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sábado, 11 de setembro de 2021

Lição 12 - Os Benefícios da Provação na Vida do Discípulo de Cristo

       













Texto Áureo
"Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se enche em louvor, e honra, e glória na revelação de Jesus Cristo." (1 Pedro 1.7)

Verdade Aplicada
As provações da vida têm como finalidade produzir um caráter refinado e uma vida de comunhão com Deus.

Texto de Referência
Tiago 1.12
12 - Bem-aventurado o varão que sofre a tentação; porque, quando for aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam.
Tiago 5.8,10,11
8 - Sede vós também pacientes, fortalecei os vossos corações, porque já a vinda do Senhor está próxima.
10 - Meus irmãos, tomai por exemplo de aflição e paciência os profetas que falaram em nome do Senhor.
11 - Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso.

                             Introdução
As provações pelas quais Jó passou são fontes de aprendizado para os cristãos de hoje.
Precisamos aprender a ser pacientes em meio ao sofrimento e a perseverar.
"Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso." (Tg 5.11)

 “A paciência de Jó (Tg 5.10,11) [...]os profetas que falaram em nome do Senhor’ (v.10) e a fidelidade de Jó em suas adversidades (v.11). Nos dois exemplos, o ponto que Tiago deseja enfatizar é que devemos considerar aqueles que perseveram como abençoados. Por saberem que ‘o Senhor é muito misericordioso e piedoso’, Jó e os profetas foram pacientes frente às aflições que sofreram.Os crentes precisam imitar o exemplo da perseverança de Jó sem se ‘desviarem da verdade’ (5.19) de que Deus é a imutável fonte de ‘toda boa dádiva e de todo dom perfeito’ (Tg1.17). Precisam imitar o exemplo dos profetas falando ‘em nome do Senhor’, isto é, usando de seu discurso para mostrar a divina ‘misericórdia e piedade’ (v.11) para que possamos trazer de volta aqueles que se desviaram da verdade por atos pecaminosos ou por terem acusados a Deus por suas dificuldades (1.13). Aqueles que assim fizerem serão abençoados com a vida eterna e com o perdão de seus pecados (5.20)” (ARRINGTON, French L; STRONSTAD, Roger (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2ª Edição. RJ: CPAD, 2004, p.1687).


1 - Jó, um homem Aprovado por Deus
As provações têm sempre a finalidade de aperfeiçoar a nossa fé. Jó é um exemplo de perseverança e fé em meio às provações. Sua vida é um modelo para todo aquele que vive momentos difíceis e de grandes provações.

“Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias tentações, sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência” (Tg 1.2,3).

“Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória na revelação de Jesus Cristo.” 1Pe 1.7

1.1 - Jó, um homem Rico, Temente e Adorador
Bíblia descreve o patriarca Jó como o homem mais rico do Oriente [Jó 1.3]. O que mais nos chama atenção não é sua riqueza, e, sim, sua devoção a Deus. Jó oferecia sacrifícios antecipados a Deus para que, se, porventura, seus filhos tivessem pecado, Ele os perdoasse [Jó 1.5]. Jó nos ensina que a maior riqueza que um homem pode ter é a presença de Deus em sua vida. [...]

Jó 1.1-5.

1 — Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e este era homem sincero, reto e temente a Deus; e desviava-se do mal.

2 — E nasceram-lhe sete filhos e três filhas.

3 — E era o seu gado sete mil ovelhas, e três mil camelos, e quinhentas juntas de bois, e quinhentas jumentas; era também muitíssima a gente ao seu serviço, de maneira que este homem era maior do que todos os do Oriente.

4 — E iam seus filhos e faziam banquetes em casa de cada um no seu dia; e enviavam e convidavam as suas três irmãs a comerem e beberem com eles.

5 — Sucedia, pois, que, tendo decorrido o turno de dias de seus banquetes, enviava Jó, e os santificava, e se levantava de madrugada, e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles; porque dizia Jó: Porventura, pecaram meus filhos e blasfemaram de Deus no seu coração. Assim o fazia Jó continuamente. 

Subsídio do Professor: No período em que Jó viveu, a riqueza era medida pela quantidade de posses, como: terras, animais e servos; e Jó era abundante nessas coisas. Mesmo assim, sua riqueza jamais o afastou da presença de Deus. Ele tinha plena convicção de que o Senhor lhe concedera todos os seus recursos [Jó 1.21] e sempre usou sua riqueza como generosidade para beneficiar a outros [Jó 4.1-4; 29.12-17; 31.16-32]. Sua grande riqueza era a confiança que depositava em Deus [Jó 19.25].

1.2 - Jó, um homem Íntegro
Jó é descrito nas Escrituras como um pai de família responsável e homem de caráter ilibado. O próprio Deus afirma suas qualidades: “homem sincero, reto e temente a Deus; e desviando-se do mal” [Jó 1.1]. Será que Deus poderia testemunhar acerca da nossa vida? O que Deus diria a nosso respeito? Deus conhecia Jó, sabia o que fazia e sua estrutura, ao ponto de permitir que Satanás o provasse. Bíblia de Estudo Defesa da Fé: “Deus confirmou duas vezes a integridade de Jó [1.8; 2.3]. As duas palavras hebraicas são usadas com respeito a Deus [Dt 32.4]. Homens e mulheres, à imagem de Deus, devem refletir esses atributos [Mt 5.48; Ef 4.20-24]”.

QUEM ERA JÓ

[...] o traço biográfico do patriarca da terra de Uz. A lição joga luz sobre o modo de vida desse gigante da fé. Ele tinha bens materiais, uma sólida família e uma espiritualidade profunda, atestada pelo testemunho do próprio Deus (Jó1.8). Nessa tríade existencial podemos afirmar que Jó era verdadeiramente próspero.

[...]. A ideia é demonstrar que Jó foi um homem rico e mantinha um caráter íntegro.  

Aplicação
À luz de toda lição, podemos estabelecer princípios para trabalhar com a classe. Em primeiro lugar, o temor a Deus deve ser o esteio de nossa vida. Devemos amar ao Senhor, buscá-Lo de todo coração. À medida que vivemos essa devoção, amaremos e cuidaremos de nossa família e viveremos uma vida moral e piedosa que dê testemunho aos outros.(revista CPAD, 4ºtrim, 2020)
 

Subsídio do Professor: Jó manteve sua integridade diante dos ataques de Satanás, das acusações de seus amigos e do silêncio de Deus. Jó era um homem como qualquer outro, não era um indivíduo sem pecados. Quando a Bíblia o descreve como “íntegro e reto”, significa que seu caráter era maduro, pleno, e sua conduta, “reta” [Jó 1.8]. Francis I. Andersen (Comentário Vida Nova): “Jó era íntegro e reto. A personalidade de Jó é muito atraente, e agradável ao próprio Deus. A frase, literalmente, “completo e direito”, afirma sua total retidão. Era completamente honesto. As palavras que se seguem expandem e explicam esta integridade. A bondade de Jó tinha dois aspectos, como a sabedoria em Jó 28.28. Era devoto; temente a Deus, como Abraão [Gn 22.12]. Era um homem moral (…), se desviava do mal. Rejeitava o que era errado; não meramente o evitava.”

1.3 - Jó, um homem Depurado pelo Fogo
Todos aqueles a quem Deus deseja levar mais adiante em sua obra, sem exceção, passarão pelo crisol da provação. A Bíblia está repleta de situações desse tipo. Jó é um dos mais excelentes personagens a nos ensinar o quanto um homem pode suportar para manter-se em integridade diante de Deus [Tg 5.10-11]. Jó suportou os ataques de Satanás, as palavras acusadoras de seus amigos, e as fortes declarações de sua esposa. Jó perdeu a saúde, porém, mesmo não compreendendo, continuou crendo em Deus e na esperança de que um dia Ele se revelaria para ajudá-lo [Jó 19.25-26].

Subsídio do Professor:Andar em sinceridade diante Deus é ter a certeza de que viveremos em nossas vidas momentos e circunstâncias inesperadas, que certamente não gostaríamos. No entanto, devemos acreditar que, ainda que tudo pareça caminhar na contramão, no final tudo dará certo [Rm 8.28]. As lutas na vida cristã manifestam-se de diversas formas, mesmo assim, precisamos, como Jó, nos conscientizar de que Deus está conosco em todos esses momentos, seja na solidão, na desilusão, na incerteza, e até mesmo no silencio. Ele reina, nada acontece sem a Sua permissão. Tudo o que Deus faz tem um propósito específico para as nossas vidas [Rm 5.3-4].

Podemos citar ainda:

“A prova no limite da capacidade humana (1Co 10.13)

Abraão chegou ao máximo de sua capacidade emocional e intelectual para aceitar o desafio que Deus lhe fizera. Foi-lhe pedido algo impossível mediante a lógica do propósito divino para sua vida. Deus lhe pediu em holocausto ‘o filho da promessa’. Além da relação espiritual da existência desse filho, com a relação emocional familiar entre Abraão e Isaque e sua mãe, o velho Abraão não podia entender as razões de Deus. Era como se Deus estivesse pedindo devolução de algo que havia dado a Abraão. Isto se tornou um desafio a sua lógica, a sua racionalidade. Era, de fato, uma prova que superava todas as demais experimentadas pelo velho patriarca. Abraão pareceu chegar ao limiar da prova, do desânimo, da desistência. Na infinita sabedoria divina, somos conduzidos, às vezes, ao limite de nossa resistência para aprendermos a confiar no exaurível poder de sustentação de Deus. Quantas vezes confessamos nossas limitações e dizemos: ‘Não posso mais!’, ‘Não aguento mais!’, ‘Estou sem forças para reagir!’. Então Deus entra em ação e suaviza o nosso sacrifício. Ele não deixa que nossas resistências estourem sem que saibamos que Ele nos prova para que o conheçamos melhor” (CABRAL, Elienai. Abraão: As experiências de nosso pai na fé. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2002, pp.173-74).

2 - Os ataques de Satanás sobre a vida de Jó
Os ataques contra a vida de Jó não foram aleatórios, eles tinham alvos bem específicos. Estas três áreas na vida de Jó, atingidas pelo inimigo, são bastantes sensíveis na vida do ser humano: finanças, família e saúde.

2.1 - O Ataque sobre as Finanças
Jó era um homem muito rico, de vida equilibrada e de um coração grandemente abençoador [Jó 29.11, 16]. O ataque de Satanás foi muito além da acusação de que Jó era fiel porque Deus o abençoava. O ataque também visava impedir as boas obras que Jó realizava na vida das pessoas. Ele compartilhava com os outros aquilo que Deus lhe dava, e, uma vez sem nada, não somente ele perdia, mas, sim, todos os que dele dependiam. Jó era um líder que ajudava os confusos a tomarem decisões sábias e dava aos pranteadores conforto e esperança [Jó 29.21-25].

Os cristãos são ensinados a considerar as riquezas materiais do ponto de vista de sua transitoriedade. Elas passam, acabam e podem ser roubadas. Porém, devemos lembrar que Jesus jamais condenou alguém pelo fato de ser rico, mas sim por servir as riquezas, e, assim, tornar-se miserável para com Deus (Lc 12.21).

O verdadeiro tesouro está ligado a Deus  e ao Seu Reino. Isso não significa que ter bens materiais é pecaminoso, pois pecaminoso é o ato de se priorizar as riquezas deste mundo em detrimento das riquezas eternas. Comente com os alunos que isso sim é condenável diante de Deus, porque torna-se idolatria, visto que a pessoa passa a viver e servir às riquezas, pondo nelas o coração (Mt 6.21). Reforce para os alunos que devemos possuir bens e não os servir prioritariamente.(BETEL 3ºtrim , 2016)

Subsídio do Professor:Jó tinha uma perfeita convicção de que tudo na vida é passageiro. Ele realmente poderia dizer: Deus deu e Deus tomou. Ele compreendia perfeitamente que tudo o que temos vem de Deus e nos é confiado para que administremos, como mordomos fiéis [Jó 1.21]. Jó compreendia que os bens são um meio para se fazer o bem, ele não estava apegado a nada de material dessa vida. Satanás errou feio ao pensar que Jó adorava a Deus pelo que Ele lhe dava. Não sabia que o maior bem de Jó era o Senhor [Sl 103.1-5].

2.2 - O Ataque sobre a Família
Em apenas um dia, Jó recebeu a notícia da morte de dez filhos ao mesmo tempo [Jó 1.18-19]. Se isso não bastasse, sua mulher não teve forças para enfrentar o quadro pelo qual passava e lhe aconselha a morrer também [Jó 2.9]. As palavras de sua esposa devem ter sido uma tentação para desestabilizá-lo e fazê-lo voltar-se contra Deus. Mas Jó se recusava a renunciar a sua fé em Deus e sua integridade, justamente o que sua esposa sugerira que ele abandonasse.

“Seus bens mais queridos e mais valiosos era os seus dez filhos; e, para concluir a tragédia, uma notícia lhe foi trazida ao mesmo tempo de que eles estavam mortos e enterrados em meio às ruínas da casa na qual festejavam, junto com os criados que os serviam, exceto um que veio rapidamente com essa notícia (vv.18,19). Esta foi a maior das perdas de Jó, e que o atingiu mais de perto: e por isso o Diabo a reservou para o final, para que se outras contrariedades falhassem, esta pudesse fazê-lo amaldiçoar a Deus. Nossos filhos são partes de nós mesmos; é muito difícil separar-nos deles, e isso fere um bom homem de maneira mais profunda possível. Mas separar-se de todos eles de uma vez, e o fato de estarem todos mortos, sim, aqueles que haviam sido por tantos anos a sua preocupação e a sua esperança, era algo que o atingia realmente no âmago do seu ser” (HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Antigo Testamento: Jó a Cantares de Salomão. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.10).

Subsídio do Professor:Uma das áreas que Satanás mais tem atacado nos dias de hoje é a área familiar. Precisamos ter em mente que uma família desestruturada é um canteiro onde Satanás pode semear livremente suas ideias malignas [Mt 13.25]. Comentário Bíblico Moody: “A caridosa reserva da resposta de Jó testifica tão convincentemente quanto suas doxologias da genuidade de sua piedade. Ele não chamou sua esposa de doida, mas acusou-a de estar falando, no seu frenético desespero, como alguém em cuja companhia ela não costumava andar. A loucura do seu comportamento realça mais a sabedoria da piedosa paciência de Jó”.

2.3 - O Ataque sobre a Saúde
Satanás estava decidido a ouvir Jó blasfemar contra Deus de qualquer maneira. Então, atacou-lhe na última área restante: sua saúde. Jó teve: insônia [Jó 3.13]; feridas dos pés à cabeça [Jó 2.7]; pesadelos [Jó 7.13-14]; mau hálito [Jó 19.17]; perda de peso [Jó 19.20]; calafrios e febre [Jó 21.6]; diarreia [Jó 30.27]; pele enegrecida [Jó 30.30]. Satanás atacou a saúde de Jó de tal maneira que o cobriu de tumores malignos da cabeça aos pés. Jó ficou irreconhecível. As pessoas não suportavam vê-lo. Sua enfermidade era uma agressão à visão e ao olfato de todos os que o cercavam.

“[…] Foi o patriarca constrangido a suportar as dores mais terríveis e os piores desconfortos a que um ser humano jamais fora submetido. Entretanto, reteve a sua integridade. Muitos são os servos de Deus que estão a sofrer as mais terríveis enfermidades. Uns, à semelhança de Ezequias, enfrentam um tumor maligno que, pouco a pouco, vão lhes consumindo as forças e o que lhes resta das humanas feições. Outros, como Lázaro da história narrada pelo Senhor Jesus, jazem cobertos de uma chaga que os tornam repulsivos, embora espiritualmente sejam os mais puros dos homens. Outros, ainda, tal como o jovem Timóteo, veem-se às voltas com uma doença no estômago que os fustiga com forte ânsias” (ANDRADE, Claudionor de. Jó: O problema do sofrimento do justo e o seu propósito. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, p.85).

3 - Lições para o Discípulo de Cristo
São muitas, preciosas e adequadamente aplicáveis ao povo de Deus hoje as lições que podem ser extraídas do relato acerca de Jó, sua integridade, sofrimento e sua vida após o Senhor virar o seu cativeiro [Jó 42.10]. Afinal, há ensino e aviso para o povo de Deus nas Escrituras Sagradas [Rm 15.4; 1Co 10.11].

3.1 - Crescer no Conhecimento de Deus
A primeira lição a ser destacada é a ampliação do conhecimento acerca de Deus, expressa nas palavras de Jó 42.2,5 – notemos os termos usados: “bem sei” e “mas agora”. Transmite ideia de convicção e mudança. Firmeza e nova experiência. Como Jó, o discípulo de Cristo precisa sempre trazer à memória que o enfrentamento das adversidades e batalhas da vida deve conduzir a uma maior convicção acerca do poder de Deus, da Sua soberania, da prevalência de Seus planos e um maior conhecimento experimental e relacional. Ou seja, não apenas conhecimento, mas experiência. Não apenas experiência, mas relacionamento.

“Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te veem os meus olhos” (Jó 42.3).

“Afirmou um crítico literário, certa vez, que dois são os defeitos do Livro de Jó. O primeiro é que o antagonista da história — Satanás — sai de cena ainda no prólogo. E o segundo é que, diferentemente dos dramas gregos, romanos e ingleses, a história de Jó tem um final feliz. Não obstante, acrescenta o crítico literário, o Livro de Jó é o mais belo poema de todos os tempos. O que os críticos literários seculares classificam como defeito, nós chamamos de perfeição. Pois, de uma forma magistral o autor sagrado pôde conduzir o drama de Jó sem a presença do adversário. E se o Livro de Jó é concluído com final feliz, é porque se manteve com absoluta fidelidade aos fatos. Se os gregos, romanos e ingleses não se afeitam aos finais felizes, os que servimos a Deus sabemos que, apesar das intempéries, sempre haverá um final surpreendente venturoso àqueles que confiam nas promessas de Deus. Conforte-se na história de Jó! Se as suas angústias são grandes, maiores ser-lhe-ão as consolações. De toda essa provação, sairá alguém bem melhor. Em sua história, também haverá um final feliz” (ANDRADE, Claudionor de. Jó: O Problema do Sofrimento do Justo e o seu propósito. Rio de Janeiro: CPAD, 2020, pp.196,197).

3.2 - Uma Profunda Consciência de Si Mesmo
O texto sagrado registra as palavras de Jó após passar por aquela experiência: “Por isso, me abomino…” [Jó 42.6]. Ou seja, diante da ampliação do conhecimento e das novas experiências com Deus mencionadas no tópico anterior, não há lugar para soberba e considerar-se superior aos outros. Pelo contrário, há uma profunda e clara percepção do quanto somos frágeis, limitados e carentes da graça de Deus. Foi também a percepção do profeta Isaías quando viu o “Senhor assentado sobre um alto e sublime trono”, assim se expressou: “Ai de mim, que vou perecendo” [Is 6.1-7].

Subsídio do Professor:Bíblia Missionária de Estudo: “Jó recebeu uma nova revelação de Deus, ou seja, uma compreensão espiritual renovada. Por isso, ele se humilha diante desse grande Deus e se arrepende da maneira como o questionara. Uma possível paráfrase do v. 6 poderia ser: “eu me submeto, deixo de pressionar Deus por uma resposta e aceito consolo, o fim do estado de luto e de questionamento””. É necessário que o discípulo de Cristo se submeta em ser ensinado e moldado pelo Senhor, sabendo que Ele nos ama.

3.3 - Lidando com seus Acusadores
Notemos que o Senhor Deus emitiu uma ordem: “meu servo Jó orará por vós”. Podemos imaginar o que passou pela mente de Jó tão logo soube que deveria orar por aqueles que o tinham acusado. Contudo, o texto diz: “Jó…orava pelos seus amigos” [Jó 42.8, 10]. Este relato contribui para que o discípulo de Cristo seja despertado a buscar nas Escrituras e no poder do Espírito Santo a adequada atitude para com os que se opõem, lhe perseguem, fazem mal. Meditemos: Mateus 5.43-48; Romanos 12.14, 17-21; 1Pedro 3.8-9.

“Mesmo em frangalhos, e mesmo não passando de ruínas, deveria Jó, naquele momento, atuar como sacerdote daqueles que muito o feriram com suas palavras. Que incrível semelhança com o Senhor Jesus Cristo! Nosso Salvador, embora tenha sido retratado pelo profeta como alguém desprovido de parecer e formosura, intercedeu por nós pecadores (Is 53.2,3,12). Se este retrato que o profeta revela do Senhor parece forte, o que diremos da pintura que do mesmo Salvador faz Davi: ‘Mas eu sou verme, e não homem, opróbrio dos homens e desprezado do povo’ (Sl 22.6)? No auge da angústia, Jó era mui semelhante ao Senhor Jesus. Mas quão distante achava-se ele da glória exterior do sacerdócio araônico! No entanto, caber-lhe-ia orar por seus amigos, e por seus amigos oferecer os sacrifícios prescritos pelo Senhor” (ANDRADE, Claudionor de. Jó: O Problema do Sofrimento do Justo e o seu Propósito. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, p.191).

Subsídio do Professor:Bíblia de Estudo NAA: “É de extrema importância notar que a restauração de Jó ocorre somente neste ponto, quando ele se rendeu a Deus e foi reconciliado com seus amigos – ainda em seu estado de quebrantamento e desolação. Precisamente neste ponto, a comunhão é restabelecida [Jó 42.10-11] e o próprio Jó é restaurado [Jó 42.12-15]”.

Conclusão