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domingo, 9 de fevereiro de 2025

Lição 7 - O Movimento de Santidade - Buscando a Perfeição Cristã em Vida

 

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Introdução  

O texto de referência :    

Atos 4.29-31 
29 - Agora, pois, ó Senhor, olha para as suas ameaças e concede aos teus servos que falem com todas a ousadia a tua palavra.
30 - enquanto estendes a mão para curar, e para que se façam sinais e prodígios pelo nome do teu santo Filho Jesus.
31 - E, tendo eles orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a Palavra de Deus.

Atos 13.52 
52 - E os discípulos estavam cheios de alegria e do Espírito Santo.
  

1 - Os Alicerces do Movimento de Santidade

1.1 - A Importância do Movimento de Santidade
Como já podemos observar no decorrer dos estudos, ao longo dos tempos, o cristianismo sempre experimentou despertamentos ou avivamentos espirituais.
O "Movimento de Santidade" (século XIX) que foi um importante movimento alicerçado pelas teologias Pietista, Puritana e Metodista ao qual buscava a purificação do cristão, preparou o protestantismo norte-americano para o advento do pentecostalismo (vide lição anterior), portanto, o Pentecostalismo não surgiu do nada, foi fruto do "Movimento de Santidade".

Primeira Denominação Pentecostal do Mundo
Há registros de que como parte do Movimento de Santidade, em 19 de agosto de 1886, foi fundada a Igreja União Cristã (Christian Union Church), e quem em 11 de janeiro de 1907, tiveram experiências pentecostais, a partir daí foi denominada oficialmente o nome Igreja de Deus (Church of God). Essa Igreja de Cleveland, EUA, pode ser considerada a primeira denominação pentecostal do mundo. A mudança de nome, está ligada ao fato de que a intenção era reunir todas as denominações evangélicas em uma só, daí surgiu esse nome neutro. Temos algumas igrejas locais dessa denominação no Brasil ligadas a Igreja de Deus de Cleveland. [9]
Segundo dados oficiais, em 2022, a Church of God tem adesão de mais de 7 milhões de pessoas e 36.000 igrejas locais em 178 países. [Leia mais]

1.2 - A Origem do Movimento de Santidade
O Movimento de Santidade tem suas raízes no metodismo do século XVIII, especialmente nos ensinamentos do John Wesley sobre a santificação e a perfeição cristã. Wesley ensinava que, além da JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ (primeira bênção), os crentes deveriam buscar uma experiência mais profunda com Deus, chamada de SANTIFICAÇÃO INTEIRA (segunda bênção), onde seriam libertos do pecado e capacitados a viver uma vida santa.
No século XIX, dentro do metodismo e de outras denominações protestantes, surgiu um movimento que enfatizava a experiência da santificação como uma segunda bênção, distinta da conversão (ou justificação pela fé). Esse movimento ganhou força principalmente nos Estados Unidos e influenciou o surgimento de diversas igrejas e denominações, incluindo o movimento pentecostal.

Jonathan Edwards (1703-1758)
Jonathan Edwards é um dos maiores nomes da história do cristianismo e um exemplo de educador que unia sua profunda habilidade intelectual à devoção e ao fervor espiritual. Ele não foi um líder direto do Movimento de Santidade, mas seu ministério e teologia tiveram influência indireta sobre o desenvolvimento do avivamento religioso que, mais tarde, daria origem ao movimento da santidade.
O "Grande Despertamento" de 1730-1740 teve Jonathan Edwards como uma das figuras centrais desse avivamento nos Estados Unidos. Seu sermão mais famoso "Pecadores nas Mãos de um Deus irado", enfatizava a necessidade de uma experiência real e transformadora com Deus, o que ressoou com o ensino posterior da "segunda bênção".
Vale lembrar que Edwards era calvinista, enquanto o Movimento de Santidade surgiu principalmente no arminianismo metodista, que enfatizava a liberdade humana (livre-arbítrio) em cooperar com a graça de Deus. Edwards ajudou a moldar o cenário espiritual americano com sua ênfase no avivamento e na transformação pessoal, o que influenciou indiretamente o Movimento de Santidade. No entanto, suas visões sobre santificação diferem da doutrina wesleyana da "segunda bênção".

O Grande Despertamento
Jonathan Edwards (1703-1758), um dos principais teólogos do "Grande Despertamento" não usava a expressão "segunda bênção" no sentido tradicional wesleyano. No entanto, ele falava sobre experiências subsequentes à conversão que aprofundavam a relação do crente com Deus.

a) Para Edwards, a conversão era uma experiência transformadora inicial, mas a vida cristã envolvia um crescimento progressivo na graça.

b) Ele enfatizava experiências de renovação espiritual, onde os crentes poderiam ter encontros mais profundos com Deus, caracterizados por uma maior visão da glória divina e um amor intenso por Cristo.

c) Essas experiências eram muitas vezes acompanhadas de emoções fortes e um senso renovado da presença de Deus, mas não eram entendidas como uma segunda obra definitiva da graça

d) Diferente da teologia wesleyana, Edwards não via a santificação como um estado alcançável nesta vida, mas como um processo contínuo até a glorificação.

Essa doutrina defendida por Jonathan  Edwards não lhe soa familiar ao ler a confissão de fé Assembleiana ?  Compare abaixo :

  
1.3 - O Ensinamento da Segunda Bênção
John Wesley (1703-1791) e os metodistas ensinavam um "Segunda Bênção" chamada "Santificação Inteira" ou "Perfeição Cristão" distinta da conversão. Para eles a "Segunda Bênção" trazia libertação do poder do pecado, permitindo uma vida de amor perfeito e santidade.
Essa experiência era vista como uma obra instantânea da graça, recebida pela fé, que capacitaria o crente a viver sem pecado intencional.
O método wesleyano enfatizava uma busca ativa por essa experiência, frequentemente associada à disciplina espiritual e reuniões de santidade.
Portanto, a "segunda bênção" ou "segunda obra da graça" refere-se à experiência subsequente à conversão, na qual o crente recebe uma purificação mais profunda e a capacitação para uma vida santa. Entre os principais líderes e grupos que defenderam essa doutrina, destacam-se :

Phoebe Palmer (1807-1874)
Pregador metodista que popularizou a ideia de uma experiência instantânea de santificação.

Charles Finney 
Evangelista que associou a santificação à "plenitude do Espírito Santo".

A Igreja do Nazareno e outras denominações de santidade
Desenvolveram-se com base nessa doutrina.

Essa ênfase na santificação foi muito importante porque influenciou diretamente o movimento pentecostal, que adicionou a crença no batismo com o Espírito Santo, evidenciado pelo falar em línguas.

2 - O Surgimento de Alguns Movimentos

2.1 - O Movimento Keswick
O Movimento Keswick foi um movimento cristão prostestante que surgiu no final do século XIX na Inglaterra, centrado na busca por uma vida cristã mais profunda e santificada. Ele teve origem nas Convenções de Keswick, iniciadas em 1875 na cidade de Keswick, no Reino Unido, como uma série de encontros voltados para o ensino da "vida vitoriosa" ou "vida abundante" em Cristo.
O Movimento Keswick influenciou o desenvolvimento da teologia da santificação dentro do evangelicalismo, especialmente no meio protestante. Ele teve impacto sobre igrejas e denominações como batistas, metodistas e presbiterianos e ajudou a moldar movimentos como o pentecostalismo e a teologia da "vida abundante".
O Movimento ainda existe hoje, com convenções anuais em Keswick e influência em várias partes do mundo. Principais características do Movimento Keswick:

1. Santificação e Vida Vitoriosa
Enfatiza a ideia de que o cristão pode viver uma vida de vitória sobre o pecado por meio da consagração total a Deus e da confiança no poder do Espírito Santo.

2. Entrega e Descanso em Cristo
Em vez de uma luta constante contra o pecado por esforço próprio, o movimento ensina que os crentes deve "descansar" na suficiência de Cristo.

3. Cura e Restauração Espiritual
Encoraja os crentes a experimentarem uma transformação contínua por meio de uma relação mais profunda com Deus.

4. Ênfase na Missão e Evangelismo
Movimento teve um impacto significativo no envio de missionários pelo mundo, incluindo figuras influentes como Hudson Taylor e Amy Carmichael.

O Movimento Keswick teve suas raízes em convenções anteriores realizadas em Oxford (1874) e em Brighton (1875), que ajudaram a moldar sua ênfase na santificação e na "vida vitoriosa" em Cristo.

1. Convenção de Oxford (1874)
Primeiro evento significativo que reuniu muitos cristãos interessados em uma vida espiritual mais profunda, ocorreu por influencia do pregador Robert Pearsall Smith que defendia a ideia de santificação como uma experiência distinta da conversão. Ele foi fortemente influenciado pelo movimento de santidade metodista. O Tema dessa conferência enfatizava a vida vitoriosa sobre o pecado e a ideia que os crentes podem experimentar um nível mais elevado de comunhão com Deus por meio da entrega total e da fé.

2. Convenção de Brighton (1875)
Esse evento foi organizado por Hannah Whital Smith, esposa de Robert Pearsall Smith e atraiu milhares de pessoas, incluindo pastores, evangelistas e líderes cristãos de diferentes denominações.
O Tema dessa conferência enfatizava que o cristão pode experimentar a plenitude do Espírito Santo e viver em vitória sobre o pecado.
O Evangelista Robert Pearsall, pregou uma mensagem enfatizando a necessidade de um segundo momento da graça, que era uma experiência subsequente à conversão.
      
2.2 - O Movimento de Edward Irving
Edward Irving (1792-1834) foi um pregador escocês e fundador do movimento conhecido como Irvingismo ou a Igreja Católica Apostólica, foi muito influente em Londres, veja algumas doutrinas defendidas :

1. Restauração dos dons espirituais
Ele ensinava que os dons do Espírito Santo, como curas, profecia e línguas, deveriam ser restaurados na igreja moderna

2. Escatologia Apocalíptica
Acreditava na proximidade do retorno de Cristo e na necessidade de preparar a igreja para esse evento.

3. Cristologia controversa
Irving defendia que Cristo assumiu a natureza humana caída, mas permaneceu sem pecado. Essa doutrina gerou críticas e levou à sua expulsão da Igreja da Escócia em 1833.

Igreja Católica Apostólica
Após a expulsão de Edward Irving da Igreja Presbiteriana da Escócia, Irving e seus seguidores fundaram a Igreja Católica Apostólica, um movimento que pretendia restaurar a igreja à sua estrutura apostólica original. Eles criaram uma liturgia forma e um hierarquia eclesiástica rígida baseada em Efésios 4:11 contando com Apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres.

2.3 - A Expectativa de um Novo Pentecoste
Aos 42 anos, Edward Irving passou para o Senhor, mas o movimento continuou estabelecendo igrejas na Europa e nos Estados Unidos.
O movimento de Irving é considerado um precursor do pentecostalismo porque enfatizava a manifestação dos dons espirituais. Muitos de seus conceitos foram retomados por movimentos de santidade no século XIX e, eventualmente, pelo movimento pentecostal no século XX.
Movimentos como de Edward Irving e Keswick criaram expectativas no meio cristão por um grande derramamento do Espírito Santo, já havia o cenário preparado para o movimento pentecostal no século XX.

3 - Os Pentecostais e o Movimento de Santidade

Não devemos pensar que o fogo pentecostal, com as manifestações dos dons espirituais, só existiu nos primeiros séculos da Igreja Primitiva.
No século 12, os valdenses falvam em línguas estranhas, segundo alguns registros históricos. Há também referências a manifestações espirituais entre albigenses.
No século 15, O pré-reformador Girolamo Savonarola era usado em dons de profecia e tinha visões. 
No século 16, após a reforma protestante, os registros aumentam. Há casos entre os anabatistas e, segundo o historiador alemão T. L. Souer, o próprio Martinho Lutero falava em línguas estranhas: "Dr. Martin Lutero proferizava, evangelizava, falava em línguas e interpretava revestido de todos os dons do Espírito Santo".
No século 17, entre os Quacres, há registros e línguas estranhas, W. C. Braithwait, no seu relato sobre as primeiras reuniões dos Quacres, escreveu: "Esperando no Senhor, recebemos com frequência o derramamento do Espírito sobre nós e falamos em novas línguas". No mesmo período, há glossolalia (línguas estranhas) entre os pietistas. O Movimento Pietista nasceu na Alemanha, em 1666.
No Século 19, há um boom de registros de glossolalia. Há casos na Escócia, em 1830; na Inglaterra, na mesma época; nos Estados Unidos, em 1854,1857,1873,1875; na Rússia no final do século 19.  [7]

3.1 - O Desenvolvimento dos Aspectos Pentecostais 
Donald W. Dayton, em seu livro Theological Roots of Pentecistalism (Raízes Teológicas do Pentecostalismo) de 2018, analisa o desenvolvimento teológico do pentecostalismo, destacando como ele emergiu de correntes anteriores do cristianismo. Ele identifica quatro aspectos principais que moldaram o pensamento pentecostal :

1. Conversão
O pentecostalismo herda a ênfase evangélica na experiência de conversão como um momento de transformação radical. Esse conceito vem do Pietismo e do "Movimento de Santidade", que viam a conversão como um encontro pessoal e transformador com Deus.

2. Santificação (Segunda Bênção)
Dayton destaca a influência do "Movimento de Santidade" Wesleyano, que ensinava uma segunda bênção após a conversão: a santificação inteira ou perfeição cristã. Esse ensinamento foi posteriormente adaptado por pentecostais, que reinterpretaram a santificação como uma preparação para o batismo no Espírito Santo.

3. Batismo no Espírito Santo e Evidência das Línguas
O aspecto mais distinto do pentecostalismo, segundo Dayton, foi a introdução do batismo no Espírito Santo como uma experiência distinta da conversão e da santificação. Diferente da tradição Wesleyana, o pentecostalismo passou a associar esse batismo com a evidência inicial de falar em línguas (glossolalia), uma crença popularizada a partir do movimento da Rua Azuza (1906).

4. Cura Divina
O pentecostalismo também absorveu a ênfase na cura divina, influenciado pelo movimento de cura da fé do século XX. Líderes como A. B. Simpson e John Alexander Dowie promoveram a ideia de que a cura era parte do evangelho e poderia ser recebida pela fé, uma crença incorporada ao pentecostalismo

Para Dayton, o pentecostalismo não surgiu isoladamente, mas como resultado da intereação entre o evangelicalismo, o Movimento de Santidade e a ênfase restauracionista na experiência do Espírito Santo. Sua obra ajuda a entender como esses aspectos teológicos foram desenvolvidos e combinados para forma a identidade pentecostal.

3.2 - A Influência sobre o Pentecostalismo Estadunidense
O pentecostalismo nos Estados Unidos foi influenciado por diversas tradições e movimentos cristãos do século XIX. O Pentecostalismo foi moldado por quatro correntes teológicas :
1. Evangelicalismo
2. Movimento de Santidade
3. Movimento de Cura Divina
4. Restauracionismo Apocalíptico
Líderes como Charles Parham e William Seymour foram fortemente influenciados por essas correntes teológicas.
O Pentecostalismo estadunidense surgiu da fusão desses elementos e rapidamente se espalhou pelo mundo. A partir dos EUA, ele se tornou um dos maiores movimentos cristãos globais, influenciando diversas denominações e criando novas tradições dentro do protestantismo.
Os grandes avivamentos do século XIX nos EUA ajudaram a formar um cristianismo focado na experiência pessoal com Deus e na evangelização fervorosa. Isso moldou a ênfase pentecostal na pregação dinâmica, na adoração espontânea e na busca por manifestações no Espírito Santo.

Charles Fox Parham (1873-1929)
Charles Fox Parham é considerado o Pai do Pentecostalismo Moderno, foi um pregador e evangelista americano que desempenhou um papel fundamental no surgimento do pentecostalismo, sistematizou a doutrina do batismo no Espírito Santo com a evidência do falar em línguas (glossolalia), que se tornou a marca distintiva do movimento.
Parham passou por várias denominações incluindo o Metodismo e o Movimento de Santidade. Ele foi influenciado pela teologia wesleyana da santificação e pelas ideias de cura divina no século XIX, acreditava que a igreja precisava de um avivamento como o de Pentecostes descrito em Atos 2, onde os irmãos da Igreja Primitiva foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas.
Em 1900, Parham fundou o Bethel Bible College (Colégio Bíblico Betel) em Topeka, Kansas, ali estudavam o livro de Atos em busca de uma resposta sobre a evidência do batismo no Espírito Santo.
Em 1901, a estudante Agnes Ozman pediu para Parham orar por ela para receber o Espírito Santo, foi quando ela começou a falar em línguas, o que Parham considerou a redescoberta do batismo no Espírito Santo com evidências de glossolalia. Esse evento é amplamente reconhecido como o início do movimento pentecostal moderno.
      
3.3 - A Influência na Rua Azuza
Após o ocorrido com a estudante Agnes Ozman em Topeka no Kansas, Parham levou sua mensagem a oturos estados, promovendo avivamentos e ensinando sobre o batismo no Espírito Santo. 
Em 1905, ele abriu uma escola em Houston, Texas, onde um de seus alunos foi William J. Seymour, que levaria essa mensagem para Los Angeles e se tornaria o líder do Avivamento da Rua Azuza (1906-1909), um dos maiores eventos da história do pentecostalismo.
Embora Parham tenha sido o pioneiro, foi Seymour quem ajudou a espalhar o movimento globalmente.
Havia um forte desejo de restaurar a igreja primitiva e uma convicção de que o batismo no Espírito Santo era um sinal do fim dos tempos. O pentecostalismo cresceu dentro desse contexto escatológico, impulsionado por avivamentos como o da Rua Azuza (1906).

Comentário 
Pr. Éder Tomé

Referências

[1] Bíblia Sagrada (ARC) – Sociedade Bíblica do Brasil - 4° edição - 2009
[2] Bíblia Sagrada King Jones – Atualizada – Fiel aos Originais
[3] Bíblia Sagrada (NTLH) - Linguagem de Hoje
[4] Revista Betel Dominical Adultos - 2T - 2024
[5] versículoscomentados.com.br
[6] Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal - CPAD
[7] Revistas Lições Bíblicas - Ano 2 - CPAD - A História da Igreja
[8] De acordo com IA (Inteligência Artificial) - OPENIA
[9] História dos Evangélicos - João Oliveira - Ed. Valentina

domingo, 2 de fevereiro de 2025

Lição 6 - O Wesleyanismo: A chama que deu forma ao Metodismo e à Santidade

 

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Introdução  

O texto de referência :    

Romanos 10.13-17 
13 - Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
14 - Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como creram naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?
15 - E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam a paz, dos que anunciam coisas boas!
16 - Mas nem todos obedecem ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem creu na nossa pregação?
17 - De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.     

1 - O Início do Ministério de John Wesley

1.1 - Um Clérigo Anglicano
    
Quem foi John Wesley
John Wesley (1703-1891), nasceu em Epworth, Inglaterra, ele foi um Clérigo Anglicano e teólogo britânico, fundador do movimento metodista no século XVIII.
Era filho de Samuel Wesley, um ministro anglicano, e Susanna Wesley, uma mãe dedicada à educação religiosa de seus filhos.
John Wesley estudou em Oxford, onde ingressou no "Clube Santo" (Holy Club), um grupo que buscava disciplina espiritual rigorosa, daí veio o nome "metodista".
Foi ordenado sacerdote anglicano em 1728, mas só foi em 1738 que deve uma experiência transformadora ao ouvir a leitura do comentário de Lutero sobre Romanos, sentindo seu "coração estranhamente aquecido", um momento central de sua conversão.

Fundação do Metodismo
John Wesley começou a pregar ao ar livre, alcançando trabalhadores e pessoas excluídas das igrejas.
Enfatizou a salvação pela fé, a necessidade da santificação e a busca pela perfeição cristã.
Criou pequenos grupos (sociedades metodistas) para discipulado e apoio mútuo.
A Igreja Anglicana rejeitou as práticas de John Wesley. Em 1784, Wesley ordenou ministros para a América, o que levou à separação formal e ao crescimento das Igrejas Metodistas.

1.2 - A Influência do Pietismo

Relembrando o Pietismo - Visão Geral
O pietismo surgiu no século XVII dentro do luteranismo, enfatizando:
(a) Experiência pessoal de conversão e fé, além do mero assentimento intelectual.
(b) A santidade prática, vivendo de maneira moral e disciplinada.
(c) O estudo das Escrituras e a oração como partes essenciais da vida cristã.
(d) O compromisso com o evangelismo e a ação social.

As Influências do Pietismo nas Igrejas Cristãs
Na lição anterior vimos como o movimento de renovação dentro da Igreja Luterana denominado de Pietismo (século XVII) influenciou poderosamente. O Pietismo foi um movimento que além de trazer renovação para o luteranismo, impactou diversas correntes cristãs pelas suas práticas e ênfases teológicas, inclusive as Assembleias de Deus.
O Pietismo também teve uma influência significativa no metodismo de John Wesley, especialmente na ênfase na experiência pessoal da fé, na santificação e na vida cristã disciplinada. Essa influência veio principalmente através do contato de John Wesley com os Morávios, um grupo pietista ligado à tradição reformada e luterana.
  
1.3 - A Influência do Pietismo Morávio

Encontro de John Wesley com os Pietistas
Durante sua viagem missionária para a Geórgia (1735-1737), Wesley conheceu morávios pietistas liderados por August Spangenberg. Ele ficou impressionado com sua fé serena durante uma tempestade no mar.
Após seu retorno à Inglaterra, Wesley buscou orientação com o pastor morávio Peter Bohler, que o ajudou a entender a justificação pela fé.

As Influências Pietistas no Metodismo
John Wesley incorporou vários elementos pietistas em seu movimento metodista:

(1) Ênfase na experiência de conversão
Assim como os pietistas, Wesley acreditava que a fé devia ser algo vivido profundamente no coração.

(2) Santificação e Perfeição Cristã
A doutrina metodista de santificação e da perfeição cristã reflete a ideia pietista de um progresso contínuo na fé.

(3) Pequenos grupos de discipulado
Os grupos metodistas como os "band societies" (Sociedade de Bandas) e "class meetings" (Reuniões de Classe) foram inspirados nos "collegia pietatis" (pequenos grupos devocionais pietistas)

(4) Ênfase na vida moral e prática
Wesley, como os pietistas, pregava contra o formalismo religioso e insistia numa vida cristã ativa.

(5) Evangelismo e Missões
Os metodistas, assim como os morávios, focaram na expansão missionária.

Diferenças entre Pietismo e Metodismo
Apesar da influência, John Wesley se distanciou dos pietistas em alguns pontos:
(a) Ele manteve uma forte ênfase sacramental, enquanto muitos pietistas 
      rejeitavam a centralidade dos sacramentos
(b) Enquanto os morávios enfatizavam a passividade na fé (descanso em 
      Cristo), Wesley insistia na ação e responsabilidade pessoal na busca 
      da santidade.
(c) O metodismo se tornou um movimento mais organizado e institucional,
      enquanto os pietistas eram mais descentralizados.

O Pietismo moldou profundamente a espiritualidade de John Wesley, ajudando a dar ao metodismo sua ênfase na conversão pessoal, na santidade e na formação de comunidades comprometidas.
No entanto, John Wesley desenvolveu um movimento distinto, equilibrando experiência emocional e disciplina metodológica.

2 - A Pneumatologia Wesleyana

2.1 - Um Coração Estranhamente Aquecido
John Wesley era um sacerdote anglicano devoto e disciplinado, mas sentia dúvidas e insegurança sobre sua própria fé e salvação.
Foi na viagem missionário para Geórgia, EUA, em 1735, cuja missão foi um fracasso que conheceu os morávios pietistas conforme foi mencionado e ele foi impactado pela fé desses irmãos.
Retornou à Inglaterra em 1737, desanimado e buscando uma experiência mais genuína com Deus. Os Pietistas deixaram sementes no coração de Wesley.

Em 24 de maio de 1738, Wesley teve sua famosa experiência de conversão na rua Aldersgate, ao ouvir um texto de Lutero sobre Romanos lido por um morávio. Ele sentiu seu "coração estranhamente aquecido", convencendo-se de que sua salvação vinha somente pela fé : "Por volta das oito e quarenta e cinco da noite, enquanto lia a introdução de Lutero à Epístola aos Romanos, sobre a mudança que Deus opera no coração pela fé em Cristo, senti meu coração estranhamente aquecido. Senti que confiava em Cristo, somente em Cristo para a salvação, e me foi dada a certeza de que Ele havia tirado meus pecados, sim, os meus, e me salvado da lei do pecado e da morte".

O "coração estranhamente aquecido" simboliza o despertar espiritual de Wesley e a base de sua pregação sobre a graça e a certeza da salvação. Esse evento influenciou não apenas o metodismo, mas o cristianismo protestante como um todo.
      
2.2 - O Espírito Santo atua para a Salvação
John Wesley ensinava que a salvação é uma obra da graça de Deus, realizada pelo Espírito Santo em cada estágio da jornada cristã. Ele enfatizava que o Espírito Santo atua desde a convicção do pecado até a santificação, capacitando o crente a viver em santidade.

Para John Wesley, o Espírito Santo é o agente essencial da salvação em cada etapa:
(1) Graça preveniente
     Convence do pecado e leva ao arrependimento
(2) Justificação e Novo Nascimento
     Testifica da salvação e transforma o coração
(3) Santificação
      Capacita para uma vida santa e leva ao amor perfeito.
      (a) Santificação Inicial
           Começa no momento da conversão, quando o crente recebe 
           um novo coração e desejos santos.
      (b) Santificação Progressiva
           O Espírito Santo continua a transformar o crente ao longo da vida,
           dando força para vencer o pecado e crescer em amor

2.3 - A Experiência na Teologia Wesleyana
A partir do momento em que o coração de John Wesley foi estranhamente aquecido, ocorreu uma  virada na vida de John Wesley, Ele passou de uma fé intelectual e legalista para uma fé baseada na graça e na certeza da salvação.

John Wesley finalmente entendeu e aceitou a justificação pela fé, algo que os morávios já lhe ensinavam. Essa experiência deu-lhe nova motivação para pregar o evangelho, levando ao reavivamento metodista.

A partir desse momento, Wesley começou a pregar ao ar livre, alcançando as massas que não iam às igrejas. Ele enfatizou a experiência pessoal da salvação, algo essencial para o metodismo. Também reforçou a santificação e a busca pela perfeição cristã, ou seja, um progresso contínuo na fé e na obediência a Deus.

As Igrejas passaram a valorizar a pregação e evangelização
A pregação ungida foi uma das grandes marcas do Avivamento Wesleyano, reunindo milhares de pessoas ao ar-livre. Conta-se que só em uma pregação de George Whitefield ao ar-livre, no início do avivamento, mas de 3 mil pessoas aceitaram a Jesus de uma só vez.
A valorização à Palavra de Deus e à comunhão entre os irmãos era mais importante entre os cristãos despertados pelo avivamento. Aliás, o avivamento começou depois de Wesley ter o seu coração "incendiado" pela Palavra de Deus.
A experiência de Wesley resultou nesse grande avivamento inglês, que alcançou outros países. Segundo os historiadores, foi esse avivamento que evitou que a Grã-Bretanha vivenciasse a mesma revolução sangrenta pela qual passou a França em 1789. E tudo começou pela Palavra de Deus.
Portanto, a oração do salmista Davi deve ser a nossa: "Vivifica-me, Senhor, conforme a Tua Palavra!" (Sl 119.107b). [7]

3 - O Avivamento Metodista

3.1 - Os Metodistas
A origem do Metodismo está ligado a pessoa de John Wesley, de seu irmão Charles Wesley e George Whitefield, todos esses faziam parte de um grupo de anglicanos que se reunia periodicamente para buscar a Deus e estudar a bíblia; esse grupo passou a ser chamado de 'Clube Santo' por muitas pessoas em um tom sarcástico.
Portanto, o 'Clube Santo' foi um grupo de estudantes de Oxford que se reunia para estudar a Bíblia, orar, meditar e se preocupavam com a miséria ao redor. John Wesley preferia chamar o grupo de 'Metodistas de Oxford', porque eles seguiam métodos de disciplina pessoal e cultivo espiritual que chamavam a atenção dos demais alunos da Universidade de Oxford.

O Metodismo de John Wesley adotou o Calvinismo ou Arminianismo ?
A Igreja Anglicana, desde seu ínicio no século 16, adotara o Calvinismo como base teológica. Como vimos (em lições anteriores), dela surgiram os Puritanos, que eram majoritariamente calvinistas. No grupo que se reunia na universidade de Oxford, houve uma grande divisão. John Wesley repudiou o Calvinismo, passando a adotar o Arminianismo. A diferença é que para os Calvinistas, Deus escolheu de antemão quem iria para o Céu e quem iria para o Inferno. Assim, para os calvinistas, só iria até Cristo quem fora predestinado para tal. John Wesley adotou o conceito do livre-arbítrio. Ao contrário da doutrina da predestinação, os arminianos acreditavam que os próprios indivíduos escolhiam se queriam aceitar ou rejeitar a salvação. [9]

3.2 - O Wesleyanismo e o Movimento Pentecostal
O pentecostalismo (Movimento pentecostal) surgiu dentro de um contexto wesleyano. 
Muitas igrejas pentecostais foram influenciadas pelo conceito wesleyano, o metodismo ajudou a preparar o terreno para o pentecostalismo ao enfatizar a busca pela santificação, a doutrina do Livre-arbítrio, a doutrina da Graça preveniente e a ética social (justiça social, boas obras e evangelismo), e outras doutrinas importantes.
Fundamentado sobre essa base doutrinária genuína dos 'Metodistas de Oxford', o movimento Pentecostal que surgiu no século XX, especialmente com o avivamento da Rua Azusa em 1906, liderado por William J. Seymour, enfatizava: Batismo no Espírito Santo, Dons espirituais, Curas divinas e Evangelismo fervoroso.
      
3.3 - O Interesse na Restauração da Igreja
Como vimos no tópico anterior, é interessante entendermos o reavivamento Wesleyano para que possamos ter uma melhor compreensão do pentecostalismo que teve origem nas doutrinas de John Wesley. O Pentecostalismo não surgiu do nada.
John Wesley observou que a Igreja Anglicana, da qual fazia parte, caíra num ritualismo morto, devido ao seu forte sistema hierárquico e centralizado, muito distante das pessoas.
Ao renunciar ao clericalismo anglicano, exortava as pessoas a terem experiência pessoal com Jesus Cristo, deixando ritos que não produziam transformação nem santificação na vida pessoal.
O Movimento da Santidade preparou o protestantismo norte-americano para o advento do pentecostalismo. Historiadores pentecostais sublinham que o pentecostalismo surgiu do Movimento da Santidade do século 19. A formulação do Evangelho integral, o zelo pela evangelização do mundo nos últimos dias e a oração intensiva pelo derramamento do Espírito Santo resultou no reavivamento em Topeka, Los Angeles e os muitos que surgiram. 


Comentário 
Pr. Éder Tomé

Referências

[1] Bíblia Sagrada (ARC) – Sociedade Bíblica do Brasil - 4° edição - 2009
[2] Bíblia Sagrada King Jones – Atualizada – Fiel aos Originais
[3] Bíblia Sagrada (NTLH) - Linguagem de Hoje
[4] Revista Betel Dominical Adultos - 2T - 2024
[5] versículoscomentados.com.br
[6] Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal - CPAD
[7] Revistas Lições Bíblicas - Ano 2 - CPAD - A História da Igreja
[8] De acordo com IA (Inteligência Artificial) - OPENIA
[9] História dos Evangélicos - João Oliveira - Ed. Valentina