mas para fazer justiça. Deus é moralmente perfeito e exige justiça e imparcialidade total. Os edomitas estavam simplesmente recebendo o que mereciam. Não se convença a pecar, pensando que "ninguém saberá" ou "eu não serei descoberto". Deus conhece todos nossos pecados, e Ele agirá com justiça. [6]

"Por causa da violência feita a teu irmão Jacó, cobrir-te-á a confusão e serás exterminado para sempre. No dia em que o confrontaste, no dia em que estranhos levaram cativo o seu exército e os estrangeiros pelas suas portas, e lançaram sortes sobre Jerusalém, tu eras também como um deles." (Ob 10-11)

Os israelitas eram descendentes de Jacó e os edomitas, de seu irmão Esaú (Gn 25.19-26). Em vez de ajudar Israel e Judá, quando essas nações estavam em necessidade, Edom havia permitido que elas fossem destruídas e até mesmo havia saqueado o que fora deixado para trás. Edom, portanto, agiu como um inimigo, e deveria ser punida. Quem quer que não ajude o povo de Deus é inimigo de Deus. Se você negou ajuda a alguém em um momento de necessidade, isso é pecado (Tg 4.17). O pecado inclui não apenas o que fazemos, mas também o que recusamos a fazer. Não ignore nem se recuse a ajudar os necessitados. [6]

Comentário

Pr. Éder Tomé

Referências

[1] Bíblia Sagrada (ARC) – Sociedade Bíblica do Brasil - 4° edição - 2009

[2] Bíblia Sagrada King Jones – Atualizada – Fiel aos Originais

[3] Bíblia Sagrada (NTLH) - Linguagem de Hoje

[4] Revista Betel Dominical Adultos - 3T - 2023

[5] versículoscomentados.com.br

[6] Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal - CPAD

[7] Apostila Profetas Menores - Universidade da Bíblia - Pág.15

[8] Revista Lições Bíblicas - CPAD - 2012 - 4T - Pág.6-8

[9] Apostila Profetas Menores - CETADEB - Pág. 17

[10] Comentário bíblico Beacon - Vol 5 - pág 131-132

sábado, 15 de julho de 2023

Lição 4 - Amós - É tempo de buscar ao Senhor de todo o Coração

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Introdução

O texto de referência :

Amós 7.7-9,14,15

7 - Mostrou-me também assim: eis que o Senhor estava sobre um muro levantado a prumo, e tinha um prumo na sua mão.

8 - E o Senhor me disse: Que vês tu, Amós? E eu disse: Um prumo. Então disse o Senhor: Eis que eu porei o prumo no meio do meu povo Israel; nunca mais passarei por ele.

9 - Mas os altos de Isaque serão assolados, e destruídos os santuários de Israel; e levantar-me-ei com a espada contra a casa de Jeroboão.

14 - E respondeu Amós, e disse a Amazias: Eu não era profeta, nem filho de profeta, mas boieiro, e cultivador de sicômoros.

15 - Mas o Senhor me tirou de após o gado, e o Senhor me disse: Vai e profetiza ao meu povo Israel.

1 - O Cenário da Mensagem do Profeta Amós

1.1 - Sobre o Profeta Amós

"As palavras de Amós, que estava entre os pastores de Tecoa, as quais viu a respeito de Israel, nos dias de Uzias, rei de Judá, e nos dias de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel, dois anos antes do terremoto" (Am 1.1)

Esequias Soares: Amós era originário de Tecoa, aldeia situada a 17 quilômetros ao sul de Jerusalém e exerceu o seu ministério durante o reinados de Uzias, rei de Judá, e de Jeroboão II, filho de Joás, rei de Israel. Foi, de acordo com a tradição judaico-cristã, contemporâneo de Oséias, Jonas, Isaías e Miquéias, no período assírio. [8]

"E respondeu Amós, dizendo a Amazias: Eu não sou profeta, mas boiadeiro, e cultivador de sicômoros" (Am 7.14)

Esequias Soares: Apesar de ser apenas um camponês de Judá, boiadeiro e cultivador de sicômoros e de não fazer parte da escola dos profetas, foi enviado por Deus a profetizar em Betel, centro religioso do Reino do Norte (Am 4.4). [8]

1.2 - A Rejeição sofrida por Amós

Vamos ler o texto de Am 7.10-13 :

10 - Então Amazias, o sacerdote de Betel, mandou dizer a Jeroboão, rei de Israel: Amós tem conspirado contra ti, no meio da casa de Israel; a terra não poderá sobre todas as suas palavras.

11 - Porque assim diz Amós: Jeroboão morrerá à espada, e Israel certamente será levado para fora de sua terra em cativeiro.

12 - Depois Amazias disse a Amós: Vai-te, ó vidente, e foge para a terra de Judá, e ali come o pão, e ali profetiza;

13 - Mas em Betel daqui por diante não profetizes mais, porque é o santuário do rei e casa real.

Podemos notar claramente no texto lido que Deus enviou Amós como profeta no reino do norte (Israel) sobre o reinado de Jeroboão, e lá enfrentou oposição do sacerdote Amazias que estava alinhado politicamente ao rei Jeroboão. Amazias era um sacerdote idólatra que havia sido estabelecido pelo rei (não era da tribo de Levi) para manter a adoração dos bezerros de ouro de Jeroboão.

Amazias não foi capaz de suportar a mensagem do profeta Amós, por isso queria impedir o profeta Amós de profetizar em Israel, fez essa tentativa jogando o rei Jeroboão contra o profeta Amós de forma mentirosa (Amós não profetizou diretamente contra o rei Jeroboão, mas contra sua família ou posteridade), e na sequência expulsou o profeta de Israel, sugerindo que fosse profetizar em Judá, no reino do Sul.

Joseph Benson : Amazias era um sacerdote não da tribo de Levi, mas um daqueles que Jeroboão I, havia consagrado para realizar os serviços idólatras de Betel. Amós como profeta de Deus, denunciou a destruição contra o reino e ameaçou a casa de Jeroboão (1Rs 12.31). [5]

1.3 - A Resposta do Profeta Amós

Vamos ler o texto de Am 7.14-17 :

14 - E respondeu Amós, dizendo a Amazias: Eu não sou profeta, nem filho de profeta, mas boiadeiro, e cultivador de sicômoros.
15 - Mas o Senhor me tirou de seguir o rebanho, e o Senhor me disse: Vai, e profetiza ao meu povo Israel
16 - Agora, pois, ouve a palavra do Senhor: Tu dizes: Não profetizes contra israel, nem fales contra a casa de Isaque.
17 - Portanto assim diz o Senhor: Tua mulher se prostituirá na cidade, e teus filhos e tuas filhas cairão à espada, e a tua terra será repartida a cordel, e tu morrerás na terra imunda, e Israel certamente será levado cativo para fora da sua terra.

No texto vemos a defesa de Amós frente a Amazias. Amós que não era profeta, dizia que era um boiadeiro e agricultor, mas Deus o impediu de continuar o que estava fazendo, para trazer a Sua mensagem para a nação de de Israel, e ele estava cumprindo a comissão sob a autoridade de Deus.

Jerônimo: "Como então os apóstolos, quando os escribas e fariseus os proibiram de ensinar em Nome de Jesus, responderam: 'Devemos obedecer a Deus em vez de ao homem' (At 5.29), então, Amós quando proibido por Amazias de profetizar, mostrou que ele temia a Deus, corajosamente entrega a mensagem ao povo de Israel e ao rei Jeroboão, e também a mensagem de punição a Amazias que se esforçou para proibir e impedir a palavra de Deus" [5] (Am 7.17).

2 - A Essência da Mensagem

A mensagem profética de Amós é dirigida ao povo de Israel (reino do norte) e seus líderes.

Esequias Soares: Do capítulo 1 ao 6 temos a parte que consiste nos oráculos (profecias) e do capítulo 7 ao 9 temos a parte que consiste nas visões. O discurso de Amós é um ataque direito às instituições de Israel, confrontando os males que assolavam os fundamentos sociais, morais e espirituais da nação de Israel. O assunto do livro é a justiça de Deus. O discurso fundamenta-se em denúncias e ameaças de castigo, terminando com a restauração futura de Israel (Am 9.11-15). Amós é citado no Novo Testamento (Am 5.25,25 ver At 7.42,43 e Am 9.11,12 ver At 15.16-18) [8]

2.1 - A Justiça de Deus

Como já lemos em Am 7.10-14, o Reino do Norte (Israel) estava sendo governado por maus políticos, se não bastasse a idolatria, a nação estava sendo governada por líderes com pouco senso de justiça social, e a mensagem dada por Deus ao profeta Amós era contra as injustiças sociais que imperava em Israel. Lembrando que no Reino do Sul (Judá) também havia injustiças sociais, e Deus também estava usando os profetas Isaías, Sofonias e Miquéias com o mesmo teor de mensagem profética.

"Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Israel, e por quatro, não retirarei o castigo, porque vendem o justo o justo por dinheiro e o necessitado por um par de sapatos" (Am 2.6)

Esequias Soares: Amós condena o preconceito e a indiferença dos mais abastados no trato aos carentes do povo, que veem seus direitos serem violados. Vender os próprios irmãos pobres por um par de sandálias é algo chocante. Tal ato, que atenta contra a dignidade humana, demonstra a situação de desprezo dos poderosos em relação aos menos favorecidos. Uma vez que as autoridades e os poderosos aceitavam subornos para torcer a justiça contra os pobres, o profeta denuncia esse pecado mais de uma vez (Am 8.4-6). [8]

"suspirando pelo pó da terra, sobre a cabeça dos pobres, pervertem o caminho dos mansos e um homem e seu pai entram à mesma moça, para profanarem o meu santo nome" (Am 2.7)

Vemos aqui a situação espiritual caótica em que viviam as pessoas, se não bastasse a idolatria, a imoralidade, libertinagem e a concupiscência da carne também imperava de forma gigantesca, tudo parecia normal e lícito, ao ponto de uma pai e um filho se relacionarem sexualmente com a mesma mulher.

"Odeio, desprezo as vossas festas e as assembleias solenes não me exalarão bom cheiro." (Am 5.21)

Esequias Soares: Os cânticos faziam parte das assembleias solenes. No entanto, eles perdem o valor espiritual quando não há arrependimento sincero. A verdadeira adoração, porém, não consiste em rituais externos ou em cerimônias formais [...] a ideia principal de todas é de devoção reverente, serviço sagrado e honra a Deus, tanto de maneira pública como individual [8]

"E ainda que me ofereçais holocaustos, ofertas de manjares, não me agradarei delas; nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos" (Am 5.23)

Os cultos de adoração eram sem vida, sem espiritualidade, pois escondia uma falsa aparência. A falsa religiosidade não agrada ao Senhor, de que adianta oferecer holocaustos, ofertas de manjares e desagradar a Deus desobedecendo a sua Palavra ? No tempo do profeta, juiz e sacerdote Samuel, veio a Palavra de Deus sobre essa questão :

"Samuel, porém, respondeu: "Acaso tem o Senhor tanto prazer em holocaustos e em sacrifícios quanto em que se obedeça à Sua Palavra? A obediência é melhor do que o sacrifício, e a submissão é melhor do que a gordura de carneiros" (1Sm 15.22)

Esequias Soares: O genuíno sacrifício para Deus é o espírito quebrantado e o coração contrito (Sl 51.17) [8]

2.2 - Deus exige retidão e justiça do Seu povo

Havia falta de retidão e justiça e Deus estava exigindo através da mensagem profética, uma retratação quanto a essas questões, embora que não haveria possibilidade de suspender a Sua ira devido tal gravidade das transgressões.

2.3 - A Necessidade do Verdadeiro Arrependimento

Assim que rei Salomão morreu, rei Roboão ocupou o seu lugar (1Rs 11.43), todavia, esse ao se recusar a diminuir os impostos, lançados pelo seu pai que cobrava impostos muito pesados (1Rs 12.4), fez dessa recusa o principal motivo pela divisão da nação de Israel em dois reinos.
O reino do sul (Judá - capital Jerusalém) ficou sob a liderança do rei Roboão, e o reino do norte (Israel - capital Samaria) ficou sob a liderança do rei Jeroboão I que não era descendente de Davi.
Tanto o reinado de Jeroboão I e Jeroboão II no reinado de Israel foram longos e prósperos, mais espiritualmente e moralmente decadentes, a saber:

Decadência Social
Vendia-se os irmãos pobres por valores insignificantes como um par de sandálias, os mais abastados infligiam o povo, aceitavam subornos para se tornarem injustos em relação aos menos favorecidos.

Decadência Moral
Se não bastasse a tolerância a todo tipo de imoralidade sexual, faziam uso do dinheiro sujo de suborno para financiar a prostituição.

Decadência Religiosa
Havia a prática do culto pagão, em templos pagãos por sacerdotes que não eram da tribo de Levi, nomeados pelo rei idolatra Jeroboão.
Esequias Soares: Amós encerra a denúncia a essa série de pecados, condenando a idolatria, a cobrança indevida de taxas e a malversação dos impostos no culto pagão e nos banquetes em honra aos deuses. [8]

Portanto, o reinado de Jeroboão I foi marcado pela idolatria, no intuito de afastar os israelitas que vivam no reino do norte de irem para o reino do sul (Judá) para adorar a Deus em Jerusalém, construiu bezerros de ouro e edificou altares em Dã e Betel:
"Jeroboão pensou: O reino agora provavelmente voltará a dinastia de Davi. Se este povo subir a Jerusalém para oferecer sacrifícios no templo do Senhor, novamente dedicarão sua lealdade ao senhor deles, Roboão, rei de Judá. Eles vão me matar e vão voltar para o rei Roboão. Depois de aconselhar-se, o rei fez dois bezerros de ouro e disse ao povo: Vocês já subiram muito a Jerusalém. Aqui estão os seus deuses, ó Israel, que tiraram vocês do Egito. Mandou pôr um bezerro em Betel e outro em Dã. E isso veio a ser pecado , pois o povo ia até Dã para adorar aquele bezerro" (1Rs 12.26-30)
No tempo de Moisés, Deus já tinha alertado sobre as consequências da idolatria: "Porém se o teu coração se desviar e não quiseres dar ouvidos, e fores seduzido para te inclinares a outros deuses e os servires, então eu vos declaro hoje que, certamente, perecereis ..." (Dt 30.17-18).

Amós diante desse cenário terrível clama a misericórdia de Deus como um mediador: "E aconteceu que, tendo eles comido completamente a erva da terra, eu disse: Senhor Deus, perdoa, rogo-te; quem levantará a Jacó? Pois ele é pequeno. Então o Senhor se arrependeu disso. Não acontecerá, disse o Senhor." (Am 7.2-3)

3 - Amós para Hoje

3.1 - Privilégios e Responsabilidades

"Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?" (Am 3.3)
Deus fez aliança com o povo de Israel, privilegiou esse povo como nação eleita, todavia, para que este povo andasse junto com Deus havia as responsabilidades. Israel tinha responsabilidades de fidelidade para com Deus. Verdadeiramente, privilégios trazem consigo grandes responsabilidades.
"de todas as famílias da terra, somente a vós outros vos escolhi; portanto, eu vos punirei por todas as vossas iniquidades" (Am 3.2)
Através de Amós, Deus denuncia o pecado de Israel e mostra que todos os privilégios que outrora fora dado, era negligenciado.
"Mas o que o não sabe, e fez coisas dignas de açoites, com pouco açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá" (Lc 12.48)
Jônatas da Cunha Ferreira: É aquela história: àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido. Quanto maior o privilégio, maiores serão as responsabilidades. [10]
"Porém, vós sois geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, cujo propósito é proclamar as grandezas daquele que vos convocou das trevas para sua maravilhosa luz" (1Pe 2.9)
Jônatas da Cunha Ferreira: A eleição é nosso grande privilégio. Deus nos escolheu para sermos seu povo . Isso é precioso e único! Mas, com isso somos chamados à responsabilidades. somos eleitos para comunhão com Ele, numa relação de exclusividade. Não podemos servir a dois senhores. [10]

3.2 - A Inutilidade do Formalismo Religioso

A observação rigorosa das formalidades religiosas perdem o seu valor se não estiver sendo observado a prática do amor para com o próximo.
Muitos frequentam igrejas como um desencargo de consciência, para enganar a si mesmo, na tentativa de afirmar estar bem com Deus ao cumprir suas obrigações religiosas. Paulo alerta quanto ao perigo do ritualismo religioso vazio ou do conhecimento bíblico teórico, sem que viva na prática. O formalismo religioso leva a pessoa para o nominalismo, ou seja, ser cristão só de nome, como se isso bastasse para a salvação.

3.3 - Uma Mensagem de Esperança

Vamos ler o texto de Amós 9:11-15

11 - Naquele dia tornarei a levantar o tabernáculo caído de Davi, repararei as suas brechas, e tornarei a levantar as suas ruínas, e o edificarei como nos dias da antiguidade;

12 - Para que possuam o restante do Edom, e todos os gentios que são chamados pelo meu nome, diz o Senhor, que faz essas coisas.

13 - Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que o que lavra alcançará ao que sega, e o que pisa as uvas ao que lança a semente; e os montes destilarão mosto, e todos os outeiros se derreterão.

14 - E trarei do cativeiro meu povo Israel, e eles reedificarão as cidades assoladas, e nelas habitarão, e plantarão vinhas, e beberão o seu vinho, e farão pomares, e lhe comerão o fruto.

15 - E plantá-los-ei na sua terra, e não serão mais arrancados da sua terra que lhes dei, diz o Senhor teu Deus.

Deus enviaria o Juízo, mas também uma mensagem de restauração de Israel, Ele estenderia a sua misericórdia sobre aquele povo.

Esequias Soares: O assunto do livro é a justiça de Deus. O discurso fundamenta-se em denúncias e ameaças de castigo, terminando com a restauração futura de Israel. [8]

Albert Barnes: Amós, como os profetas foram ensinados a fazer, resume sua profecia de angústia com essa promessa completa de bem transbordante [...] deu a mensagem do julgamento divino e agora prediz a salvação, dentre as que são realmente Dele, deve ser efetuada através da casa de Davi, em cuja linha Cristo viria. [5]

Thomaz Coke: Após a queda do reino de Israel, e de Judá continuará por muito tempo em um estado florescente após o seu retorno do cativeiro. Mas a profecia tem um respeito ainda mais distante e nos leva além dos tempos do cativeiro babilônico, aos do Senhor Jesus Cristo; à qual é aplicada pela melhor autoridade possível (veja At 15.16). Alguma parte dessa profecia foi concluída nos tempos dos apóstolos e depois à luz do evangelho, que brilhava tanto sobre judeus quanto sobre gentios através da Igreja (O tabernáculo de Davi - Am 9.11). A profecia será então em grande parte concluída, quando o povo de Israel voltar à sua própria terra e construir casas, plantar vinhas e jardins; Amós 9:14, Mas, no grande milênio, terá sua realização final no sentido mais pleno e mais glorioso. [5]