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sábado, 5 de novembro de 2022

Lição 7 - Os Dons de Elocução



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Lei 9.610/98 (Direitos Autorais)

Nosso subsídio (comentário da lição) não é o mesmo conteúdo da revista Betel Dominical Adultos, é apenas um texto de auxílio complementar referente aos tópicos e subtópicos da lição. 

Introdução 

O texto de referência : 

1 Coríntios 14
26 - Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.
27 - E, se alguém falar língua estranha, faça-se isso por dois ou, quando muito, três, e por sua vez, e haja intérprete.
28 - Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja e fale consigo mesmo e com Deus.
29 - E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.
30 - Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro.
31 - Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros, para que todos aprendam e todos sejam consolados.

1 - Dons Relacionados a Elocução


Para um bom entendimento, eis um resumo: 

Dons de Revelação  (Já estudamos na Lição 5)
Os Dons de Revelação são aqueles concedidos aos cristãos referente as revelações sobrenaturais do Espírito Santo com a finalidade de conhecer o pensamento divino e a intenção dos opositores em determinados momentos ou situações específicas.

Dons de Poder (Já estudamos na Lição 6)
O Espírito Santo concede ao cristão meios sobrenaturais para realizar obras espirituais entre os homens, como: Cura das enfermidades, operações de milagres além das limitações humanas, realização de milagres inexplicáveis. 
 
Dons de Elocução (Vamos estudar nessa Lição 7)
O cristão que possui dom de Elocução, tem a virtude de falar pelo Espírito Santo, não pela sua mente ou vontade, cuja finalidade é de edificar a si mesmo e a Igreja de Cristo (1 Co 14.3). Se enquadra aqui o Dom de Variedade de Línguas, Dom de Interpretação e Dom de Profecia. Sendo que o Dom de Profecia é um dos dons que deve ser examinado à luz da Bíblia, portanto, sujeito ao julgamento da Igreja (1Co 14.29).

1.1 - Profecia
"Porque o que fala língua estranha não fala aos homens, senão a Deus; porque ninguém o entende, e em espírito fala de mistérios. Mas o que profetiza fala aos homens para edificação, exortação e consolação. O que fala língua estranha edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza edifica a igreja." (1Co 14.2-4)
No texto que acabamos de ler, temos uma aula do apóstolo Paulo acerca do dom de Profecia, sem sombra de dúvida é uma doutrina que deve sempre ser estudada e aplicada nas igrejas locais para que se mantenha a ordem do uso dos dons, acerca deste tema não deve pairar as dúvidas e a falta de entendimento.
Como vimos, o Dom de Profecia tem a função de edificação, exortação e consolação da Igreja, portanto é um dom que capacita ao cristão para servir a Igreja de Cristo, é um dom que possui caráter congregacional.

O Dom de Profecia 
Elienai Cabral: O dom de Profecia é a habilidade espiritual de transmitir uma palavra profética da parte de Deus, e o profeta é responsável pela transmissão correta em suas próprias palavras. [12]
Antônio Gilberto: O dom de Profecia é um dom de manifestação sobrenatural de mensagem verbal pelo Espírito, para a edificação, exortação e consolação do povo de Deus. [10]
Esequias Soares: O Dom de Profecia é uma manifestação momentânea e sobrenatural do Espírito Santo, como um dos dons espirituais prometidos, e não um ministério (ministério profético nos moldes do A.T.). [11]

"Mas, se todos profetizarem, e algum indouto ou infiel entrar, de todos é convencido, de todos é julgado. Os segredos do seu coração ficarão manifestos, e assim lançando-se sobre o seu rosto, adorará a Deus, publicando que Deus está verdadeiramente entre vós." (1Co 14.24-25)
A maneira como os coríntios estavam falando em línguas não estavam ajudando a ninguém, porque os crentes não entendiam o que estava sendo dito, e os incrédulos pensavam que as pessoas que falavam em línguas eram loucas. Falar em línguas devia ser um sinal para os incrédulos (como foi em atos 2). Depois de falar em línguas, os crentes deveriam explicar o que havia sido dito, e dar o crédito a Deus. As pessoas não salvas, então, seriam convencidas de uma realidade espiritual, e motivadas a continuar interessadas pela fé cristã. Embora esta seja uma maneira de alcançar os incrédulos, Paulo diz que a pregação clara, normalmente, é melhor (1Co 14.5). [13]

1.2 - A Importância do Dom de Profecia para a Igreja de Cristo
"Segui a caridade e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar" (1Co 14.1)
Por que Paulo ressalta que devemos buscar os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar?
Porque o dom de profecia edifica, exorta e consolar a Igreja, quem profetiza fala aos homens da parte de Deus, diferentemente, daquele que fala em línguas, ao qual edifica apenas a si mesmo.
Elienai Cabral: Os Dons não são para a exaltação das pessoas, nem para a sua individualização. [12]
Esequias Soares: O Maior valor da profecia é que ela, sendo de Deus, ao contrário das línguas estranhas, uma vez proferida, edifica a coletividade e não unicamente o que profetiza (1Co 14.3-5). [14]
 
1.3 - Julgar a Profecia
"E falem dois ou três profetas, e os outros julguem." (1Co 14.29)
A profecia é um dos dons da relação de 1 Coríntios 12, ao qual deve estar sujeito ao julgamento da Igreja. E isso tem os seus motivos.
Esequias Soares: A Bíblia ensina que a profecia deve ser julgada na igreja e que o profeta deve obedecer ao ensino bíblico (1Co 14.29-33). [14]
Uma profecia possui três origens a saber: Origem do Espírito Santo, Origem de demônios e Origem do coração humano.
É importante enfatizar com seus alunos que quem tem o dom de profecia não está revestido da mesma autoridade dos profetas do Antigo Testamento e dos apóstolos. Ninguém mais, depois deles, recebeu igual autoridade divina.
Esequias Soares: O dom de profecia, na presente era, não é infalível e, portanto, é passível de correção. Pode acontecer de o profeta receber a revelação do Espírito Santo e, por fraqueza, imaturidade e falta de temor de Deus, falar além do que devia. [14]
No Antigo Testamento encontramos muitos profetas profetizando ao povo de Israel mensagens segundo suas próprias vontades, segundo seu próprio coração. Exemplo:
"Assim diz o Senhor dos Exércitos: Não deis ouvidos às palavras dos profetas que entre vós profetizam; ensinam-vos vaidades e falam da visão do seu coração, não da boca do Senhor. Tenho ouvido o que dizem aquele profetas, profetizando mentiras em meu nome, dizendo: Sonhei! Sonhei!" (Jr 23.16,25)
O dom de profecia não é um mérito humano de adivinhar a sorte, de prever o futuro, nem de tornar realidade os desejos dos crentes. Quando Davi manifestou o desejo de construir o templo, falou com o profeta Natã, que disse a Davi:
"Tudo quanto tens no teu coração faze, porque Deus é contigo" (1Cr 17.2)
Percebemos aqui que o profeta Natã autorizou Davi construir o Templo baseado no seu coração, todavia, Deus tratou com o profeta:
"Mas sucedeu, na mesma noite, que a palavra do SENHOR veio a Natã, dizendo: Vai e dize a Davi, meu servo: Assim diz o SENHOR: Tu me não edificarás uma casa para morar" (1Cr 17.3-4).

Os contemporâneos de Jeremias, como o profeta Daniel e Ezequiel, enfrentaram os falsos profetas, enquanto eles profetizavam juízo sobre a nação de Israel, os falsos profetas profetizavam o contentamento de Deus e o derramamento de bênçãos sobre a nação: 
"E veio a mim (Ezequiel) a palavra do SENHOR, dizendo: Filho do homem, profetiza contra os profetas de Israel que são profetizadores e dize aos que só profetizam o que vê o seu coração: Ouvi a palavra do Senhor. Assim diz o Senhor JEOVÁ: Ai dos profetas loucos, que seguem o seu próprio espírito e coisas que não viram!" (Ez 13.1-3)
Esequias Soares: Quem profetiza, portanto, deve ter o cuidado de falar apenas o que o Espírito Santo mandar, não alegando estar "fora de si" ou "descontrolado", pois, "os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas" (1Co 14.32). [14]

Se não bastasse as profecias de origem humana, infelizmente existem profecias de origem de espíritos imundos, de demônios que tentam imitar os dons espirituais da parte de Deus. Esses demônios através de suas sutilezas, fazem uso de adivinhações, engodos para enganar os desapercebidos (At 16.16-18).
Enquanto as profecias de origem humana não se cumprem e trazem INCREDULIDADE nas pessoas, as profecias originadas pelos demônios trazem confusão e desestabilidade espiritual no seio da igreja local, objetivando corromper a fé dos salvos e destruir a unidade da Igreja (Mt 7.15-23), pois eles sabem que as manifestações do Espírito Santo através dos dons espirituais promovem a unidade da igreja e o fortalecimento da Igreja como Corpo de Cristo.

Outra questão ensinada pelo apóstolo Paulo foi concernente a disciplina quando ao uso do dom de profecia, a saber:
"E falem dois ou três profetas, e os outros julguem." (1Co 14.29)
Dois crentes não podem profetizar ao mesmo tempo, pois criam confusão e deixam dúvidas sobre quem Deus está usando [7]
"Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro" (1Co 14.30)
Se um crente estiver profetizando e um segundo começar a fazê-lo também, só vai criar uma competição entre profetas. A ordem é o segundo não iniciar, antes que o primeiro termine, e, se o fizer, que o primeiro se cale. O ensino é que até três podem profetizar, um após o outro, nunca ao mesmo tempo, pois Deus não é de confusão [7]
"Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros, para que todos aprendam e todos sejam consolados. E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas. Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos" (1Co 14.31-33)
"Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo." (1Jo 4.1).

Quais são os parâmetros para julgar uma profecia?
Nossa referência sempre será a Palavra de Deus, se a profecia entrar em conflito com os ensinamentos bíblicos não pode ter vindo de Deus. O conhecimento da Palavra de Deus, o discernimento espiritual pode nos ajudar a identificar o falso profeta no meio da igreja. Além disso, observe os frutos que essa pessoa produz, a árvore má não pode dar frutos bons (Mt 7.16-20), pelos frutos temos a evidência de que uma determinada mensagem é falsa e mentirosa.

2 - Variedades de Línguas

2.1 - O Ensino de Paulo sobre o Dom de Variedade de Línguas     

O Dom de Variedade de Línguas 
Elienai Cabral: A Variedade de Línguas difere do "falar em Línguas", sinal recebido pelo crente ao ser batizado no Espírito Santo. Enquanto o "falar em Línguas" tem um caráter individual, o dom de Variedade de Línguas e os outros dons são manifestos para benefício da igreja local, isto é, da congregação  [12]
Antônio Gilberto: O Dom de Variedade de Línguas é um dom de expressão plural. É um milagre lingüístico sobrenatural. Nem todos os crentes batizados com o Espírito Santo recebem este dom: "Têm todos o dom de curar? Falam todos diversas línguas? Interpretam todos?" (1Co 12.30) [10]
Enquanto o "falar em línguas" tem um caráter individual, 

2.2 - Expressão em Línguas em Atos e em 1 Coríntios

Qual é a diferença entre Línguas em Atos 2 e em 1 Coríntios 12 ?
Eurigo Bergstén pontua que existe diferença no recebimento e na finalidade entre línguas como sinal e como dom espiritual, vejamos:
Diferença no Recebimento
Eurico Bergstén:  Enquanto as línguas como sinal são concedidas a todos os que são batizados com o Espírito Santo (At 2.4; 10.46; 19.6), o dom de variedade de línguas não é dado a todos os que são batizados; tudo depende da soberania, do propósito e da vontade do Espírito Santo (1Co 12.11) e em resposta à busca zelosa do crente (1Co 12.31; 14.1). A bíblia pergunta: "falam todos diversas línguas?" (1Co 12.30). Ora, sabendo nós que a vontade de Deus é que todos os crentes sejam batizados com o Espírito Santo, esta pergunta só pode referir-se ao dom de variedade de línguas [15]

2.3 - O Dom de Variedade de Língua serve para Edificação do Crente

Vimos acima que o "falar em línguas" tem diferença do Dom de Variedade de Línguas quanto ao recebimento, mas também tem diferença quanto a sua finalidade, vejamos:

Diferença na Finalidade
Eurico Bergstén: As línguas estranhas como sinal não são dirigidas aos homens, isto é, não são dirigidas à Igreja, mas tão somente a Deus (1Co 14.2). A Manifestação do dom de variedades de línguas é direcionada à Igreja. Por este motivo deve este dom sempre ser acompanhado de interpretação, quer seja esta dada pela própria pessoa que entregou a mensagem em línguas estranhas, quer seja dada por uma outra pessoa, para que a igreja receba edificação [15]: "Mas, se não houver intérprete, esteja calado na Igreja e fale consigo mesmo e com Deus." (1Co 14.28)
O Dom de variedade de Línguas deve ter seu uso disciplinado, se não tiver intérprete, o cristão deve submeter-se a obediência da Palavra de Deus, ficar calado: "E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas" (1Co 14.32).  É meninice e falta de maturidade do cristão quando faz uso do dom de variedade de línguas sem que haja interpretação, a igreja fica em silêncio ouvindo a mensagem, sem entender e sem produzir a edificação da coletividade. 
Eurico Bergstén: Também aos que falam em línguas, não é sinal de grande espiritualidade gritar em línguas estranhas durante um culto. A Bíblia diz: "fale consigo mesmo e com Deus" (1Co 14.28). [15]
Não há base bíblica para dizer que alguém use os dons espirituais, ou fale em línguas estranhas sem ter o seu controle:
Eurico Bergstén: As línguas estranhas não são resultados de um  ÊXTASE, mas da operação do Espírito de Deus em conjunto com o espírito do homem. E, acima de tudo, deve-se obedecer a Palavra de Deus. [15]

3 - Dom de Interpretação de Línguas

3.1 - Uma Manifestação sobrenatural do Espírito Santo

O Dom de Interpretação de Línguas 
Elienai Cabral: O Dom de Interpretação de Línguas nada tem com a tradução, mas sim com a interpretação da mensagem divina, transmitida em "línguas desconhecidas". [12]
Antônio Gilberto: O Dom de Interpretação de Línguas é um dom de manifestação de mensagem verbal, sobrenatural, pelo Espírito Santo. Não se trata de "tradução de línguas", mas de "Interpretação de línguas". Tradução tem a ver com palavras; interpretação com mensagem. [10]

3.2 - O Dom de Interpretação de Línguas está sujeito a outro dom

O exercício do Dom de Interpretação de Línguas ocorre em conjunto ou acompanhado do Dom de Variedade de Línguas.
Eurico Bergstén: O dom de variedade de línguas acompanhado do dom de interpretação de línguas é equivalente a uma profecia (1Co 14.5), transmitindo para a igreja edificação, exortação e consolação [...] O Dom de variedade de línguas é um sinal para os infiéis. Quando um descrente ouve uma mensagem em uma língua que é estranha para quem está entregando a mensagem, mas conhecida para aquele pessoa, e a seguir ouve a correta interpretação dada por uma pessoa que não conhece a língua que está interpretando, glorifica a Deus reconhecendo tratar-se de um grande milagre. Numerosos fatos ocorridos nesse particular poderiam ser relatados ilustrando o que acaba de ser dito. [15]

3.3 - Este Dom deve ser empregado para a Edificação da Igreja

"E eu quero que todos vós faleis línguas estranhas; mas muito mais que profetizeis, porque o que profetiza é maior do que o que fala línguas estranhas, a não ser que também interprete, para que a igreja receba edificação" (1Co 14.5)
Então vamos deixar bem claro:
A Bíblia faz menção das línguas estranhas como sinal do batismo no Espírito Santo e também como uma concessão especial, chamada de variedade de línguas ou, simplesmente, dom de línguas. Para que este edifique a igreja, é necessário que haja interpretação; caso contrário, só a pessoa que fala se edifica. O dom de interpretar, portanto, complementa o dom de variedade de línguas e deve seguir a esta manifestação,  para que toda a igreja seja edificada. Leia 1Co 14.13,18,28,39-40.  [7]

Comentário 
Pr. Éder Tomé

Referências

[1] Bíblia Sagrada (ARC) – Sociedade Bíblica do Brasil - 4° edição - 2009
[2] Bíblia Sagrada King Jones – Atualizada – Fiel aos Originais
[3] Bíblia Sagrada (NTLH) - Linguagem de Hoje
[4] Revista Betel Dominical Adultos - 4T - 2022
[5] versículoscomentados.com.br
[6] A Existência e a Pessoa do Espírito Santo - CPAD - Pág. 11
[7] Revista Discipulado Mestre 1 - CPAD - Pág. 76
[8] Revista CPAD Adultos - 2T - 2019 - Elienai Cabral - Pág.7
[9] Revista CPAD Adultos - 1T - 2002 - Elienai Cabral - Pág.79
[10] Revista CPAD Adultos - 3T - 2006 - Antonio Gilberto - Pág.38-39
[11] Espirito Santo: O Deus que vive em nós - CLC - pág. 104
[12] Revista CPAD Adultos - 1T - 2001 - Elienai Cabral - Pág.79
[13] Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal - CPAD - Pág.1634
[14] Revista CPAD Jovens/Adultos - 3T - 2010 - Pág.81
[15] Revista CPAD Jovens/Adultos - 1T - 2004 - Pág.46-47
[16] Revista CPAD Jovens/Adultos - 3T - 2009 - Pág.49

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Lição 7 - A Responsabilidade é Individual

 


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Lei 9.610/98 (Direitos Autorais)

Nosso subsídio (comentário da lição) não é o mesmo conteúdo da revista Lições Bíblicas CPAD Adultos, é apenas um texto de auxílio complementar referente aos tópicos e subtópicos da lição. 

Introdução 

Nesta aula estudaremos o texto Bíblico que fica em Ezequiel 18
20 - A Alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele.
21 - Mas, se o ímpio se converter de todos os seus pecados que cometeu, e guardar todos os meus estatutos, e fizer juízo e justiça, certamente viverá; não morrerá.
22 - De todas as suas transgressões que cometeu não haverá lembrança contra ele; pela sua justiça que praticou, viverá.
23 - Desejaria eu, de qualquer maneira, a morte do ímpio? Diz o Senhor JEOVÁ; não desejo, antes, que se converta dos seus caminhos e viva?
24 - Mas, desviando-se o justo da sua justiça, e cometendo a iniquidade, e fazendo conforme todas as abominações que faz o ímpio, porventura viverá? De todas as suas justiças que tiver feito não se fará memória; na sua transgressão com que transgrediu, e no seu pecado com que pecou, neles morrerá.
25 - Dizeis, porém: O caminho do Senhor não é direito. Ouvi , agora, ó casa de Israel: Não é o caminho direito? Não são os vossos caminhos torcidos?
26 - Desviando-se o justo da sua justiça e cometendo iniquidade, morrerá por ela; na sua iniquidade que cometeu, morrerá.
27 - Mas, convertendo-se o ímpio da sua impiedade que cometeu e praticando o Juízo e a Justiça, conservará este a sua alma em vida.
28 - Pois quem reconsidera e se converte de todas as suas transgressões que cometeu, certamente viverá, não morrerá.

O capítulo 18 de Ezequiel faz parte da primeira parte ou grupo da estrutura do livro de Ezequiel, conforme estudamos na lição anterior, do capítulo 1 ao 24, são abordadas as profecias sobre a ruína de Jerusalém.

Nesta aula vamos responder as seguintes perguntas:
Existe Maldição Hereditária ?
Um filho pode pagar pelos pecados do Pai ?
Deus estende o perdão e a Salvação para todos os seres humanos ?
A responsabilidade do pecado é individual ?
O Salvo pode perder a Salvação Temporariamente ?
O Salvo pode perder a Salvação Definitivamente ?
O que é uma pergunta Retórica ?
Quanto ao Arrependimento, Deus é justo e Misericordioso ? 

I - Sobre a Máxima usada por Israel

Havia uma Máxima (provérbio, ditado popular ou dito) muito usado na nação de Judá, a saber: "Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram" (Ez 18.2)  
Este ditado também é repetido em Jeremias 31:29. 
Embotaram: Significa "Não estão afiados" ou "tiraram a agudeza"
Joseph Benson: Em outra versão: "Os pais comeram uvas azedas e os dentes das crianças não estão afiados" , esse ditado significava que a geração atual é punida pelas ofensas cometidas por seus antepassados, principalmente pelos pecados cometidos no tempo de Manassés, rei de Judá (ver 2 Reis 23:26; Jeremias 15:4). O povo judeu era muito propenso a alegar sua inocência, por maiores que fossem seus crimes. [5]
Albert Barnes: Os judeus obstinados fizeram uma censura à justiça de que a nação seria dolorosamente visitada pelo pecado de Manassés. Mas isso ocorreu apenas porque geração após geração, em vez de se arrepender, repetiu os pecados daquele tempo ruim, e até de uma forma pior, a justiça deve finalmente seguir seu curso. O reconhecimento de que cada homem morreu por sua própria iniquidade era um sinal de seu retorno a um estado de sentimento mais justo e correto [6]
John B. Taylor: A objeção com que Ezequiel lida neste capítulo é expressa nas palavras de um provérbio muito usado: "Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram" (Ez 18.1) [...]  O provérbio está dizendo que os sofrimentos de uma geração são devidos aos dos seus antepassados. Tanto Jeremias (Jr 31.29) como Ezequiel (Ez 18.1) consideravam perniciosa esta doutrina, porque inevitavelmente levava a um espírito de fatalismo e de irresponsabilidade. Se a culpa realmente pudesse ser atribuída a uma geração anterior, aqueles sobre os quais o julgamento estava caindo poderiam razoavelmente dar de ombros diante de qualquer senso de pecado, e acusar Deus de injustiça [10]

1 - Uma Máxima Equivocada

O povo judeu pronunciava este ditado devido uma má interpretação do texto mencionado no terceiro dos Dez Mandamentos no Sinai, que dizia:
"... Porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam" (Êx 20.5)
Atualmente nas igrejas cristãs também se propaga este mesmo ensino numa nova roupagem denominada "Doutrina da Maldição Hereditária".

Todavia, Ezequiel na ocasião, profetiza desmascarando essa Máxima (ditado popular) do meio do povo de Israel, vejamos:
"A Alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele" (Ez 18.20)
No Salmo 51, Davi confessa o seu pecado, ele não acusa seus antepassados, de modo a amenizar sua maldade ou justificar seu pecado, mas ele no seu pensamento retorna seu estado antes de nascer para enfatizar que era pecador antes de nascer: "Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe." (Sl 51.5)
Não há como contestar que o povo judeu estava fazendo uma  interpretação equivocada do texto do terceiro mandamento ao mencionar o tal ditado popular, o próprio Moisés mais adiante escreveu:
"Os pais não morrerão pelos filhos, nem os filhos pelos pais; cada um morrerá pelo seu pecado" (Dt 24.16).

2 - Jeremias e Ezequiel trataram do Assunto
Ezequiel trata esse assunto com todo rigor, instruindo o povo a não mais pronunciar o tal ditado, vejamos o que ele escreveu :
"Que pensais, vós, os que usais esta parábola (Máxima, ditado popular) sobre a terra de Israel, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram? Vivo eu, diz o Senhor Deus, que nunca mais direi esta parábola em Israel." (Ez 18.2,3)
John B. Taylor: Ezequiel ensina que os sofrimentos do exílio remontavam à persistente rebelião, idolatria e infidelidade à aliança da parte de gerações prévias dos israelitas. O Exílio era, em efeito, meramente a devida consequência destes atos acumulados de desobediência. Ezequiel responde a asseveração, sem, porém, argumentar sobre a questão, de que as pessoas, aos olhos de Deus, são indivíduos, e Ele as trata como tais [...] toda pessoa será responsável diante de Deus por sua própria conduta. Não há motivos para culpar os antepassados pecaminosos pelos sofrimentos presentes, os exilados eram mais culpados do que seus pais, porque tinha pecado mais e suas idolatrias eram maiores (conforme capítulo 8). [10]
 
3 - O Problema em nosso Tempo
Atualmente nas igrejas cristãs também se propaga este mesmo ensino numa nova roupagem denominada "Doutrina da Maldição Hereditária" apoiando-se no texto Bíblico: "a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem" (Êx 20.5; Dt 5.9)
De acordo com essa doutrina se uma pessoa se torna alcoólatra, se é viciada em pornografia, se vive na prática do adultério, seus casamentos acabam em divórcio, tem tendências ao suicídio, é imoral e outros pecados, é porque no passado, algum antepassado, pai, tios, avós, bisavós ... também praticavam tal pecado. Precisamos combater essa doutrina dentro das nossas igrejas.
Desse modo, para os cristãos adeptos da doutrina da maldição hereditária, a pessoa afetada pela maldição hereditária deve tentar descobrir qual dos seus antepassados passaram pelo mesmo problema, tendo conhecimento de quem foi, a pessoa pede perdão pelo ancestral que pecou no passado e então ficará livre, ou seja, toda maldição será desfeita.
O apóstolo Paulo joga por terra essa doutrina, ela não se aplica aos cristãos, vejamos: 
"Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Porque, se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida." (Rm 5.8-10)
"as coisas velhas já passaram, e eis que tudo se fez novo." (2Co 5.17).

II - Sobre a Salvação para todos os Seres Humanos
 
1 - Há Esperança para o Pecador

Vamos ler mais alguns versículos da "Leitura Bíblica em Classe" :
21 - Mas, se o ímpio se converter de todos os seus pecados que cometeu, e guardar todos os meus estatutos, e fizer juízo e justiça, certamente viverá; não morrerá.
22 - De todas as suas transgressões que cometeu não haverá lembrança contra ele; pela sua justiça que praticou, viverá.
23 - Desejaria eu, de qualquer maneira, a morte do ímpio? Diz o Senhor JEOVÁ; não desejo, antes, que se converta dos seus caminhos e viva?
Neste texto percebemos como nosso Deus é longânimo (bondoso e generoso) ao tratar com os seres humanos sobre a questão do Pecado. Deus sempre chamou o pecador para o arrependimento, seu chamamento é muito claro: "Arrependam-se ou pereçam". 
Ezequiel diz que cada judeu não precisa viver na sombra do pecados dos seus ancestrais, porque cada um pode se arrepender e viver, a vontade de Deus é que todos venham ao arrependimento e obtenham a salvação:
"O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se" (2Pedro 3.9)

Existe um ditado popular (não é um versículo bíblico) que diz:
"Deus odeia o pecado, mas ama o pecador", essa frase na vida prática é verdadeira ou falsa ? Que tipo de Amor é esse que Deus tem pelo pecador? Já pensou nisso antes?
Foi pensando nisso que cheguei ao texto do teólogo presbiteriano John Gerstner, onde ele faz uma pergunta interessante:
Se Deus ama o pecador, enquanto ele está vivo, é estranho que Deus o envie para o inferno, assim quando ele morre. Deus ama o pecador até a morte? E não o amaria no tormento eterno?
John Gerstner: O que leva quase todos a crerem que Deus ama o pecador é por Ele fazer tão bem ao pecador. Ele concede tantos favores incluindo deixar que continue vivendo. Como Deus pode permitir que o pecador viva e lhe dê tantas bênçãos, a não ser que Ele o ame? Há um tipo de amor entre Deus e os pecadores. Nós o chamamos de "Amor de benevolência". Isso significa que é um amor de boa vontade[...] Deus pode fazer bem para o pecador sem amá-lo com o outro tipo de amor, o "Amor complacente", que é o amor por afeição, por admiração; aquele amor que existe na perfeição entre o Pai e o Filho, "em quem me comprazo" (Mt 3.17; Mc 1.11); O pecador está morto em seus delitos e pecados (Ef 2.1), os pensamentos e desígnios do coração do pecador são continuamente maus (Gn 6.5), o pecador é escravo do pecado (Jo 8.34) e servo do diabo (Ef 2.2). Neste mundo o pecador em nada tem satisfação, senão no amor benevolente de Deus [...] Deus não tem em nada amor complacente para com o pecador. Ele tem ódio perfeito dele, de fato, Ele diz: "odeio-os com ódio consumado" (Sl 139.22). [11]    Leia Mais 

Portanto, Deus ama de fato o pecador, com amor benevolente, de boa vontade, chamando-o para o arrependimento, se esse pecador não der crédito em vida a essa questão, não escapará do inferno ou da morte eterna sem Deus, Deus fala de modo bem claro: "Arrependam-se ou Pereçam".

2 - Refutando um Pensamento Fatalista

Os exilados na Babilônia, acreditavam que estavam naquela situação devido os pecados de seus pais, todavia, continuavam praticando os mesmos pecados de seus pais até com mais gravidade. Olha a falta de percepção ou discernimento espiritual. 
Desde Eva e Adão, os primeiros pecadores, existe essa intenção da pessoa pecadora querer transferir ou justificar seus atos pecaminosos apontando para outras pessoas. Adão disse ter pecado por causa de Eva, Eva disse ter pecado por causa da serpente.  Outra coisa que ocorre muito é sobre as consequências do pecado, é comum as pessoas afirmarem que estão vivendo uma determinada situação por culpa das falhas de outras pessoas.  Ezequiel veio desmascarar esse entendimento:
"A Alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele" (Ez 18.20).
Em Resumo, acerca do pecado, o profeta Ezequiel está afirmando que a RESPONSABILIDADE É INDIVIDUAL, cada um dará conta por si mesmo, não há como transferir responsabilidade para outros.

3 - Duas Situações

Vamos ler mais alguns versículos de Ezequiel 18
2 - Que tendes vós, vós que dizei esta parábola acerca da terra de Israel, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram? 
22 - De todas as suas transgressões que cometeu não haverá lembrança contra ele; pela sua justiça que praticou, viverá.
24 - Mas, desviando-se o justo da sua justiça, e cometendo a iniquidade, e fazendo conforme todas as abominações que faz o ímpio, porventura viverá? De todas as suas justiças que tiver feito não se fará memória; na sua transgressão com que transgrediu, e no seu pecado com que pecou, neles morrerá.

Esequias Soares [8]

Esequias Soares [8]

Esequias Soares [8]

III - Sobre a reação de Israel

1 - Uma Pergunta Retórica

Esequias Soares [8]

Pergunta retórica é uma interrogação que não tem como objetivo obter uma resposta. mas sim estimular a reflexão do indivíduo sobre determinado assunto. A pessoa que faz um pergunta retórica já sabe a resposta do questionamento feito, visando ajudar o destinatário da interrogação a refletir ou a entender determinado tema, assunto ou situação. [9]

2 - Sobre a Justiça
John B. Taylor: A acusação de injustiça que é feita contra o Senhor (Ez 18.25,29) é devolvida contra os acusadores. São eles cujos caminhos não são justos (são tortuosos). A lei de responsabilidade individual que Ezequiel está expondo é supremamente justo, porque cada homem tem sua própria escolha pessoal e a oportunidade para viver. Deus julgará cada um segundo os seus caminhos (Ez 18.30) [10].

3 - O Arrependimento
John B. Taylor: Deus não tem prazer na morte de ninguém, Ezequiel apela ao povo, em nome de Deus, no sentido de arrepender e de se voltar a Ele. Como um povo, talvez sejam rebeldes e idólatras, mas como indivíduos, pode-se apelar a eles e, através do seu arrependimento, podem ser salvos [...] O esforço e a atividade são necessários, no entanto, a nível humano, a fim de levar a efeito o arrependimento e possibilitar a realização da reforma espiritual. O fatalismo resulta na inatividade e é mortífero para a alma. Viver segundo o provérbio (ditado popular) é capitular e morrer. [10]

Comentário 
Pr. Éder Tomé

Referências

[1] Bíblia Sagrada (ARC) – Sociedade Bíblica do Brasil - 4° edição - 2009
[2] Bíblia Sagrada King Jones – Atualizada – Fiel aos Originais
[3] Bíblia Sagrada (NTLH) - Linguagem de Hoje
[4] Revista Betel Dominical Adultos - 1T - 2022
[5] versículoscomentados.com.br
[6] Bibliaplus.org - Comentários bíblicos 
[7] apologeta.com.br/ezequiel-8/
[8] Revista Lições Bíblicas - Adultos - CPAD - 4T - 2022
[9] significados.com.br
[10] John B. Taylor - Ezequiel - Editora Mundo Cristão - Pág.13
[11] John Gerstner - Traduzido por Ewerton B. Tokashiki
       
        

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Indico o Livro Ezequiel de Roger Liebi da Editora Chamada, um livro excepcional, que comenta detalhadamente o Livro de Ezequiel. Roger Liebi é um especialista em línguas originais bíblicas e arqueologia de Israel. E indico também o Livro Ezequiel comentado por John B. Taylor.