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domingo, 12 de janeiro de 2025

Lição 3 - A Reforma Protestante - O Reavivamento da Fé e o Retorno às Escrituras

                                        

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Nosso subsídio (comentário da lição) não é o mesmo conteúdo da revista Betel Dominical Adultos, é apenas um texto de auxílio complementar referente aos tópicos e subtópicos da lição. 

Introdução  

O texto de referência :    

Romanos 1.16-19 
16 - Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu e também do grego.
17 - Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.
18 - Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça;
19 - Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lhe manifestou.

1 - Os Precursores da Reforma

Assim como havia santos até mesmo na "casa de Cesar" na época da perseguição aos cristãos durante o império Romano (Fp 4.22 - E o César na época em que Paulo disse isso era ninguém menos que o terrível Nero!), havia valorosos servos de Deus no período da "Era das Trevas". Mesmo durante o período de decadência moral do cristianismo, eles estavam ali, como reservas morais no meio da corrompida Igreja Católica Romana, Muitos deles lutaram pela reforma da igreja. Estes são chamados de Pré-reformadores ou "Precursores da Reforma". 
Neste tópico vamos conhecer alguns deles ?   [7]

1.1 - John Wycliffe

John Wycliffe (1329-1384) foi um estudioso inglês. Ele se formou na muito conceituada Universidade de Oxford. Ao ter acesso à Bíblia e estudá-la (formou-se em Teologia), descobriu todos os erros do catolicismo romano e começou a pregar contra os desvios da igreja oficial. Sua maior obra foi a primeira tradução da Bíblia para a língua de seu  país: o inglês.
Wycliffe foi duramente perseguido, mas conseguiu escapar das mãos assassinas dos torturadores da igreja oficial. Acabou morrendo cedo,  aos 60 anos, mas de causas naturais. Porém, 44 anos após a sua morte, o papa Martinho V (não confundir com Martinho Lutero), num ato de total desrespeito, mandou desenterrar o corpo de Wycliffe para queimar seus restos mortais e jogar as cinzas nos rios. Veja até que ponto iam as loucuras de Roma! 

Os seguidores de Wycliffe eram chamados de Lolardos. Eles continuaram pregando a Palavra de Deus, mas foram todos mortos pela perseguição de Roma nas décadas seguintes. O mais famosos do Lolardos foi John Huss, de uma nação chamada Boêmia.  [7]

1.2 - John Huss

John Huss é a forma aportuguesada do nome Jan Hus, um teólogo e reformador religioso tcheco, professor da Universidade de Praga, tinha as ideias semelhantes às pregações de John Wycliffe.
John Huss (1373-1415) foi um dos principais precursores da Reforma Protestante, foi um padre católico que se tornou um reformador religioso, ele criticou a corrupção da igreja Católica e a autoridade papal. Suas ideias influenciaram Martinho Lutero, que também criticou a igreja Católica e elaborou as 95 teses como veremos no próximo tópico.
Assim como John Wycliffe, John Huss também era considerado herético, ainda que tenha sido calado ao ser queimado vivo na fogueira em 6 de julho de 1415, em Constança, Alemanha, suas ideias permaneceram vivas e preparando o terreno para Martinho Lutero, um dos principais reformadores que permitiu o surgimento dos cristãos protestantes, hoje chamados evangélicos.
John Huss profetizou momento antes de ser queimado vivo por causa da sua fé, que cerca de 100 anos depois da sua morte a reforma Protestante ocorreria, o que realmente aconteceu.
Escreve James L. Garlow sobre a morte de John Huss: "Por que executaram este homem? O que fez para merecer tanta raiva, hostilidade e brutalidade? Qual foi o seu grande crime ? Qual foi seu pecado ? A resposta é simples: ele acreditava que a Bíblia é a Palavra de Deus. Acreditava que a Bíblia é a autoridade final. Acreditava que as pessoas não podiam comprar perdão para os pecados com dinheiros (as chamadas indulgências). Ele acreditava na simplicidade e na santidade da Igreja Primitiva. Acreditva que, no culto da comunhão, não deveria servir para as pessoas apenas o pão, mas também o cálice. Acreditava que o clero não devia abusar dos leigos, nem se aproveitar econômica e emocionalemente deles, Ele acreditava que a verdadeira Igreja de Jesus Cristo não era uma estrutura organizacional, mas consistia em pessoas que realmente conheciam o seu Deus". "Foram esses os crimes que lhe trouxeram a morte dolorosa. E a verdade prosseguiu sua marcha, porque ele morreu, porque ele permaneceru firme. Como sempre, a verdade venceu naquele dia quente de julho de 1415 (data do seu martírio), e vence até hoje. Por causa da sua fé, da firmeza, da confiança e da capacidade de recuperação de pessoas como John Huss, podemos dizer com honestidade, com sinceridade, que a Igreja está viva e bem!  [7]
  
1.3 - Girolamo Savonarola

Girolamo Savonarola (1452-1498) foi um monge católico romano que, lendo a Palavra de Deus, também reconheceu os desvios da igreja oficial em relação ao verdadeiro Evangelho. Resolveu, então, pregar contra os pecados da Igreja Católica Romana. Conta-se que pregava com tanta autoridade e poder que multidões superlotavam as catedrais da época para ouvi-lo pregar. Ele chegou a promover uma reforma moral na cidade de Florença, na Itália, onde o povo abandonou à prostituição, os jogos e a falsidade para seguir a Jesus.
Porém, a Igreja Católica, preocupada com os ensinos bíblicos de Savonarola que se chacavam com os ensinos dela, o excomungou e decretou a sua morte. Em 1498, ele foi queimado vivo na principal praça pública de Florença. Entretanto, 19 anos depois, na Alemanha, teve início a Reforma Protestante com Martinho Lutero. [7] 

2 - Os Reformadores

O que foi a Reforma Protestante ?
Movimento ocorrido no século XVI, com o objetivo de reformar a doutrina  e prática da Igreja Católica, e que resultou no surgimento da fé protestante na Europa Ocidental. Este foi um movimento do Espírito Santo de Deus na história. Deus levantou homens que despertaram boa parte dos cristãos para voltar à genuína doutrina bíblica, a Igreja foi avivada !
Veremos que a Reforma Protestante foi um dos maiores avivamentos da história que ocorreu através do estudo das Sagradas Escritura : "... vivifica-me, ó Senhor, segundo a tua palavra" (Sl 119.107).
A Reforma Protestante foi um evento histórico, por isso seu estudo deve ser feito também dentro do aspecto social, político, cultural e econômico, todavia, fica claro que esse não é o objetivo dessa lição, mas vale a pena contextualizar a Europa do século 16, a sociedade era dividida em três ordens (clero, guerreiros e camponeses) e estava sofrendo crises de fome, pestes, guerras. Já estava surgindo a mineração, produção têxtil, os banqueiros, cunhagem de moedas e como religião organizada formalmente, a Igreja Católica Romana foi a única instituição que permaneceu sólida com o fim do império Romano.
Na Igreja Católica, com as ameaças das heresias, os bispos começaram a se reunir para tratar assuntos de fé, ao qual eram denominados de concílios. Foi em um dos concílios, que a Igreja foi formalizada como instituição religiosa e inclusive política, liderada pela supremacia do bispo de Roma, o papa. Era a estreia da relação religião cristã e politica predominante nos territórios da Europa medieval. 
No século 13, a Igreja Católica Romana se apoderou de toda comunidade cristã da Europa, na pessoa de Inocêncio III (1198-1216) o momento de maior poder papal.  O envolvimento da Igreja com questões extra religião gerou descontentamento na sociedade, e isso foi se agravando até o século 16.

2.1 - Martinho Lutero

Martinho Lutero (1483-1546 na Alemanha) foi o mais conhecido e inspirador da Reforma Protestante, seus questionamentos no século XVI e sua afirmação de que a Bíblia Sagrada estava acima da supremacia papal (poder total, supremo e universal sobre a Igreja Católica) dividiu a Igreja Católica, resultando na conhecida Reforma Protestante na Europa. Ele foi um frade católico, reformador e teólogo Alemão.

Certo dia, Martinho Lutero, um monge agostiniano de 22 anos, encontrou na biblioteca de seu convento uma velha Bíblia em latim. Ele ficou tão feliz em ter contato com o texto sagrado pela primeira vez que durante semanas inteiras dedicou-se a estudá-la.
Admirado com a paixão crescente de Lutero pela Palavra, Staupitz, vigário geral da ordem agostiniana, em visita ao convento daquele monge, ofereceu-lhe uma Bíblia só para ele. [7]

Um dia, Martinho Lutero, visitando Roma, subindo de joelhos a "santa escada", desejando a indulgência (perdão dos pecados) que o papa prometia a quem fizesse isso, ouviu ressoar em seus ouvidos o texto bíblico que o impressiovara "O justo viverá da fé". A experiência foi tão forte que Lutero imediatamente se levantou e saiu envergonhado.
De volta, lançou-se novamente ao estudo das Escrituras. O que aconteceu a seguir, ele mesmo conta "... Depois de meditar sobre o ponto durante muitos dias e noites. Deus na sua graça, me mostrou a palavra 'O justo viverá da fé'. Vi então que a justiça de Deus, nessa passagem, é a justiça que o homem piedoso recebe de Deus, pela fé, como dádiva. Então me achei recém-nascido  e no paraíso." [7]
      
2.2 - Ulrico Zuínglio

Ulrico Zuínglio (1484-1531),  ordenado padre em 1506 na Suíça, foi um estudioso e provavelmente o mais humanista dos reformadores. Passou a questionar algumas práticas da igreja, inclusive o jejum, a abstinência, o celibato, a doutrina do purgatório e outros ensinos da igreja católica romana. Contudo, para Zuínglio essas reformas eram muito mais motivadas por um reflexão intelectual em consequência de seu humanismo e nem tanto por uma questão estritamente religiosa e de piedade pessoal, como foi, por exemplo, para Lutero.
Zuínglio objetivava a reforma de toda a vida religiosa, politica e social das pessoas, baseada nas Escrituras e pelo poder dela [...] Quando as tensões políticas e religiosas entre protestantes e católicos se acentuaram, Zuínglio participou ativamente de tentativas de paz. [9]

2.3 - João Calvino

João Calvino é o nome em português do teólogo francês Jean Calvin, que viveu entre 1509 e 1564.
João Calvino foi um dos principais líderes da Reforma Protestante e um dos reformadores mais conhecidos, juntamente com Martinho Lutero. Ele foi o responsável por desenvolver o Calvinismo, uma doutrina religiosa que se espalhou por vários países da Europa Ocidental.
João Calvino nasceu em Noyon, na França, e estudou Teologia na Universidade de Paris. Ele se converteu ao protestantismo em 1533 e se tornou um reformador da Igreja Católica Romana.
A abordagem teológica de Calvino foi fundamental para a formação do mundo moderno [8]
Nota: As Igrejas Presbiterianas são as mais associadas ao calvinismo, mas a teologia calvinista também está presente em outras denominações.
 
3 - As Implicações da Reforma

Como todo ser humano é falho, Lutero também o foi, há controvérsias, sobre sua postura em relação aos judeus,  todavia, Lutero como figura histórica é inegável, e como figura protagonista para a Reforma Protestante também é inegável, seus ensinamentos perduram até os dias de hoje e são base para a Igreja Luterana que conta atualmente com aproximadamente 77 milhões de membros. Além das Igrejas Luteranas, esse movimento deu início as igrejas históricas: Presbiterianas, Anglicanas, Metodistas, Congregacionais.  Embora estudiosos apontem que a Igreja Católica Romana não era a única igreja, grupo ou comunidade de cristãos que existiam no século XVI, e que os Montanistas, Novacianos, Donatistas, Albigenses, Valdenses, Batistas, e outros, já haviam antes da reforma protestante, não há como negar a importância da Reforma Protestante.

3.1 - O Espírito Santo na Vida de Lutero

O Espírito Santo direcionou Lutero a verdade. Verdade que fez Lutero escrever e fixar as 95 teses nas portas da catedral de Wittenberg no dia 31 de outubro de 1517 (considerada data oficial da Reforma Protestante), onde questionou e criticou alguns pontos da visão cristã Católica, principalmente o poder do Papa de conceder indulgências (certificados de remissão ou perdão de punições por pecados) ou indultos. Lutero afirmava que as Escrituras Sagradas estava acima da autoridade papal, somente a Bíblia Sagrada tinha autoridade sobre o  que era dever do cristão e isso resultou na Reforma. Mas, não foi apenas as Indulgências que resultou na Reforma, uma série de outros questionamentos como por exemplo a competência dos padres de serem mediadores entre as pessoas e Deus. Os cinco pontos da Reforma Protestante são :
(1) Solla Scriptura (Somente a Escritura Sagrada)
(2) Solla Fide (Somente a fé)
(3) Solla Gratia (Somente a Graça)
(4) Solus Christus (Somente Cristo)
(5) Soli Deo Gloria (Glória Somente a Deus) 

3.2 - A Salvação se fundamenta na Fidelidade de Deus

Quando se deparou com o versículo "O justo viverá da fé" em Romanos 1.17, começou a discordar da visão da Igreja Católica que afirmava que a salvação poderia ser alcançada por meio de boas obras. Para Lutero a Salvação era obtida por intermédio da Fé mediante a graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A Doutrina da Salvação (ou justificação) é a base de todos os ensinos de Lutero.
A divisão entre os católicos romanos e os luteranos aconteceu em 1521, onde Lutero e todos seus seguidores foram oficialmente excomungados pela Igreja Católica, e o principal motivo foi o entendimento da doutrina da justificação (ou salvação).
      
3.3 - As 95 Teses

Foi o texto de Romanos 1.17 que provocou, no século 16, a Reforma Protestante na Alemanha, se alastrando depois por todo o mundo.
Foi em 31 de outubro de 1517 que Lutero apresentou suas 95 teses combatendo heresias que via na Igreja Católica Romana. Acabou sendo excomungado e perseguido, mas a Reforma Protestante prevaleceu na maior parte da Alemanha, e foi vencedora também em outros países, por meio da atividade incansável de servos de Deus como João Calvino, Urich Zwinglius, John Knos, Hans Tausen e outros.

As principais teses de Lutero foram
- A venda de Indulgências era um comércio de graças
- O Papa não tinha poder sobre o purgatório
- A Bíblia era o texto primordial e deveria ser considerado acima de 
  qualquer autoridade papal
- O perdão dos pecados não poderia ser obtido por pagamento
- A Igreja não deveria ter poder absoluto na fé popular



Comentário 
Pr. Éder Tomé

Referências

[1] Bíblia Sagrada (ARC) – Sociedade Bíblica do Brasil - 4° edição - 2009
[2] Bíblia Sagrada King Jones – Atualizada – Fiel aos Originais
[3] Bíblia Sagrada (NTLH) - Linguagem de Hoje
[4] Revista Betel Dominical Adultos - 2T - 2024
[5] versículoscomentados.com.br
[6] Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal - CPAD
[7] Revistas Lições Bíblicas - Ano 2 - CPAD - A História da Igreja
[8] De acordo com IA (Inteligência Artificial) - Google

terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Lição 2 - Em Permanente Vigilância: O Chamado à Santidade e à Preparação

           

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Introdução  

O texto de referência :    

Apocalipse 2.1-5 
1 - Escreve ao anjo da Igreja que está em Éfeso: isto diz aquele que tem na sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos sete castiçais de ouro.
2 - Eu sei as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sobre os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste mentirosos.
3 - E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste.
4 - Tenho, porém, contra ti que deixaste a tua primeira caridade.
5 - Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não brevemente a ti virei e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres.

1 - As Igrejas na Ásia
Jesus revelou às sete igrejas da Ásia: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia para instruí-las na verdade; elas estavam se perdendo em desvios doutrinários resultando no esfriamento espiritual e Ele estava chamando-as ao arrependimento (Ap 3.19).
As sete igrejas têm um significado espiritual para os crentes de hoje, representando diferentes tipos de indivíduos e igrejas ao longo da história.
    
1.1 - Éfeso
Claudionor de Andrade: Éfeso era uma igreja apologética por excelência. O preparo bíblico e teológico de Éfeso era singular. Afinal, tivera o privilégio de ter como pastor, durante três anos, o maior teólogo do Cristianismo (At 20.31). Durante esse tempo, Paulo lhe expôs todo o conselho de Deus (At 20.27). Pode haver um curso bíblico mais completo? E a epístola que o apóstolo lhes enviou? (Ef 1.1-5). Aqueles cristãos doutoraram-se na Palavra de Deus [7] 

Qual era o Problema da Igreja de Éfeso ?
Eles não permitiam a entrada de heresias na Igreja, todavia, essa igreja não possuía apenas virtudes, também tinha um grave problema, Claudionor de Andrade pontuou :

1. Um grave problema
Sim, havia um sério problema com a Igreja de Éfeso (esqueceram do primeiro amor). Se ela foi de fato, pastoreada pelo discípulo do amor, como veio a esquecer-se, justamente, do primeiro amor? [7]

2. O primeiro amor
Não sei como definir o primeiro amor, mas posso senti-lo. Para mim, é a alegria da salvação que o salmista temia perder (Sl 51.12). Sim, uma alegria que nos impulsiona a declarar toda a nossa afeição a Deus: "Amo o Senhor" (Sl 116.1). O primeiro amor é o enlevo que, no início, fez com que os efésios vivessem nas regiões celestiais em Cristo Jesus (Ef 1.3). É também a disposição que leva o obreiro a semear, num misto de lágrimas e júbilo, a preciosa semente do Evangelho (Sl 125.5) [7]

3. Amnésia do amor
Sendo o primeiro amor tão sublime e inefável, pode alguém vir a esquecê-lo? Apesar de Éfeso ainda entregar-se denodadamente à obra de Deus, não mais se entregava amorosamente ao Deus da obra. Embora teológica e biblicamente ortodoxa, já não conservava o ardor daquele sentimento que, um dia, fez a Sulamita palpitar pelo esposo: "Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu; ele se alimenta entre os lírios" (Ct 6.3). Era-lhe, urgente, pois, voltar ao primeiro amor. [7]

Claudionor de Andrade: Esquecer o primeiro amor não é incidente teológico, é queda espiritual. Semelhante pecado demanda contrição e arrependimento [...] Se as obras sem a fé nada são, o que delas resta sem o amor? Até mesmo o auto-sacrifício sem amor nada é, conforme destaca o apóstolo Paulo: "E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitará" (1Co 13.3).   
Sem amor não pode haver Cristianismo. Sua base é o amor primeiro e belo do início da nossa fé. Um amor que jamais deve morrer, mas renovar-se a cada manhã. Se você já não ama a Cristo como antes, arrependa-se desse pecado grave e evite que as consequências se agravem. Voltar ao primeiro amor não significa à imaturidade espiritual, mas ao ardor do início da nossa fé. Lembre-se e onde caiu. Volte imediatamente ao primeiro amor. [7]

1.2 - Laodiceia

Qual era a Situação  Espiritual da Igreja de Laodiceia ?
Claudionor de Andrade pontuou :

1. Mornidão Espiritual
Se fosse fria, buscaria o calor de um avivamento; se quente, espalharia esse mesmo avivamento até os confins da terra. Morna, porém, faz-se indiferente a Deus e à sua Palavra. Por isto, o Senhor repreende-a: "Eu sei as tuas obras, que nem és frio nem quente. Tomara que foras frio ou quente!" (Ap 3.15). [7]

2. Arrogância Espiritual
Além dessa indiferença doentia e crônica às coisas de Deus, o anjo da Igreja em Laodiceia era soberbo e arrogante. Supunha que, por ser rico e de nada ter falta, achava-se acima das providências divinas. A prosperidade levara-o ao orgulho fatal. Somente um tolo diria tal coisa: "Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta" (Ap 3.17) ... Comporta-se assim as igrejas que, por causa de sua prosperidade material, julgam-se ricas, mas espiritual e ministerialmente são paupérrimas (pobre de espírito). [7]

3. Falta de percepção do próprio eu
Apesar de todos os seus bens materiais, Laodiceia em nada diferia de um esmoler (carência) espiritual: "e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre e cego, e nu" (Ap 3.17). Se Adão após a Queda percebeu-se nu, o pastor da igreja em Laodiceia julgava-se bem vestido e ornado. Se o primeiro homem teve os olhos abertos para enxergar a própria nudez, o anjo de Laodiceia achava-se, mesmo despido, em trajes de gala. E se Adão, reconhecendo a própria carência, coseu aventais da figueira, aquele obreiro, embora descoberto, desfiava toda a sua nudez diante das ovelhas. Infelizmente, ninguém tinha coragem de dizer que o pastor estava nu. Foi preciso que o Pastor dos pastores endereçasse-lhe uma enérgica carta apontando-lhe a nudez, a pobreza e a cegueira espiritual. [7]

A situação espiritual de quem vive na mornidão espiritual é repugnante ao Senhor (Ap 3.16) porque a pessoa está em cima do murro, servindo a dois senhores, um pé no reino de Deus e outro nas trevas, uma hora servindo a Deus e outra hora fazendo a vontade do príncipe deste mundo.
Jesus disse: "Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e a Mamom (dinheiro)" (Mt 6.24).

Subsídio Teológico
Laodiceia era um rico centro de comércio. A prosperidade era a causa da mornidão daquela igreja. Eles haviam se tornado ricos e cheios de bens materiais. Com o dinheiro que já tinham, multiplicavam ainda mais suas posses. Estavam, agora, tão envolvidos com a vida material que eram induzidos a negligenciar a espiritual (Mt 13.22). 
Esta igreja não havia sofrido nenhuma perseguição. Não havia sido invadida pelas falsas doutrinas nem pelos falsos apóstolos. Para as outras igrejas, sua situação era excelente, ideal. 
Os cristãos de Laodiceia haviam se tornado tão satisfeitos e eufóricos comas coisas que o dinheiro pode comprar, que foram levados a perder o desejo pelas coisas de Deus.
Infelizmente, não haviam aprendido ainda a "viver em prosperidade" (Fp 4.12), como resultado, sua satisfação era falsa por ignorarem as coisas de Deus. [8]
  
1.3 - A Permanente Vigilância
O crente deve viver em permanente vigilância, durante sua caminhada cristã não pode perder o primeiro amor e nem ficar no estado da mornidão espiritual, precisa manter o mesmo vigor de quando encontrou-se com Cristo. Existem alguns sinais de que nossa vida espiritual não anda boa, vejamos alguns :
1. Apatia e Indiferença as coisas de Deus
2. Falta de vontade de orar ou ler a Bíblia
3. Louva e adora a Deus sem fervor, sem vida
4. Sente atraído pelas coisas do mundo
5. Sente que já perdeu o temor a Deus
6. Sente que tudo que tem a ver com a fé cansa
7. Lamenta não sentir a presença de Deus, mas não tem forças para buscá-lo.

2 - O Movimento Montanista

2.1 - O Propósito do Movimento Montanista
O Movimento Montanista é considerado a primeira manifestação histórica comunitária espontânea de valorização dos dons espirituais, surgiu na região da Frígia, por volta de 156-157 (a quem diga 172), fundado por Montano, um religioso e profeta da Ásia Menor.
Foi um movimento forte, inclusive atraiu Tertuliano, um dos maiores autores apologéticos do cristianismo, que rompeu com a Igreja Ortodoxa para fazer parte do Movimento Montanista. Tertuliano adotou um código moral que foi notável por seu rigor, a história conta que até o movimento Montanista faltou com o rigor que o satisfizesse, de tal modo, que mais tarde o fez romper com os Montanistas para  formar o seu próprio movimento, os Tertulianistas.
Voltando ao Movimento Montanista, esse movimento combateu o mundanismo que tentava invadindo as igrejas cristãs e tentava resgatar a manifestação dos dons espirituais.
      
2.2 - Os Excessos do Movimento Montanista
Os Montanistas são mencionados pelos escritores eclesiásticos como hereges que precisavam ser combatidos pois negavam toda autoridade eclesiástica e se colocavam como autoridade do Espírito Santo, exigindo uma fé incondicional e absoluta obediência às suas ordens. A doutrina do montanismo criou dificuldades para a Igreja, Montano, chegou até afirmar que estava acima da própria autoridade das Sagradas Escrituras, além de não opor ou fazer restrição aos excessos quanto às manifestações espirituais.

2.3 - O Afastamento da Doutrina dos Apóstolos
Ao longo do tempo as igrejas cristãs foram se distanciando da doutrina dos apóstolos, e foi perdendo o vigor espiritual. O autoexame da situação exposta, fez com que surgissem vários movimentos para trazer as igrejas contemporâneas o mesmo vigor espiritual da Igreja Primitiva.
 
3 - Lições e Alertas dos Primeiros Séculos

3.1 - Lidando com Exageros e Equívocos 

Na Igreja de Corinto
Antonio Gilberto: Os cultos da igreja de Corinto eram notadamente pentecostais (1Co 12; 13; 14). Segundo o apóstolo Paulo, nenhum dom faltava a essa igreja (1Co 1.7). Todas as manifestações espirituais do Espírito Santo tinham lugar ali (1Co 12.4); as diversidades de ministério do Senhor Jesus (1Co 12.5); e as diversas operações do próprio Deus (1Co 12.6). No entanto, a igreja estava envolvida em diversas dissensões e litígios (1Co 1.10; 6.1-11; 11.18), pecados morais graves (1Co 5), e DESORDEM NO CULTO DE ADORAÇÃO A DEUS (1Co 11.17-19). Outrossim, os crentes eram imaturos e carnais (1Co 3.1-4). A desordem era tal que o próprio culto tornou-se um entrave para o progresso espiritual dos crentes.
A Bíblia recomenda que todos, pelo Espírito Santo, falem em línguas e profetizem (1Co 14.5), mas que também exerçam os dons espirituais com sabedoria, ordem e decência (1Co 14.26-33,37-49), a fim de que o nome do Senhor seja glorificado (1Co 14.25), o incrédulo seja convertido (1Co 14.22-25) e a igreja edificada (1Co 14.26).
O crente não é proibido de falar em línguas, nem o profeta de profetizar no culto (1Co 14.39), contanto que seja conforme a doutrina bíblica (1Co 14.12,19,26,39). [9]

Recebemos os Dons espirituais como presentes, dádiva de Deus conforme a vontade do Espírito Santo, e isso não depende de nós (1Co 12.11) e não ocorre por merecimento individual. Os Dons espirituais são manifestações do Espírito Santo em nós para edificação da Igreja, portanto, devemos prevenir o erro do orgulho e da estagnação. Quanto a estagnação, Paulo escreveu: "Não apagueis o Espírito" (1Ts 5.19) e quanto aos exageros é preciso saber lidar com maturidade.
Como é que estamos condicionando a manifestação dos dons ? É preciso cuidado com os exageros, tais como: chiados, tremores, arrepios, e principalmente na questão do emocionalismo, pois muitas pessoas são tomadas por movimentos que na verdade são falsificações estranhas que não produzem nenhum fruto espiritual.

3.2 - O Contínuo Autoexame
As cartas ás sete igrejas da Ásia nos leva a fazer um Autoexame à luz da Palavra de Deus a fim de detectar nossa real situação espiritual.

Em qual situação a igreja carece de um avivamento do Espírito Santo ?
1. Quando nela prevalece a Mornidão Espíritual
2. Quando ocorre o Esfriamento do Amor, aparência de piedade, falta de 
    amor pelas coisas de Deus
3. Quando prevalece o comodismo e a indiferença (Ez 37.9)
4. Quando existe a sonolência espiritual (Ef 5.14)
5. Quando prevalece a insensibilidade (Cl 4.17; 2Tm 1.6)
6. Quando prevalece o secularismo (Rm 12.2)
7. Quando defende-se o mal, em vez de atacá-lo
      
3.3 - O Contínuo Avivamento
Em Atos 4.29 e no texto abaixo, podemos observar que os irmãos da igreja primitiva eram orientados a buscar o Contínuo Avivamento.
O Apóstolo Paulo recomendou aos Tessalonicenses (1Ts 5.16-23) :
16 - Regozijai-vos sempre
17 - Orai sem cessar
18 - Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.
19 -  Não extingais o Espírito.
20 - Não desprezeis as profecias.
21 - Examinai tudo. Retende o bem.
22 - Abstende-vos de toda a aparência do mal.
23 - E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.

Quais são as Características de um real avivamento contínuo ?
Segundo saudoso Antonio Gilberto [9] : O avivamento espiritual de que precisamos, como no princípio, tem como características as seguintes expressões:

1. Contrição total pelo Espírito Santo
E neste contexto espiritual que o avivamento se instala e o Espírito assume a primazia e predomina.

2. Amplo perdão e reconciliação
No primeiro avivamento da igreja, a Bíblia diz: "Era um o coração e a alma da multidão dos que criam" (At 4.32)

3. Santidade de vida, dentro e fora da igreja
Se um avivamento não resultar nessa mudança de vida, tudo não passará de mero entusiasmo, artificialismo e emoção.

4. Renovação Espiritual
Batismo com o Espírito Santo acompanhado de línguas estranhas e manifestação dos dons espirituais.

5. Segundo o modelo da Palavra de Deus (Sl 119.25, 154)
Sem inovações descabidas; distorções ou manipulação humana.

6. Amor, zelo e freqüência à Casa do Senhor
A Casa de Deus, vem sofrendo por falta de avivamento dos que a freqüentam.


Comentário 
Pr. Éder Tomé

Referências

[1] Bíblia Sagrada (ARC) – Sociedade Bíblica do Brasil - 4° edição - 2009
[2] Bíblia Sagrada King Jones – Atualizada – Fiel aos Originais
[3] Bíblia Sagrada (NTLH) - Linguagem de Hoje
[4] Revista Betel Dominical Adultos - 1T - 2025
[5] versículoscomentados.com.br
[6] Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal - CPAD
[7] Revista Lições Bíblicas - 2T - 2012 - CPAD - Pág.66-67
[8] Horton, Stanley - Apocalipse - CPAD 0 Pág.57,58
[9] Revista Lições Bíblicas - 3T - 2006 - CPAD - Pág.16-17
[10] Jeremy Stangroom - Religião - C.Cultural - Pág.12-13