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domingo, 26 de janeiro de 2025

Lição 5 - O Pietismo - Reavivando o Coração através da Devoção Pessoal

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Introdução  

O texto de referência :    

Hebreus 12.1-2,12,13 
1 - Portanto, nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos, como paciência, a carreira que nos está proposta.
2 - Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.
12 - Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados.
13 - E fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que manqueja se não desvie inteiramente; antes, seja sarado.

1 - O Surgimento do Pietismo

1.1 - As Ideias da Reforma Pietista

Igreja Luterana
É bom deixar claro, que a Igreja Luterana, fruto da Reforma Protestante, não teve mudanças significativas na liturgia de culto. Até hoje, percebemos que a liturgia Luterana se assemelha mais com a liturgia Católica do que com a liturgia pentecostal. A alteração maior se deu na abolição de imagens de escultura, permissão para casamento dos pastores, os cultos deixaram de ser celebrados na língua Latim e passaram a ser conduzidos na língua do povo. A separação entre Igreja e Estado ainda estava ganhando corpo, nasceu na Reforma Protestante mas só foi concluída após o ano de 1789, depois da Revolução Francesa. 
Os pastores luteranos se dedicavam arduamente ao estudo da Bíblia Sagrada para ter condições de ensiná-la ao povo. 
Com o passar do tempo, muitas pessoas iam se tornando membros da Igreja Luterana, simplesmente porque nasciam em famílias luteranas, as pessoas iam aos cultos mais por hábitos do que por uma motivação real de adorar e cultuar a Deus, isso, somado as divergências teológicas acabou trazendo uma frieza espiritual e o enfraquecimento religioso.

O Pietismo
O Pietismo foi um movimento de renovação dentro da Igreja Luterana que surgiu no século XVII. Esse movimento enfatizava a vivência pessoal da fé, a leitura da Bíblia, a moralidade prática e o compromisso com a transformação espiritual e social. 
Este movimento dava extrema importância, à experiência de conversão. Os membros deveriam dar testemunho público de que eram realmente convertidos e não ser "luterano" apenas por ter nascido em uma família luterana. O Pietismo surgiu como uma reação ao formalismo e à rigidez teológica da ortodoxia luterana.

1.2 - O Resgate da Reforma
Como vimos, o Pietismo se preocupava com a experiência espiritual e individual da pessoa com Deus, existia uma preocupação com a conversão genuína, para isso foi estabelecido a confissão de fé pública, que influência inúmeras igrejas evangélicas até hoje.
Uma vez que a pessoa se convertesse, independente de sua origem social era incorporada na plena comunhão universal com os demais cristãos.
  
1.3 - O Pai do Pietismo

Philipp Jakob Spener
Philipp Jakob Spener foi o principal fundador do Pietismo, ele escreveu, em 1675, a obra Pia Desideria ("Desejos Piedosos"). Nela, propôs reformas para tornar a fé mais viva e ativa. 
Algumas das suas ideias principais eram:
(1) Ênfase na leitura e meditação bíblica
     Individual e Comunitária
(2) Pequenos grupos de oração e estudo da Bíblia
(3) Importância da experiência espiritual pessoal
     não apenas do conhecimento teológico. Mais do que apenas dogmas,
     os pietistas buscavam um encontro real e vivo com Deus.
(4) Cristianismo prático
      A transformação espiritual era medida pela mudança prática no 
      comportamento e pelo impacto social, especialmente no cuidado dos 
     pobres, órfãos e necessitados.
(5) sacerdócio de todos os crentes
     reduzindo a dependência exclusiva do clero

2 - A Convocação para uma segunda Reforma

2.1 - A Decadência Espiritual da Igreja Luterana
Já vimos nos tópicos anteriores algumas causas da decadência espiritual da Igreja Luterana, infelizmente a Igreja Luterana tomou a direção de práticas anti-bíblicas.
Philip Jakob Spener, pastor luterano, ficou incomodado com o que via, uma igreja estagnada, preocupada demais com debates teológicos e com pouca transformação prática na vida dos fiéis.
O Pietismo foi o movimento que renovou o luteranismo e impactou diversas correntes cristãs. Ele ajudou a moldar a espiritualidade protestante moderna, incentivando um cristianismo mais ativo, devocional e socialmente engajado.

Podemos destacar seis pontos principais das ideias de Spener, que ganharam força, especialmente entre leigos, que encontraram um espaço para vivenciar a fé de forma mais prática e próxima :
(a) Estudo bíblico acessível e centralizado 
      para todos, não apenas para o clero. A Palavra de Deus deveria ser 
      aplicada à vida diária, não apenas estudada academicamente.
(b) Renovação do sacerdócio universal dos crentes
      incentivando que todos participassem ativamente da vida cristã.
(c) Prática da fé através de boas obras
     como sinal de uma transformação espiritual genuína.
(d) Abolição de disputas teológicas irrelevantes
      promovendo unidade entre os cristãos.
(e) Educação e formação espiritual do clero
      para que formassem modelos de vida piedosa.
(f)  Grupos menores de cristãos (collegia pietatis)
      Pequenos grupos, onde os cristãos se reuniam para orar, estudar a 
      Bíblia e encorajar uns aos outros na caminhada espiritual.
      
2.2 - Conde Nicolau Ludwig Von Zinzendorf
O Conde Nicolau Ludwig von Zinzendorf (1700-1760) foi uma figura central no movimento dos Hermanos Morávios, uma comunidade cristã profundamente influenciada pelo pietismo.
Ele desempenhou um papel crucial na promoção de um cristianismo devocional, missionário e centrado em Cristo, que teve impacto global.
Zinzendorf nasceu em uma família aristocrática da Saxônia, na Alemanha, e foi educado em um ambiente profundamente religioso, influenciado pelo pietismo luterano, especialmente as ideias de Philipp Jakob Spener.
Desde jovem, demonstrava um fervor espiritual intenso e uma paixão por viver uma fé prática e centrada no amor a Deus e ao próximo.
Estudou Direito em Wittenberg, mas seu interesse estava mais voltado para assuntos espirituais e teológicos.

2.3 - A Missiologia Moraviana
Sob a liderança do Conde Zinzendorf, os Hermanos Morávios desenvolveram um dos primeiros movimentos missionários globais do cristianismo moderno:
(a) Enviaram missionários para lugares remotos, muitas vezes assumindo grandes riscos e vivendo em condições precárias.
(b) Seu trabalho foi motivado por um profundo senso de dever cristão e pelo desejo de compartilhar o amor de Cristo com os marginalizados e os esquecidos.
Portanto, Influenciados pelo pietismo, os Morávios eram um grupo missionário que levou o evangelho para várias partes do mundo. John Wesley, o fundador do metodismo, teve contato com eles e foi profundamente impactado. Falarei mais sobre isso no subtópico 3.3.
Zinzendorf é lembrado como um líder espiritual visionário, cuja vida e obra exemplificaram o espírito de amor, unidade e missão.
 
3 - Nossas Raízes Teológicas

3.1 - A Influência Pietista no Avivamento Norte-Americano
A influência do pietismo no avivamento norte-americano foi profunda e abrangente, moldando tanto a espiritualidade quanto as práticas religiosas nos Estados Unidos durante os séculos XVIII e XIX. O Pietismo, com sua ênfase na experiência pessoal com Deus, na vida devocional e no ativismo social, forneceu um fundamento teológico e prático para os movimentos de avivamento que transformaram o cristianismo americano.

O Pietismo preparou o terreno para o evangelicalismo moderno, com sua ênfase em conversão pessoal, missões e ativismo social.

Impacto e Legado
(a) Educação e ação social : O pietismo foi pioneiro em associar a fé à educação e aos cuidado com os marginalizados. Muitas das primeiras instituições cristãs de caridade e ensino moderno foram fundadas por pietistas.
(b) Renovação Espiritual : Trouxe uma nova ênfase à espiritualidae prática, ajudando a revitalizar o protestantismo, que havia se tornado mais ritualista.
(c) Influência global : Embora o pietismo tenha diminuído na Alemanha no final do século XVIII, suas ideias viveram em movimentos como o metodismo, o evangelicalismo e o movimento missionário..

3.2 - A Influência Americana e escandinava no avivamento brasileiro
O avivamento brasileiro, especialmente o pentecostalismo e a fundação das Assembleias de Deus, foi influenciado por duas grandes tradições cristãs: o pentecostalismo americano e o pietismo escandinavo. Essas influências ajudaram a moldar a espiritualidade, a teologia e as práticas da igreja pentecostal no Brasil.
A principal influência americana veio do avivamento da Rua Azusa (1906-1909), liderado por william Seymour, em Los Angeles. Esse avivamento foi um marco do pentecostalismo moderno e enfatizava: o batismo no Espírito Santo (evidenciado pelo falar em línguas) , a oração fervorosa e emotiva (com cultos marcados por espontaneidade e intensa busca espiritual) e um forte espírito missionário (incentivando a evangelização global).
Os missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren estavam nos Estados Unidos e entraram em contato com o movimento pentecostal na igreja batista, em 1910 vieram para o Brasil, trazendo a mensagem pentecostal, fundando a Assembleia de Deus em Belém do Pará, dando início ao movimento pentecostal no Brasil. 
Apesar de Berg e Vingren terem sido influenciados pelo pentecostalismo americano, eles eram de origem sueca e cresceram em igrejas influenciadas pelo pietismo escandinavo.
Portanto, a chegada de Berg e Vingren ao Brasil combinou o fervor pentecostal americano com a disciplina e o compromisso pietista sueco.
      
3.3 - As Marcas Pietistas nas Assembleias de Deus
A influência do pietismo nas Assembleias de Deus é significativa, mesmo que nem sempre seja reconhecida diretamente. O pietismo moldou várias tradições protestantes ao enfatizar a experiência pessoal com Deus, a santidade, a leitura bíblica, o discipulado e o ativismo evangelístico.
Muitos desses elementos foram assimiados pelos movimentos pentecostais, incluindo as Assembleias de Deus.

1. Espiritualidade Pessoal e a Busca pela Experiência com Deus
O pietismo enfatizava que a fé deveria ser vivida de maneira intensa e pessoal, não apenas como um sistema doutrinário. Da mesma forma, as Assembleias de Deus enfatizam a experiência com o Espírito Santo, especialmente através do batismo no Espírito Santo, que é visto como algo transformador na vida do crente.

2. Vida de Santidade e Discipulado
O pietismo defendia que a fé precisava mudar a vida da pessoa, levando a um comportamento moral elevado e a uma vida de santidade.
As Assembleias de Deus adotam uma forte teologia de santificação, ensinando que o crente deve viver uma vida separada do pecado e consagrada a Deus. A ênfase na santificação progressiva (ou seja, um processo contínuo de crescimento espiritual) tem raízes no pietismo e nos movimentos de santidade que vieram depois. O estudo bíblico, a oração intensa e a comunhão dos crentes são essenciais nas Assembleias de Deus, refletindo a tradição pietista de cultivar a fé diariamente.

3. Pequenos Grupos e Comunhão Cristã
Os pietistas organizavam grupos de estudo bíblico e oração chamados collegia pietatis, onde os cristãos podiam crescer espiritualmente fora do contexto dos cultos formais.
Muitas igrejas pentecostais, incluindo as Assembleias de Deus, incentivam círculos de oração, escolas bíblicas e pequenos grupos, onde os crentes podem se fortalecer espiritualmente. Essa estrutura fortalece o discipulado e permite um acompanhamento mais próximo da fé dos membros.

4. Evangelismo e Missões
O pietismo teve um papel fundamental na criação do movimento missionário moderno, especialmente por meio dos Hermanos Morávios, que levaram o evangelho a várias partes do mundo.
Desde sua fundação, as Assembleias de Deus adotaram uma forte ênfase missionária.
Assim como os pietistas acreditavam na responsabilidade de cada crente em evangelizar, os assembleianos também veem o evangelismo como parte essencial da vida cristã.
As Assembleias de Deus são hoje uma das maiores denominações missionárias do mundo, espalhadas por quase todos os países.

5. Práticas Pietistas no Culto Pentecostal
O pietismo promovia um culto mais espontâneo e emocional, com momentos de oração intensa e louvor fervoroso.
Os cultos assembleianos são conhecidos por sua liberdade no louvor e na oração, refletindo a espiritualidade emocional dos pietistas.
A ênfase na oração fervorosa e coletiva é outra herança do pietismo, que já promovia reuniões de oração como centrais na vida cristã.
O pietismo valorizava um cristianismo vivido no dia a dia, não apenas nos cultos formais, o que é um princípio presente nas Assembleias de Deus.

Conclusão
Embora as Assembleias de Deus tenham suas raízes diretas no movimento pentecostal, muitas de suas práticas e ênfases teológicas foram infuenciadas por tradições anteriores, incluindo o pietismo.
A ênfase em uma fé pessoa e viva, santidade, missões, discipulado em pequenos grupos e cultos fervorosos são marcas do pietismo que continuam a moldar a espiritualidade assembleiana.


Comentário 
Pr. Éder Tomé

Referências

[1] Bíblia Sagrada (ARC) – Sociedade Bíblica do Brasil - 4° edição - 2009
[2] Bíblia Sagrada King Jones – Atualizada – Fiel aos Originais
[3] Bíblia Sagrada (NTLH) - Linguagem de Hoje
[4] Revista Betel Dominical Adultos - 2T - 2024
[5] versículoscomentados.com.br
[6] Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal - CPAD
[7] Revistas Lições Bíblicas - Ano 2 - CPAD - A História da Igreja
[8] De acordo com IA (Inteligência Artificial) - Google
[9] História dos Evangélicos - João Oliveira - Ed. Valentina

domingo, 19 de janeiro de 2025

Lição 4 - O Puritanismo - Um Movimento de Pureza Espiritual e Vida Dedicada a Deus

                        

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Lei 9.610/98 (Direitos Autorais)

Nosso subsídio (comentário da lição) não é o mesmo conteúdo da revista Betel Dominical Adultos, é apenas um texto de auxílio complementar referente aos tópicos e subtópicos da lição. 

Introdução  

O texto de referência :    

Hebreus 12.1-2,12,13 
1 - Portanto, nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos, como paciência, a carreira que nos está proposta.
2 - Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.
12 - Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados.
13 - E fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que manqueja se não desvie inteiramente; antes, seja sarado.

1 - O Movimento Puritano

1.1 - O Início do Movimento

Duas Igrejas Cristãs Predominavam
Como vimos na lição anterior, no século 13, a Igreja Católica Romana se apoderou de toda comunidade cristã da Europa na pessoa do papa Inocêncio III (1198-1216), o momento de maior poder papal. 
Na época Roma e Constantinopla eram sedes do Império Romano, e a Igreja Católica de Roma caminhava junta com a Igreja Católica de Constantinopla.
Em 1054 a Igreja Católica de Constantinopla (hoje Istanbul na Turquia) rompe com a Igreja Católica de Roma, e surge a igreja Ortodoxa como resultado de disputas políticas e religiosas. Os ortodoxos questionavam o Papa como autoridade suprema, discordavam da veneração de imagens e da origem do Espírito Santo.
Até o século 16, eram somente duas igrejas cristãs que predominavam na Europa e no Oriente: a Católica Apostólica Romana e a Igreja Ortodoxa respectivamente. Todavia, estudiosos apontam que essas não eram as únicas igrejas ou comunidades de cristãos que existiam no século 16, e que havia grupos do movimento cristão primitivo como os Montanistas, Novacianos, Donatistas, Albigenses, Valdenses, Anabatistas, e outros grupos bem menores também existiam na época.
Em 1517, Martinho Lutero, um monge católico, da Ordem dos Agostinianos, de nacionalidade alemã, também questionou o poder absoluto do papa, e relacionou todos os erros da igreja Católica. Essa ação deu início ao movimento da Reforma Protestante. A partir de então, o Cristianismo dividiu-se em diversas igrejas diferentes: Luteranas, Presbiterianas, Metodistas, Congregacionais, Batistas e Anglicanas.

A Igreja Anglicana
Enquanto a Reforma Protestante ia acontecendo, outra reforma estava em andamento na Igreja da Inglaterra. No objetivo de fortalecer a aliança Espanha contra a França, o Rei Henrique VII propôs casamento de seu filho Artur, herdeiro do trono, com a princesa espanhola Catarina de Aragão, todavia, depois de quatro meses do casamento, Artur faleceu, e foi proposto que o irmão de Artur (futuro rei Henrique VIII) se casasse com a viúva, todavia, dessa união não veio o nascimento de um novo herdeiro para o trono, então o Rei Henrique VIII pediu para o papa Clemente VII que anulasse o casamento com Catarina, para se tornar livre para um novo casamento, o que não foi concedido.
Muitos acreditam que a Igreja Anglicana surgiu porque não foi concedido a permissão para o rei Henrique VIII se casar novamente, sendo o único motivo do rompimento da Igreja da Inglaterra com a Igreja Católica Romana, mas isso não é verdade, estudiosos apontam que desde o século 14 já havia uma insatisfação dos ingleses em prestar contas ao papa e pagar tributos a Roma, pois esse dinheiro era revertido à França para financiar guerra contra os próprios ingleses, tudo isso somado a Reforma Protestante de Lutero, que chegou na Inglaterra com força através de literatura clandestina, fez surgir a Igreja Anglicana que até os dias de hoje é subordinada ao rei da Inglaterra, hoje Charles III.

O Movimento Puritano
Conforme vimos, o rei Henrique VIII, rompeu com a Igreja Católica Romana, e deu início a Igreja Anglicana. Uma parte dos ingleses queriam que a Igreja Anglicana continuasse na doutrina católica, e outra parte queria que adotasse a nova doutrina da Reforma Protestante.
Esse impasse, só foi decidido no reinado da rainha Elizabeth I (filha do rei Henrique VIII com Ana Bolena). A fim de agradar a todos e estabilizar seu reinado, Elizabeth I, tomou a seguinte decisão: A Igreja Anglicana deve manter o culto dominical na liturgia católica para o povo, todavia, para que a burguesia e a elite econômica ficassem satisfeitas com as mudanças previamente solicitadas, a Igreja Anglicana deveria adotar para eles a Teologia Protestante.
Só que uma minoria de pessoas não gostaram desse posicionamento da Igreja Anglicana de ficar em cima do muro, o que deu inicio a um movimento para purificá-la. Esse movimento queria que a Igreja Anglicana deixasse todas as práticas da Igreja Católica Romana e ficasse totalmente purificada. Esse era o movimento dos chamados Puritanos.
Ouve conflitos entre os interesses do Puritanismo e os Reis que vieram posteriormente a Rainha Elizabeth I. Esses conflitos resultou em um processo de migração de puritanos para uma colônia da América do Norte, da qual surgiu os Estados Unidos no século XVII (a partir de 1601).
Enquanto o Brasil estava sendo colonizado de forma exploradora pelos Portugueses, fazendo uso de mão de obra escrava e catequizado pelos jesuítas da Igreja Católica Romana; os Estados Unidos estava sendo colonizado na forma de povoamento, fazendo uso de mão de obra livre pelos ingleses e sendo doutrinados pelos puritanos que chegaram aos Estados Unidos em 1620 em busca de liberdade religiosa, longe da Igreja Anglicana, portanto eles foram os primeiros colonos dos Estados Unidos (A nova Inglaterra).

1.2 - O Descontentamento com a Igreja

O movimento dos puritanos queriam uma reforma completa da Igreja Anglicana, eles estavam descontentes pelos seguintes motivos :
a) Para eles essa Igreja estava reformada pela metade, uma parte era católica e outra Protestante, e isso não estava certo.
b)  Havia muita interferência do rei na Igreja Anglicana, isso tinha que acabar, era revoltante essa situação
c) O rei impunha a religião anglicana aos puritanos
  
1.3 - O Cuidado com o Indivíduo

As visões dos puritanos incluíam : 

Aliança com Deus
Os puritanos acreditavam que tinham uma promessa com Deus para reformar a igreja Anglicana.

Santidade
Os puritanos acreditavam que era necessário viver uma vida piedosa e que tinha que buscar viver em Santidade.

Pregação
Os puritanos acreditavam que a pregação era fundamental e que as escrituras e a experiência cotidiana eram importantes.

Reforma Social
Os puritanos acreditavam em reformas democráticas e na criação de uma sociedade cristã disciplinada.

Autoridade da Bíblia
Os puritanos acreditavam que a Bíblia era a única autoridade em questões de fé e prática.

2 - Um Movimento Visionário

2.1 - Evangelização

Para os puritanos a Evangelização, era um instrumento de Deus para que o povo viesse a ter o conhecimento de Deus e da sua vontade. Para eles o evangelho tinha o poder de transformar a vida das pessoas e causar mudanças na sociedade.
Eles acreditavam que a Evangelização, era um instrumento de Deus para purificar a Igreja Anglicana, para que cada um dos ingleses pudessem alcançar uma vida cristã autêntica de forma duradoura e constante.
Toda a evangelização era feita baseada na Bíblia Sagrada, de forma prática e experimental, e não apenas de forma doutrinária, era um chamamento ao arrependimento e à reconciliação com Deus.
Ensinavam as pessoas a estudar a Bíblia e a aplicá-la em toda as áreas da vida.
      
2.2 - A Pregação Expositiva

Os puritanos eram pregadores que usavam o método de pregação expositiva, fazendo uma exposição da Bíblia de forma detalhada e lógica.
Os seus sermões eram repletos de argumentos, provas e demonstrações que partiam das Escrituras.

Características da pregação puritana
a) Expositiva, ou seja, expunha a Bíblia de forma detalhada
b) Lógica, ou seja, expunha a verdade linha por linha, preceito por preceito
c) Aplicada, ou seja, apresentava a verdade do texto bíblico de forma a ser 
    aplicada à vida dos ouvintes
d) Doutrinal, ou seja, centrada em Cristo e na sua doutrina
e) Popular, ou seja, tinha um estilo popular
f) Incisiva, ou seja, tinha uma aplicação incisiva
g) Poderosa, ou seja, tinha uma forma poderosa [8]

2.3 - A Paixão por Cristo

Um dos maiores puritanos foi Thomas Goodwin, um Congregacional. Escrevendo sobre o céu, Goodwin disse: "se tivesse que ir ao céu e descobrisse que Cristo não estava lá, eu sairia correndo imediatamente, pois o céu seria o inferno para mim sem Cristo".
O céu sem Cristo não é o céu, e se Cristo não estiver lá, eu não tenho desejo de estar lá. Os Puritanos eram pessoas apaixonadas por Cristo.
James Durhan escreveu em seu esboço de sermão: "Se Cristo é amor como um todo, então todo o resto é repulsivo como um todo". 
Queremos um pouquinho de Cristo, mas também um pouquinho de várias coisas. Mas o verdadeiro cristão quer Cristo e nada além de Cristo.
 
3 - Alguns Aspectos do Puritanismo e do Pentecostalismo

3.1 - A Doutrina Puritana do Espírito Santo

Os Puritanos ministravam sobre a relevância da ação do Espírito Santo:
a) O Espírito Santo é o autor das Escrituras
b) O Espírito Santo é o agente que permite que os eleitos compreendam as verdades espirituais

Os Puritanos enfatizavam a obra transformadora do Espírito Santo no processo de Salvação, e isso tem influenciado fortemente o Evangelicalismo moderno. Evangelicalismo é um palavra que enfatiza ter uma relação pessoal com Jesus Cristo, onde o perdão de Cristo, faz a pessoa renascer espiritualmente.

Os Puritanos buscaram e experimentaram o avivamento, isso resultou em uma vasta edição de livros devocionais puritanos, livros piedosos.
John Owen, escreveu uma obra de 24 volumes, incluindo a sua grande obra sobre o Espírito Santo.
George Whitefield  disse acerca dos Puritanos: "Embora mortos, por seus escritos ainda falam". Seus escritos ainda têm poder, influenciou vários movimentos cristãos ao longo dos séculos e continua influenciando hoje.

3.2 - A Missão do Povo de Deus

Os Puritanos desenvolveram seu próprio catecismo, credos e confissões de fé e se envolveram na missão de anunciar o evangelho. A fé e prática dos puritanos influenciaram a cultura e o caráter dos norte-americanos e o desenvolvimento do Cristianismo na América do Norte da mesma forma que o sal dá sabor e a luz faz diferença em meio as trevas.
      
3.3 - A Bíblia: Regra Infalível de Fé e Prática

Os puritanos acreditavam que a Bíblia era a autoridade final em todas as questões de fé e prática. Eles eram homens de oração que amavam a Bíblia.
Por fim, o grupo de puritanos era muito diversificado. Parte deles adotaram o Calvinismo, surgindo a Igreja Presbiteriana, parte defendia que ao nascer a criança deveria ser batizada, surgindo a Igreja Congregacional e ainda outra parte defendia que somente os adultos deveriam ser batizados, surgindo os Batistas. 
Ainda na linha Batista tinha os que queriam a teologia calvinista (chamados Batistas Particulares), mas tinham os que defendiam a teologia de Armínio (chamados Batistas gerais). 
A diferença dos "Batistas Particulares" e dos "Batistas Gerais" baseava-se na doutrina da Salvação.
É importante deixar claro que para alguns estudiosos os "Batistas Gerais" não vieram dos puritanos e/ou da reforma protestante, mas sim dos Anabatistas, que foi um grupo de cristãos oriundos da igreja primitiva fundada pelos apóstolos.

Comentário 
Pr. Éder Tomé

Referências

[1] Bíblia Sagrada (ARC) – Sociedade Bíblica do Brasil - 4° edição - 2009
[2] Bíblia Sagrada King Jones – Atualizada – Fiel aos Originais
[3] Bíblia Sagrada (NTLH) - Linguagem de Hoje
[4] Revista Betel Dominical Adultos - 2T - 2024
[5] versículoscomentados.com.br
[6] Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal - CPAD
[7] Revistas Lições Bíblicas - Ano 2 - CPAD - A História da Igreja
[8] De acordo com IA (Inteligência Artificial) - Google
[9] História dos Evangélicos - João Oliveira - Ed. Valentina