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sábado, 5 de abril de 2025

Lição 2 - A Proposta de Faraó: Um convite ao compromisso ou armadilha para a fé ?

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Introdução
Texto de Referência : Êxodo 10.24-26
24 - Então, Faraó chamou a Moisés e disse: Ide, servi ao Senhor; somente fiquem vossas ovelhas e vossas vacas; vão também convosco as vossas crianças.
25 - Moisés, porém, disse: Tu também darás em nossas mãos sacrifícios e holocaustos, que ofereçamos ao Senhor, nosso Deus.
26 - E também o nosso gado há de ir conosco, nem uma unha ficará; porque daquele havemos de tomar para servir ao Senhor, nosso Deus, porque não sabemos com que havemos de servir ao Senhor, até que cheguemos lá.

1 - Adorando a Deus

1.1 - Moisés, o Mediador da Adoração a Deus no deserto
Deus escolheu Moisés para liderar o povo de Israel, conduzindo-o do Egito para a Terra Prometida.
Deus escolheu Moisés para realizar uma missão divina que incluía não só livrar o povo de Israel fisicamente, mas também ensiná-lo a ser livre espiritualmente.
"E depois foram Moisés e Arão e disseram a Faraó: Assim diz o Senhor Deus de Israel: Deixa ir o meu povo, para que me celebre uma festa no deserto" (Ex 5.1)
Aqui, Moisés ensina que o deserto também é lugar de adoração, aliás, na Bíblia, frequentemente, o deserto é apontado como um dos lugares de encontro com Deus.
Apesar de ser um lugar árido, solitário e aparentemente inóspito, o deserto se torna, nas Escrituras, um espaço de revelação, transformação e intimidade com Deus.  Exemplos :
(1) Deus chamou Moisés no deserto, no Monte Horebe (Êxodo 3). Foi ali que Moisés teve um encontro profundo com Deus e recebeu sua missão.
(2) Após o Êxodo, o povo de Israel passou 40 anos no deserto. Esse período foi difícil, mas também um tempo em que Deus se revelou, ensinou e moldou o caráter do povo.

Um Lugar de Adoração a Deus no Deserto
Mais adiante, veremos que Deus queria habitar no meio de Israel. Por isso, ordenou a Moisés que, juntamente com todo o povo, construísse um lugar separado para adoração. Trata-se do "Tabernáculo do Senhor", um santuário móvel que acompanhou os hebreus durante sua longa peregrinação pelo deserto. 
Depois da entrega da lei, Deus ordenou que o seu povo edificasse um lugar de adoração, o Tabernáculo. O objetivo divino era aumentar e fortalecer os laços de comunhão com o seu povo Israel, que Ele libertara do poder de Faraó no Egito. O Senhor assim age para que o homem o conheça de forma pessoal e íntima (Jo 14.21,23).  [5]

1.2 - A Adoração após a Vitória
Sim, é verdade, é mais fácil adorar a Deus após a vitória, como fez Miriã, mas o maior desafio e valor estão em adorá-Lo antes da vitória ou mesmo em meio à luta.
Depois que Deus abriu o Mar Vermelho e libertou Israel do exército do Egito, Miriã pegou o tamborim e liderou as mulheres em louvor e dança (Êxodo 15.20-21). Era um momento de celebração visível do poder de Deus, um louvor de gratidão após a vitória. Isso é legítimo, bonito e necessário. Deus merece nossa adoração após cada livramento.
Mas ... e antes da vitória ?
É aí que o coração é mais testado. Adorar a Deus antes do milagre é um sinal de fé madura. Alguns exemplos:
(1) Paulo e Silas, presos e feridos, adoravam a Deus na prisão antes da libertação (Atos 16.25).
(2) Abraão subiu o monte para sacrificar Isaque dizendo: 'vamos adorar' - mesmo sem saber como Deus resolveria a situação (Gn 22.5).
(3) O profeta Habacuque declarou: "Ainda que a figueira não floresça... mesmo assim me alegrarei no Senhor" (Hb 3.17-18), um louvor no deserto da alma.

Então, o que aprendemos ?
(1) Adoração após a vitória é gratidão
(2) Adoração antes da vitória é fé
(3) Adoração durante a batalha é confiança
Todas são válidas, mas quanto mais aprendemos a adorar em qualquer fase, mais intimo e profundo se torna nosso relacionamento com Deus.
  
1.3 - A Razão da Adoração a Deus
Segundo Êxodo 19, a razão da adoração a Deus está fundamentada em quem Deus é e o que Ele fez por Seu povo.
A razão de adoração, segundo Êxodo 19, é :

(1) Porque Deus libertou o povo com amor e poder
"Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águia e vos trouxe a mim" (Ex 19.4)
Aqui Deus lembra ao povo que foi Ele quem os libertou do Egito, com poder e cuidado. A expressão "asas de águia" mostra carinho e força. A adoração nasce de um coração grato por essa salvação e livramento.

(2) Porque Deus nos chama para um aliança viva e santa
"Se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar ... reino sacerdotal e nação santa" (Ex 19.5-6)
Deus convida o povo a viver em aliança com Ele, como povo exclusivo, consagrado. A adoração, nesse contexto, é um resposta ao chamado de ser separado para Deus, vivendo em obediência e santidade.

(3) Porque Deus é Santo, Majestoso e Digno de reverência
Quando Deus desce sobre o Monte Sinai (Ex 19.16-20), Ele se manifesta com trovões, fumaça, fogo e som de trombeta, isso mostra que a adoração não é só intimidade, mas também reverência. Deus é Santo, e deve ser adorado com temor e respeito.

2 - Servindo a Deus com os nossos bens

2.1 - Adoração Parcial
"... Ide, servi ao Senhor; somente fiquem vossas ovelhas e vossas vacas, vão também convosco as vossas crianças" (Êx 10.24).
Essa foi a proposta em resposta ao pedido de Moisés para deixar o povo ir ao deserto para adorar a Deus.
Moisés se negou a deixar os animais no Egito porque eles eram essenciais para o culto e os sacrifícios a Deus :
"Tu também terás de nos dar sacrifícios e holocaustos para que ofereçamos ao Senhor nosso Deus. E também o nosso gado irá conosco; nenhum casco ficará, porque deles havemos de tomar para servir ao Senhor nosso Deus; porque não sabemos com que havemos de servir ao Senhor até que cheguemos lá" (Êx 10.25-26).
Ou seja, Moisés entende que não pode haver adoração completa a Deus sem tudo o que pertence ao povo, inclusive os animais. Além disso, era impossível saber de antemão quais seriam os requisitos exatos do culto, então era necessário levar tudo.
Essa atitude também mostra firmeza diante de Faraó: a libertação deveria ser total, sem restrições, não somente das pessoas, mas de todos os seus bens.

2.2 - Os Bens como Expressão de Adoração 
"Fala a Arão, e a seus filhos, e a todos os filhos de Israel, e dize-lhes: Qualquer que, da casa de Israel, ou dos estrangeiros em Israel, oferecer a sua oferta" (Lv 22.18).
Sem os animais não há adoração, Levítico menciona as regras para oferecer uma oferta ao Senhor.

"Agora, pois, ó Deus nosso, graças te damos, e louvamos o nome da tua glória. Porque quem sou eu, e quem é o meu povo, para pudéssemos oferecer voluntariamente coisas semelhantes? porque tudo vem de ti, e do que é teu to damos" (1Cr 29.13-14).
Não foi só Moisés que nos ensinou a adorar a Deus com nosso bens. No versículo acima, podemos observar que Davi em oração expressa a gratidão e o louvor, mencionando que o povo de Israel estava contribuindo generosamente para a construção do templo com os seus bens como expressão de adoração.
Davi menciona que tudo pertence a Deus, que Deus é dono de tudo e que o que é ofertado é uma devolução do que já é dEle.
Davi mostrou que ele não vê a si mesmo nem ao povo como merecedores de tal honra, nos ensinando que o privilégio de servir a Deus não vem de nós, mas da graça que Ele nos concede.
Outra lição de Davi para nós, é que o coração disposto é mais importante que a oferta. A ênfase está no espírito voluntário da doação e não no valor material oferecido.
Esse trecho é uma linda lição sobre adoração, generosidade e humildade, mostrando que o verdadeiro culto reconhece a grandeza de Deus e a nossa total dependência dEle.

2.3 - Honrando a Deus com os nossos bens
"Honra ao Senhor com os teus bens, e com a primeira parte de todos os teus ganhos; e se encherão os teus celeiros, e transbordarão de vinho os teus lagares" (Pv 3.9-10).
Sem os animais não há adoração, Levítico menciona as regras para oferecer uma oferta ao Senhor.

"Assim vieram homens e mulheres, todos dispostos de coração; trouxeram fivelas, e pendentes, e anéis, e braceles, todos os objetos de ouro; e todo o homem fazia oferta de ouro ao Senhor" (Êx 35.22).
Esse versículo descreve a oferta voluntária do povo de Israel para a construção do Tabernáculo, o lugar de adoração no deserto. Há lições poderosas aqui:

(1) Disposição de coração
A expressão "dispostos de coração" destaca que Deus valoriza mais a atitude do coração do que o valor da oferta. Ele se agrada de quem dá com alegria e generosidade, não por obrigação.

(2) Homens e Mulheres participaram juntos
Isso mostra que todos têm um papel no serviço a Deus, independentemente de gênero ou posição. O envolvimento coletivo fortalece a comunidade e demonstra unidade de propósito.

(3) Oferecer do que se tem de mais valioso
O povo trouxe joias de ouro - objetos valiosos e pessoais. Isso ensina que adorar a Deus pode envolver renúncia e entrega do que temos de mais precioso, porque Deus merece o melhor.

"Honrarei aqueles que me honram, mas aqueles que me desprezam serão tratados com desprezo" (1Sm 2.30).
Esse versículo faz parte da repreensão de Deus ao sacerdote Eli, que havia sido negligente em corrigir os pecados de seus filhos, que profanavam o sacerdócio. 
De grosso modo, podemos afirmar que Honrar a Deus significa levar a sério Sua presença, Seus mandamentos e Sua santidade. Quem vive com reverência, fidelidade, responsabilidade, obediência e respeito por Deus, será honrado por Ele, aqui inclui nossa contribuição voluntária na obra de Deus com nossos bens.

3 - Servindo a Deus com o nosso melhor

3.1 - Satanás tenta nos desviar da perfeita adoração
"Havemos de ir com nossos velhos e com nossos jovens, com nossos filhos e com nossas filhas, com nossas ovelhas e com nosso gado havemos de ir, porque temos de celebrar uma festa ao Senhor" (Êx 10.9).
A reação de Moisés em Êxodo 10 à proposta de Faraó nos ensina que Satanás tenta nos desviar da perfeita adoração a Deus, e para todas essas tentativas a resposta deve ser não, como Moisés fez com Faraó, nos ensinando a ter firmeza, integridade espiritual e totalidade na obediência a Deus.
A resposta de Moisés nos ensina varias coisas ao qual podemos pontuar da seguinte forma:

(1) Adoração verdadeira exige entrega total
Moisés não aceita uma adoração parcial. Ele nos ensina que não se pode servir a Deus pela metade, é preciso levar tudo: família, bens, tempo, coração.

(2) Não se negocia com o mundo os termos do culto a Deus
Faraó representa o sistema do mundo tentando limitar a entrega a Deus. Moisés nos mostra que a fé não se acomoda a propostas convenientes, mas permanece fiel ao que Deus ordena.

(3) A Família inteira pertence a Deus
Moisés insiste que todos devem participar da adoração, dos mais velhos às crianças. Isso mostra que a adoração é um compromisso coletivo, geracional, e a fé deve ser vivida em família.

(4) Sabedoria espiritual para discernir distrações
A proposta de Faraó parece razoável, mas é uma armadilha. Moisés tem discernimento e não abre mão do propósito completo de Deus, mesmo diante da pressão.

Concluindo, ainda hoje Satanás, age como Faraó, com estratégias, com tentações, com propostas sedutoras para nos desviar da verdadeira adoração. A reação de Moisés nos inspira a viver uma fé sem concessões, sem divisões, e com entrega total. Deus não quer apenas uma parte de nós, Ele quer tudo: nossa vida, nossa casa, nossos recursos e nosso coração.

3.2 - Ofertando o melhor ao Senhor

Ofertas para a Construção do Tabernáculo
O tabernáculo seria construído pelo povo de Deus, com os recursos que receberam pela providência divina ao saírem do Egito (Êx 3.21,22; 12.35,36). Para a construção do Tabernáculo os israelitas ofertaram voluntariamente e com alegria. A Palavra de Deus nos ensina que o fator motivante para a contribuição do crente é a alegria: "porque Deus ama ao que dá com alegria" (2Co 9.7). O Senhor não se agrada de quem entrega a sua oferta e dízimo contrariado ou por obrigação (Ml 3.10). De nada adianta contribuir com relutância e amargura. [5]

A Oferta para expiação dos pecados
A Bíblia menciona que sem derramamento de sangue não há remissão dos pecados (Hb 9.22), era necessário oferecer sacrifícios a Deus a fim de expiar os pecados. O pecado é algo tão terrível, que alguém tinha que pagar o preço, pois sem um sacrifício expiador do pecado não há perdão de Deus (Lv 6.7; 2Co 5.21).
No A.T. havia o sacrifício provisório, se ofertava uma animal no altar, e o sangue (a vida) deste, encobria os pecados: "Porque a vida da carne está no sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossa almas; porquanto é o sangue que fará expiação pela alma" (Lv 17.11). Muitas vezes era necessário fazer sacrifícios de animais pelos pecados, o sumo sacerdote cada ano entrava no santuário com sangue alheio (Hb 9.25). O sistema de sacrifício do A.T. apontava para Cristo e uma nova aliança que seria feita com o ser humano.
No N.T. Jesus Cristo se ofereceu em um único sacrifício, se entregando a morte de Cruz, o seu sangue aniquilou o pecado pelo sacrifício de si mesmo, de forma definitiva. Assim todos que creem em Jesus Cristo como Salvador, tem seus pecados perdoados e alcançam a salvação (Hb 9.28).
Se Moisés saísse do Egito sem os animais como iria oferecer sacrifícios para perdão dos pecados e adoração à Deus ? Ele sabia que não poderia abrir mão de algo tão importante para a vida espiritual do povo de Israel.
      
3.3 - Não permita que Satanás roube sua adoração
Faraó usado pelo adversário, queria que Moisés fosse sem os animais para que não houvesse o momento de adoração e quebrantamento diante de Deus.
São várias as estratégias que Satanás usa para impedir que ocorra a verdadeira adoração. Já percebeu que as pessoas a cada dia que passa estão sendo enganadas e vulneráveis ao poder de Satanás ? 
A maior estratégia do adversário é fazer com que a pessoa use seus recursos para coisas que não edificam, se enquadra aqui o tempo, as 24 horas horas do dia são sugadas pelo adversário com entretenimentos, redes sociais, teatros, cinemas, passeios, compras, trabalho, estudos ... QUE DE MODO SEM MEDIDA, tira todo o tempo das pessoas adorarem a Deus, meditarem na Palavra de Deus, irem para o culto na Igreja, e o pior, muitas pessoas não se preocupam com suas vidas espirituais. Jesus em Lucas 12.20 chama esses de loucos. Sejamos moderados em tudo, em toda maneira de viver !

Comentário 
Pr. Éder Tomé

Referências

[1] Bíblia Sagrada (ARC) – Sociedade Bíblica do Brasil - 4° edição - 2009
[2] Bíblia Sagrada King Jones – Atualizada – Fiel aos Originais
[3] Bíblia Sagrada (NTLH) - Linguagem de Hoje
[4] Revista Betel Dominical Adultos - 2T - 2025
[5] Revista Lições Bíblicas - 1T - 2014 - Antonio Gilberto


sexta-feira, 28 de março de 2025

Lição 1 - O Primeiro Ato de Adoração: Reconhecendo a Soberania de Deus desde o Princípio

                                               

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Lei 9.610/98 (Direitos Autorais)

Nosso subsídio (comentário da lição) não é o mesmo conteúdo da revista Betel Dominical Adultos, é apenas um texto de auxílio complementar referente aos tópicos e subtópicos da lição. 

Introdução  

O texto de referência :    

Gênesis 4.1-5 
1 - E conheceu Adão e Eva, sua mulher, e ela concebeu, e teve a Caim, e disse: Alcancei do Senhor um varão.
2 - E teve mais a seu irmão Abel; e Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra.
3 - E aconteceu, ao cabo de dias, que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor.
4 - E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura; e atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta.
5 - Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o seu semblante.

1 - A Queda Afetou a Verdadeira Adoração
A Bíblia Sagrada mostra que as consequências do pecado de Adão e Eva se estendeu aos seus filhos Caim e Abel, bem como a toda a humanidade.
O apóstolo Paulo enfatiza "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram" (Rm 5.12).
Por causa da queda, todos nascem com uma natureza pecaminosa e separados de Deus. No entanto, a fé cristã ensina que Deus providenciou um meio de redenção através de Jesus Cristo. 
O apóstolo Paulo diz que assim como "pela desobediência de um só homem muitos foram feitos pecadores, assim também pela obediência de um só  muitos serão feitos justos" (Rm 5.19), referindo-se ao sacrifício de Cristo para restaurar a relação do ser humano com Deus.
Adão e Eva perderam a comunhão direta com Deus, foram expulsos do Paraíso e passaram a sofrer as consequências do pecado, como a morte, o sofrimento e a inclinação para o mal. Nesse tópico veremos que a queda também afetou os princípios que norteiam a verdadeira Adoração.

1.1 - O Nascimento de Caim e Abel
Segundo a Bíblia, Caim foi o primeiro filho de Adão e Eva e também foi o primeiro ser humano a nascer de uma mulher. 
É provável que Eva tenha pensado que Caim era a semente que Deus prometeu para atuar como redentor da humanidade: "Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e a descendência dela; este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar" (Gn 3.15).
Os primeiros filhos de Adão dedicaram-se à subsistência básica da civilização humana: a agricultura e a pecuária:  "Caim teve um irmão chamado Abel, que era pastor de ovelhas, enquanto Caim era lavrador" (Gn 4.2).
Adão e Eva adoravam a Deus por Suas obras magníficas, e mesmo depois da queda, eles prestavam adoração e desde a tenra infância de Caim e Abel, ensinava-os a fazer o mesmo. 
Em Gênesis 4, lemos que Caim e Abel levantou cada um deles, um altar para Deus: "E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor. E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta. Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante" (Gn 4.3-5).

1.2 - A Oferta que Deus Rejeita
Deus rejeitou a oferta de Caim pela condição espiritual e a intenção por trás dela, o problema não era simplesmente a oferta em si, por ser "frutos da terra" (observe que ao instituir as três festas cerimoniais de Israel, em uma delas, Deus pediu para trazer as primícias dos primeiros frutos da terra, leia Êxodo 23.19).
O Texto de Gênesis 4.3-7 sugere que a oferta de Abel foi feita com fé e coração sincero, enquanto a de Caim pode ter sido oferecida de maneira mecânica ou sem devoção genuína (Hb 11.4).
Abel ofereceu "as primícias do seu rebanho e a gordura", ou seja, o melhor que tinha. Já Caim trouxe "frutos da terra", sem especificar se eram os melhores. Isso pode indicar que Caim não ofereceu com o mesmo zelo de Abel.
Em Gênesis 4.7, Deus advertiu Caim sobre o pecado que estava à porta. Isso sugere que a rejeição da oferta estava mais relacionada à atitude interior de Caim do que ao tipo de sacrifício oferecido.
Caim movido por uma inveja maligna, matou Abel: "... se levantou Caim contra o seu irmão Abel, e o matou" (Gn 4.8). Aqui se abriu a marca da violência e pela banalidade quanto à vida humana, mais tarde, Lameque, um dos netos de Caim, matou dois homens por motivos fúteis e, em seguida, celebrou o seu duplo homicídio com uma poesia (Gn 4.23,24).
  
1.3 - A Oferta que Agrada a Deus
Deus se agradou da oferta de Abel porque ela foi oferecida com fé, excelência e um coração sincero. O texto bíblico sugere alguns motivos principais para isso.

(1) Fé e atitude correta
"Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala" (Hb 11.4)
Esse texto indica que Abel não apenas entregou algo, mas o fez com uma confiança genuína em Deus.

(2) Qualidade da Oferta
"E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta" (Gn 4.4)
No texto diz-se que Abel trouxe "as primícias do seu rebanho e a gordura", ou seja, ele ofereceu o melhor que tinha, um sinal de honra e gratidão a Deus.

(3) Sacrifício Adequado
Alguns teólogos veem a oferta de Abel como um sacrifício de sangue, simbolizando expiação, enquanto a de Caim foi apenas do fruto da terra. Isso poderia apontar para a futura necessidade de sacrifícios pelo pecado, culminando em Jesus Cristo.

2 - Dois Irmãos, Duas Ofertas Distintas

2.1 - A Perfeita Adoração ao Senhor
A perfeita adoração ao Senhor tem algumas características essenciais que podemos encontrar na Bíblia, vejamos algumas :

(1) Feita em Espírito e em Verdade
Jesus disse: "Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade" (Jo 4.24). Isso significa que a adoração deve ser sincera, com o coração voltado para Deus, e baseada na verdade da Sua Palavra.

(2) Com Fé e Sinceridade
Em Hebreus 11.6, a Bíblia ensina que "sem fé é impossível agradar a Deus". A adoração verdadeira vem de um coração que confia no Senhor e O busca com sinceridade

(3) Com Humildade e Obediência
A adoração não é apenas cantar ou orar, mas também viver de forma obediente a Deus. Romanos 12:1 diz que devemos oferecer nossos corpos como "sacrifício vivo, santo e agradável a Deus", ou seja, uma vida de obediência é uma forma de adoração.

(4) Em Santidade e Arrependimento
Deus não aceita uma adoração de um coração impuro e sem arrependimento. Salmo 24.3-4 ensina que só quem tem "mãos limpas e coração puro" pode estar na presença de Deus.

(5) Com Gratidão e Louvor
A verdadeira adoração é cheia de gratidão. Salmo 100.4 diz: "Entrai pelas portas dele com ações de graças e nos seus átrios, com louvor". Devemos reconhecer e agradecer a Deus por quem Ele é.

(6) Centralizada em Deus, não no homem
A adoração não deve ser motivada por emoções ou interesses pessoais, mas por amor a Deus. Em Mateus 22.37, Jesus nos ensina que devemos amar a Deus com todo o nosso coração, alma e entendimento.

(7) Oferecendo o Melhor a Deus
Assim como Abel ofereceu o melhor de seu rebanho (Gn 4.4), a adoração verdadeira envolve dar a Deus o melhor de nós: nosso tempo, talentos e vida.

2.2 - O Caminho da Adoração
"Mas as vossas iniquidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça" (Isaías 59.2)
O texto mostra que o pecado separa o homem de Deus, Caim fez uma oferta a Deus, todavia, seu coração estava voltado para o maligno, para a prática do pecado, e Deus não atentou para sua adoração.
O Caminho da adoração não é direcionado apenas por um ato isolado, um momento, mas por um estilo de vida que exalta a Deus em tudo o que fazemos, Caim não vivia este estilo de vida, não andava no caminho da adoração.

2.3 - A Pureza da Adoração
Caim não andava no caminho da adoração, por isso sua oferta foi rejeitada, e por isso ficou furioso e não aceitou a correção de Deus.
Em Gênesis 4.7, Deus o advertiu que o pecado estava à porta, mostrando que sua atitude já estava contaminada pelo orgulho e inveja.
Caim apresentou uma oferta, mas seu coração não estava alinhado com Deus, tornando sua adoração impura e inaceitável.
Em vez de se humilhar diante de Deus e corrigir sua atitude, Caim se entregou ao pecado e matou seu irmão. Isso prova que sua adoração não era verdadeira, pois a pureza da adoração leva à transformação e não ao pecado.

3 - A Oferta Agradável a Deus

3.1 - Abel, um Adorador por Excelência
Em Gênesis 4.3-5, Abel trouxe o melhor de seu rebanho, mas Caim apenas 'trouxe do fruto da terra", sem mencionar se era o melhor. Isso pode indicar que sua oferta não era feita com dedicação total.

3.2 - Abel, um homem de Fé
Em Hebreus 11.4, a Bíblia diz que "pela Fé, Abel ofereceu a Deus um sacrifício superior ao de Caim". Isso indica que Abel era um homem de Fé e que andava no estilo de vida de um verdadeiro adorador, em contrapartida, Caim não teve a mesma Fé ao apresentar sua oferta, tornando sua adoração vazia.

Abel entrou para a "galeria dos heróis da Fé" porque sua oferta a Deus foi feita com Fé verdadeira e agradou ao Senhor: "Pela Fé, Abel ofereceu a Deus um sacrifício superior ao de Caim; por essa fé foi reconhecido como justo, quando Deus aprovou as suas ofertas. Embora esteja morto, ainda fala por meio da fé" (Hb 11.4). Podemos pontuar os motivos que levou Abel a ser considerado um herói da Fé, a saber:

(1) Ofereceu a Deus com fé genuína
Abel não apenas trouxe um sacrifício, mas o fez com um coração cheio de confiança e reverência a Deus.

(2) Entregou o melhor
Enquanto Caim trouxe uma oferta sem especificação de qualidade, Abel deu "as primícias e a gordura" do seu rebanho (Gn 4.4), demonstrando entrega total.

(3) Foi declarado justo por Deus
Sua fé e atitude correta fizeram com que Deus aceitasse sua oferta e o considerasse justo, como também citado por Mateus: "para que sobre vós caia todo o sangue justo, que foi derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo ..." (Mt 23.35).

(4) Seu Testemunho Permanece
Mesmo após sua morte, Abel continua sendo um exemplo de fé, mostrando que a verdadeira adoração vem do coração e da obediência a Deus.

Abel entrou para a galeria da fé porque sua vida refletiu uma fé autêntica e uma entrega sincera a Deus, tornando-se um modelo para todos os que desejam agradar ao Senhor.
      
3.3 - O Altar da Adoração estava em Abel
O Altar de Adoração estava em Abel, pois sua vida e atitude refletem os princípios de uma verdadeira adoração a Deus. Aqui estão alguns pontos que sustentam essa ideia :

(1) O Coração de Abel era um Altar
Antes mesmo de construir um altar físico, o mais importante é que Abel tinha um coração totalmente dedicado a Deus. Ele ofereceu sua oferta com fé (Hb 11.4) e sinceridade, demonstrando que sua adoração vinha do interior.

(2) Ele Deu o Melhor a Deus
Em Gênesis 4.4, Abel trouxe 'as primícias e a gordura" do seu rebanho. Isso simboliza entrega total, reconhecimento da soberania de Deus e gratidão.

(3) Sua Vida foi um Sacrifício
Abel não apenas ofereceu um cordeiro no altar, mas sua própria vida se tornou um testemunho de fé. Ele foi morto por Caim, mas sua adoração e justiça continuam a falar até hoje (Hb 11.4).

(4) O Verdadeiro Altar Está no Coração
Em João 4.23-24, Jesus ensina que a verdadeira adoração não está em um lugar físico, mas acontece "em espírito e em verdade". Abel viveu essa verdade ao demonstrar um coração rendido a Deus.
Portanto, podemos dizer que o altar da adoração estava em Abel, pois ele não apenas fez uma oferta, mas viveu em adoração genuína ao Senhor.


Comentário 
Pr. Éder Tomé

Referências

[1] Bíblia Sagrada (ARC) – Sociedade Bíblica do Brasil - 4° edição - 2009
[2] Bíblia Sagrada King Jones – Atualizada – Fiel aos Originais
[3] Bíblia Sagrada (NTLH) - Linguagem de Hoje
[4] Revista Betel Dominical Adultos - 2T - 2025