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Nosso subsídio (comentário da lição) não é o mesmo conteúdo da revista Betel Dominical Adultos, é apenas um texto de auxílio complementar referente aos tópicos e subtópicos da lição.
Introdução
O texto de referência :
Hebreus 12.1-2,12,13
1 - Portanto, nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos, como paciência, a carreira que nos está proposta.
2 - Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.
12 - Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados.
13 - E fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que manqueja se não desvie inteiramente; antes, seja sarado.
1 - O Surgimento do Pietismo
1.1 - As Ideias da Reforma Pietista
Igreja Luterana
É bom deixar claro, que a Igreja Luterana, fruto da Reforma Protestante, não teve mudanças significativas na liturgia de culto. Até hoje, percebemos que a liturgia Luterana se assemelha mais com a liturgia Católica do que com a liturgia pentecostal. A alteração maior se deu na abolição de imagens de escultura, permissão para casamento dos pastores, os cultos deixaram de ser celebrados na língua Latim e passaram a ser conduzidos na língua do povo. A separação entre Igreja e Estado ainda estava ganhando corpo, nasceu na Reforma Protestante mas só foi concluída após o ano de 1789, depois da Revolução Francesa.
Os pastores luteranos se dedicavam arduamente ao estudo da Bíblia Sagrada para ter condições de ensiná-la ao povo.
Com o passar do tempo, muitas pessoas iam se tornando membros da Igreja Luterana, simplesmente porque nasciam em famílias luteranas, as pessoas iam aos cultos mais por hábitos do que por uma motivação real de adorar e cultuar a Deus, isso, somado as divergências teológicas acabou trazendo uma frieza espiritual e o enfraquecimento religioso.
O Pietismo
O Pietismo foi um movimento de renovação dentro da Igreja Luterana que surgiu no século XVII. Esse movimento enfatizava a vivência pessoal da fé, a leitura da Bíblia, a moralidade prática e o compromisso com a transformação espiritual e social.
Este movimento dava extrema importância, à experiência de conversão. Os membros deveriam dar testemunho público de que eram realmente convertidos e não ser "luterano" apenas por ter nascido em uma família luterana. O Pietismo surgiu como uma reação ao formalismo e à rigidez teológica da ortodoxia luterana.
1.2 - O Resgate da Reforma
Como vimos, o Pietismo se preocupava com a experiência espiritual e individual da pessoa com Deus, existia uma preocupação com a conversão genuína, para isso foi estabelecido a confissão de fé pública, que influência inúmeras igrejas evangélicas até hoje.
Uma vez que a pessoa se convertesse, independente de sua origem social era incorporada na plena comunhão universal com os demais cristãos.
1.3 - O Pai do Pietismo
Philipp Jakob Spener
Philipp Jakob Spener foi o principal fundador do Pietismo, ele escreveu, em 1675, a obra Pia Desideria ("Desejos Piedosos"). Nela, propôs reformas para tornar a fé mais viva e ativa.
Algumas das suas ideias principais eram:
(1) Ênfase na leitura e meditação bíblica
Individual e Comunitária
(2) Pequenos grupos de oração e estudo da Bíblia
(3) Importância da experiência espiritual pessoal
não apenas do conhecimento teológico. Mais do que apenas dogmas,
os pietistas buscavam um encontro real e vivo com Deus.
(4) Cristianismo prático
A transformação espiritual era medida pela mudança prática no
comportamento e pelo impacto social, especialmente no cuidado dos
pobres, órfãos e necessitados.
(5) sacerdócio de todos os crentes
reduzindo a dependência exclusiva do clero
2 - A Convocação para uma segunda Reforma
2.1 - A Decadência Espiritual da Igreja Luterana
Já vimos nos tópicos anteriores algumas causas da decadência espiritual da Igreja Luterana, infelizmente a Igreja Luterana tomou a direção de práticas anti-bíblicas.
Philip Jakob Spener, pastor luterano, ficou incomodado com o que via, uma igreja estagnada, preocupada demais com debates teológicos e com pouca transformação prática na vida dos fiéis.
O Pietismo foi o movimento que renovou o luteranismo e impactou diversas correntes cristãs. Ele ajudou a moldar a espiritualidade protestante moderna, incentivando um cristianismo mais ativo, devocional e socialmente engajado.
Podemos destacar seis pontos principais das ideias de Spener, que ganharam força, especialmente entre leigos, que encontraram um espaço para vivenciar a fé de forma mais prática e próxima :
(a) Estudo bíblico acessível e centralizado
para todos, não apenas para o clero. A Palavra de Deus deveria ser
aplicada à vida diária, não apenas estudada academicamente.
(b) Renovação do sacerdócio universal dos crentes
incentivando que todos participassem ativamente da vida cristã.
(c) Prática da fé através de boas obras
como sinal de uma transformação espiritual genuína.
(d) Abolição de disputas teológicas irrelevantes
promovendo unidade entre os cristãos.
(e) Educação e formação espiritual do clero
para que formassem modelos de vida piedosa.
(f) Grupos menores de cristãos (collegia pietatis)
Pequenos grupos, onde os cristãos se reuniam para orar, estudar a
Bíblia e encorajar uns aos outros na caminhada espiritual.
2.2 - Conde Nicolau Ludwig Von Zinzendorf
O Conde Nicolau Ludwig von Zinzendorf (1700-1760) foi uma figura central no movimento dos Hermanos Morávios, uma comunidade cristã profundamente influenciada pelo pietismo.
Ele desempenhou um papel crucial na promoção de um cristianismo devocional, missionário e centrado em Cristo, que teve impacto global.
Zinzendorf nasceu em uma família aristocrática da Saxônia, na Alemanha, e foi educado em um ambiente profundamente religioso, influenciado pelo pietismo luterano, especialmente as ideias de Philipp Jakob Spener.
Desde jovem, demonstrava um fervor espiritual intenso e uma paixão por viver uma fé prática e centrada no amor a Deus e ao próximo.
Estudou Direito em Wittenberg, mas seu interesse estava mais voltado para assuntos espirituais e teológicos.
2.3 - A Missiologia Moraviana
Sob a liderança do Conde Zinzendorf, os Hermanos Morávios desenvolveram um dos primeiros movimentos missionários globais do cristianismo moderno:
(a) Enviaram missionários para lugares remotos, muitas vezes assumindo grandes riscos e vivendo em condições precárias.
(b) Seu trabalho foi motivado por um profundo senso de dever cristão e pelo desejo de compartilhar o amor de Cristo com os marginalizados e os esquecidos.
Portanto, Influenciados pelo pietismo, os Morávios eram um grupo missionário que levou o evangelho para várias partes do mundo. John Wesley, o fundador do metodismo, teve contato com eles e foi profundamente impactado. Falarei mais sobre isso no subtópico 3.3.
Zinzendorf é lembrado como um líder espiritual visionário, cuja vida e obra exemplificaram o espírito de amor, unidade e missão.
3 - Nossas Raízes Teológicas
3.1 - A Influência Pietista no Avivamento Norte-Americano
A influência do pietismo no avivamento norte-americano foi profunda e abrangente, moldando tanto a espiritualidade quanto as práticas religiosas nos Estados Unidos durante os séculos XVIII e XIX. O Pietismo, com sua ênfase na experiência pessoal com Deus, na vida devocional e no ativismo social, forneceu um fundamento teológico e prático para os movimentos de avivamento que transformaram o cristianismo americano.
O Pietismo preparou o terreno para o evangelicalismo moderno, com sua ênfase em conversão pessoal, missões e ativismo social.
Impacto e Legado
(a) Educação e ação social : O pietismo foi pioneiro em associar a fé à educação e aos cuidado com os marginalizados. Muitas das primeiras instituições cristãs de caridade e ensino moderno foram fundadas por pietistas.
(b) Renovação Espiritual : Trouxe uma nova ênfase à espiritualidae prática, ajudando a revitalizar o protestantismo, que havia se tornado mais ritualista.
(c) Influência global : Embora o pietismo tenha diminuído na Alemanha no final do século XVIII, suas ideias viveram em movimentos como o metodismo, o evangelicalismo e o movimento missionário..
3.2 - A Influência Americana e escandinava no avivamento brasileiro
O avivamento brasileiro, especialmente o pentecostalismo e a fundação das Assembleias de Deus, foi influenciado por duas grandes tradições cristãs: o pentecostalismo americano e o pietismo escandinavo. Essas influências ajudaram a moldar a espiritualidade, a teologia e as práticas da igreja pentecostal no Brasil.
A principal influência americana veio do avivamento da Rua Azusa (1906-1909), liderado por william Seymour, em Los Angeles. Esse avivamento foi um marco do pentecostalismo moderno e enfatizava: o batismo no Espírito Santo (evidenciado pelo falar em línguas) , a oração fervorosa e emotiva (com cultos marcados por espontaneidade e intensa busca espiritual) e um forte espírito missionário (incentivando a evangelização global).
Os missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren estavam nos Estados Unidos e entraram em contato com o movimento pentecostal na igreja batista, em 1910 vieram para o Brasil, trazendo a mensagem pentecostal, fundando a Assembleia de Deus em Belém do Pará, dando início ao movimento pentecostal no Brasil.
Apesar de Berg e Vingren terem sido influenciados pelo pentecostalismo americano, eles eram de origem sueca e cresceram em igrejas influenciadas pelo pietismo escandinavo.
Portanto, a chegada de Berg e Vingren ao Brasil combinou o fervor pentecostal americano com a disciplina e o compromisso pietista sueco.
3.3 - As Marcas Pietistas nas Assembleias de Deus
A influência do pietismo nas Assembleias de Deus é significativa, mesmo que nem sempre seja reconhecida diretamente. O pietismo moldou várias tradições protestantes ao enfatizar a experiência pessoal com Deus, a santidade, a leitura bíblica, o discipulado e o ativismo evangelístico.
Muitos desses elementos foram assimiados pelos movimentos pentecostais, incluindo as Assembleias de Deus.
1. Espiritualidade Pessoal e a Busca pela Experiência com Deus
O pietismo enfatizava que a fé deveria ser vivida de maneira intensa e pessoal, não apenas como um sistema doutrinário. Da mesma forma, as Assembleias de Deus enfatizam a experiência com o Espírito Santo, especialmente através do batismo no Espírito Santo, que é visto como algo transformador na vida do crente.
2. Vida de Santidade e Discipulado
O pietismo defendia que a fé precisava mudar a vida da pessoa, levando a um comportamento moral elevado e a uma vida de santidade.
As Assembleias de Deus adotam uma forte teologia de santificação, ensinando que o crente deve viver uma vida separada do pecado e consagrada a Deus. A ênfase na santificação progressiva (ou seja, um processo contínuo de crescimento espiritual) tem raízes no pietismo e nos movimentos de santidade que vieram depois. O estudo bíblico, a oração intensa e a comunhão dos crentes são essenciais nas Assembleias de Deus, refletindo a tradição pietista de cultivar a fé diariamente.
3. Pequenos Grupos e Comunhão Cristã
Os pietistas organizavam grupos de estudo bíblico e oração chamados collegia pietatis, onde os cristãos podiam crescer espiritualmente fora do contexto dos cultos formais.
Muitas igrejas pentecostais, incluindo as Assembleias de Deus, incentivam círculos de oração, escolas bíblicas e pequenos grupos, onde os crentes podem se fortalecer espiritualmente. Essa estrutura fortalece o discipulado e permite um acompanhamento mais próximo da fé dos membros.
4. Evangelismo e Missões
O pietismo teve um papel fundamental na criação do movimento missionário moderno, especialmente por meio dos Hermanos Morávios, que levaram o evangelho a várias partes do mundo.
Desde sua fundação, as Assembleias de Deus adotaram uma forte ênfase missionária.
Assim como os pietistas acreditavam na responsabilidade de cada crente em evangelizar, os assembleianos também veem o evangelismo como parte essencial da vida cristã.
As Assembleias de Deus são hoje uma das maiores denominações missionárias do mundo, espalhadas por quase todos os países.
5. Práticas Pietistas no Culto Pentecostal
O pietismo promovia um culto mais espontâneo e emocional, com momentos de oração intensa e louvor fervoroso.
Os cultos assembleianos são conhecidos por sua liberdade no louvor e na oração, refletindo a espiritualidade emocional dos pietistas.
A ênfase na oração fervorosa e coletiva é outra herança do pietismo, que já promovia reuniões de oração como centrais na vida cristã.
O pietismo valorizava um cristianismo vivido no dia a dia, não apenas nos cultos formais, o que é um princípio presente nas Assembleias de Deus.
Conclusão
Embora as Assembleias de Deus tenham suas raízes diretas no movimento pentecostal, muitas de suas práticas e ênfases teológicas foram infuenciadas por tradições anteriores, incluindo o pietismo.
A ênfase em uma fé pessoa e viva, santidade, missões, discipulado em pequenos grupos e cultos fervorosos são marcas do pietismo que continuam a moldar a espiritualidade assembleiana.
Comentário
Pr. Éder Tomé
Referências
[1] Bíblia Sagrada (ARC) – Sociedade Bíblica do Brasil - 4° edição - 2009
[2] Bíblia Sagrada King Jones – Atualizada – Fiel aos Originais
[3] Bíblia Sagrada (NTLH) - Linguagem de Hoje
[4] Revista Betel Dominical Adultos - 2T - 2024
[5] versículoscomentados.com.br
[6] Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal - CPAD
[7] Revistas Lições Bíblicas - Ano 2 - CPAD - A História da Igreja
[8] De acordo com IA (Inteligência Artificial) - Google
[9] História dos Evangélicos - João Oliveira - Ed. Valentina
Muito bom. Deus abençoe Pr Éder!
ResponderExcluirA Paz do Senhor Pr. Eder Tome! Excelente Estudo! Este Trabalho que Senhor tem feito eh de grande valia para as nossas aulas da EBD! Que Deus Continue Abençoando Poderosamente! Obrigado por Todo o Apoio!
ResponderExcluirOi
ResponderExcluirMuito bom. Parabéns ao. Irmão. Grijalva, ad, poto velho.ro
ResponderExcluirVale apenas pesquisar, muito aproveitosa essa informação...
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